Paranaenses ganham concurso com
projeto de rede de pesca biodegradável

Pesquisa será aprimorada para que o material tenha baixo custo de produção e seja desenvolvido pelos pescadores
Publicação
21/11/2016 - 17:50
Editoria

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Os estudantes Rayane Silva Bueno, 17 anos, e Diego Modesto Cordeiro, 17 anos, do 3° ano do ensino médio do Colégio Estadual Maria de Lourdes Morozowski, em Paranaguá (no Litoral), ficaram em primeiro lugar na 5º edição da Feira de Inovação das Ciências e Engenharias (Ficiências), na categoria melhor trabalho.
A feira, que foi realizada em outubro, em Foz do Iguaçu, reuniu cerca de 400 trabalhos de alunos do Brasil, Paraguai e Argentina.
O projeto desenvolvido por Rayane e Diego consiste em uma rede de pesca biodegradável que será confeccionada a partir de resíduos orgânicos como bagaço de cana de açúcar, bambu, amido de milho ou soja, um sistema de escape para peixes pequenos que não são rentáveis para os pescadores, e um aplicativo eletrônico que avisa os profissionais caso ocorra a captura acidental de animais como tartarugas, arraias ou golfinhos.
A pesquisa ainda está sendo testada e aprimorada pelos estudantes. “A nossa ideia é desenvolver um material que traga um retorno para nossa comunidade. Com a pesquisa vamos contribuir para preservação do meio ambiente, dos animais e dos próprios pescadores”, disse Diego.
O objetivo dos alunos é que a rede de pesca biodegradável seja produzida com materiais de baixo custo para que seja rentável aos pescadores. Após a conclusão das pesquisas, os alunos vão ensinar pescadores a produzir a rede. “Eu fico sem palavras ao ver o impacto positivo que a pesquisa vai ter em nossa comunidade porque é algo foi que foge do nosso cotidiano. Não é comum alunos no ensino médio pensando na preservação do meio ambiente, geralmente isso acontece na faculdade, então para nós é algo muito gratificante”, disse Rayane.
Foram três meses intensos de pesquisas em universidades, feiras de profissões e científicas, com os professores e pescadores da região. “Através dessas pesquisas de campo aprendemos com profissionais de diferentes áreas e fomos aprimorando a pesquisa e a confecção da rede”, contou Rayane.
RETORNO PARA A SOCIEDADE - Segundo a professora de Biologia, Fernanda Freitas, que orientou a pesquisa, o trabalho representa um retorno social dos estudantes e da escola para a comunidade litorânea. “A pesquisa está ligada diretamente ao trabalho das comunidades ribeirinhas que vivem da pesca e a preservação do meio ambiente porque o material que estamos desenvolvendo leva de cinco a sete anos para se decompor, já as redes convencionais podem demorar até 70 anos, sem falar que os pescadores poderão produzir sua própria rede”, explicou.
INCENTIVO – Segundo Rayane, o destaque na Ficiências também serve de incentivo a outros estudantes. “Outros estudantes que não participaram estão vendo os resultados da nossa pesquisa e podem se interessar e participar de outras edições e outras feiras científicas”, disse.
No Colégio Maria de Lourdes Morozowski todos os 1.700 alunos do ensino fundamental e médio podem desenvolver pesquisas voltadas para diferentes áreas do conhecimento. A estudante de Administração Pública, Gabriela Plahtyn, concluiu o ensino médio em 2014 no colégio, e ingressou no ensino superior.
Segundo ela, o incentivo à pesquisa que recebeu na escola foi fundamental para o ingresso no ensino superior. “Eu passei em seis vestibulares e revolvi continuar a pesquisa que tinha começado na escola, agora no ensino superior”, contou a ex-aluna que ficou em primeiro lugar na feira de ciências da Universidade Federal do Paraná (Câmpus Litoral) em três edições consecutivas.
Gabriela aproveita as horas vagas para dar palestras nas escolas da região e incentivar aos colegas a prática da pesquisa acadêmica. “Antes os professores me apoiaram, agora é a minha vez de apoiar outros alunos com meu projeto”, disse.
FICIÊNCIAS – A 5ª edição da Feira de Inovação das Ciências reuniu cerca de 400 trabalhos produzidos por estudantes da rede particular e ensino superior divididos em sete categorias: ciências exatas, ciências humanas, ciências da saúde, ciências biológicas, ciências agrárias, ciências sociais e engenharia. Além das premiações os estudantes também receberam menções honrosas.
O encontro tem como objetivo incentivar o gosto pela pesquisa científica, promover a interação e a troca de experiências entre estudantes e professores, reuniu trabalhos de estudantes do ensino fundamental, médio, técnico e da Educação de Jovens e Adultos. A Secretaria de Estado da Educação é uma das parceiras do evento, que é realizado pela Itaipu Binacional.

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