Entrar no mundo do trabalho envolve preparação do adolescente e também da instituição ou empresa que o acolhe. Para orientar e esclarecer dúvidas sobre programas de inclusão profissional, a Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social promove nesta terça e quarta-feira (05 e 06) o Seminário Estadual de Aprendizagem.
Cerca de 300 profissionais e adolescentes assistem a palestras e integram mesas-redondas no auditório da Associação Médica do Paraná, em Curitiba. Participam técnicos e gestores da assistência social, de entidades sociais que oferecem cursos de aprendizagem, e de empresas, além de jovens com menos de 18 anos.
“A aprendizagem profissional é uma alternativa para tirar os adolescentes da situação de vulnerabilidade. Quanto mais ofertarmos condições de melhoria na cultura, na vida e no ensino desses jovens melhor será o futuro de todos”, afirma a secretária da Família, Fernanda Richa.
TRANSFORMAÇÃO – Segundo o coordenador da Política da Criança e do Adolescente da Secretaria da Família, Alann Bento, o Governo do Estado se preocupa em garantir a profissionalização. “A aprendizagem é um direito dos adolescentes a partir dos 14 anos. Por esse meio, eles têm de atuar regularmente dentro de empresas, sem que, para isso, parem de estudar”, explica Bento.
Alann explica que é possível perceber a transformação do adolescente aprendiz em apenas seis meses. “Ele muda a postura, tem novas perspectivas, novos sonhos e desejos. Isso influencia a família, que passa a acompanhá-lo mais e a se envolver na cultura de estudo e profissionalização”.
A coordenadora do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Cianorte, Aline Vignoto, conta que os adolescentes que cumprem medida socioeducativa e participam de programas de aprendizagem passam a ter outra perspectiva de vida. “Quando estão inseridos em alguma atividade e na sociedade ficam motivados a continuar nesse caminho”.
ENTIDADE SOCIAL – A entidade ABC Vida, de Curitiba, atua há 24 anos no ramo da aprendizagem e atende jovens em situação de vulnerabilidade, com e sem deficiência. São cerca de 11 cursos e 87 empresas parceiras.
A representante da entidade, Gilberto Muniz, explica que um dos pontos fortes da ação é prevenir a evasão escolar. “O adolescente pode ter formação profissional junto com os estudos regulares. Isso desperta a noção de responsabilidade e a visão de cidadão que têm direitos e deveres”.
A aprendiz Kathleen Charello, de 19 anos, começou a fazer os cursos em outubro, na ABC, e já está encaminhada para trabalhar em uma empresa de comércio. “É uma segunda escola que nos ajuda a entender melhor esse mundo do trabalho, que ainda é novo para nós. Abracei essa oportunidade e tem sido muito bom para mim”.
LEGISLAÇÃO – A Lei de Aprendizagem (10.097/2000) determina que empresas de médio e grande porte contratem adolescentes e jovens de 14 a 24 anos para seu quadro de funcionários por até dois anos. Os aprendizes devem participar de curso, durante o período em que estiverem contratados pelas empresas, para combinar conhecimento teórico e prático.
Caso o adolescente não tenha completado o ensino médio, ele deve continuar a frequentando a escola e sua carga horária máxima é de seis horas diárias. Para os jovens que já terminaram o ensino formal a jornada de trabalho pode ser de até oito horas.