A idade até três anos é crucial para o desenvolvimento da criança, pois é nessa etapa que os pequenos recebem estímulos importantes para o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas e sensoriais. Pensando nisso, a Secretaria da Família e Desenvolvimento Social realiza nesta quinta (31.08) e sexta-feira (01.09) a I Jornada de Ações Preventivas sobre Atrasos no Desenvolvimento de Crianças com Deficiência.
Organizado em parceria com a Secretaria da Saúde, o evento acontece no auditório da Celepar, em Curitiba, e conta com cerca de 170 servidores municipais e estaduais que trabalham com desenvolvimento e reabilitação de crianças com atrasos neuropsicomotores em todo o Paraná. A capacitação também é transmitida via webconferência para todo o estado.
Esta é a segunda edição da Jornada. De acordo com a coordenadora da Política da Pessoa com Deficiência, Flávia Cordeiro, capacitar profissionais vai aprimorar os atendimentos, o que possibilita reduzir riscos, comprometimentos e deficiência na primeira infância. “Quando falamos de pessoas com deficiência, falamos de transversalidade e de intersetorialidade. Por isso, é fundamental proporcionar mais conhecimento a todos os profissionais que trabalham com esse público, duplamente vulnerável”, complementa Flávia.
“O curso vem para aprimorar este trabalho tão importante que pode diminuir ou até evitar alguns agravos. São fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, médicos e educadores, que trabalham em unidades de saúde, centros de especialidades e outros diversos pontos habilitados pelo Estado”, explica o superintendente de Atenção à Saúde, Juliano Gevaerd.
A coordenadora da Divisão de Saúde da Pessoa com Deficiência, Raquel Bampi, explica que após a primeira edição, muitos profissionais pediram para que o curso fosse repetido. “Estamos realizando mais uma edição e a ideia é abranger ainda mais pessoas com mais uma capacitação em outro local no Paraná”, disse. O próximo curso deve acontece no primeiro semestre de 2018.
ESTIMULAÇÃO PRECOCE – As atividades desenvolvidas na primeira infância, chamadas de estimulação precoce, ampliam competências da criança, principalmente se ela tiver alguma deficiência. É necessário que sejam aplicadas por equipes interdisciplinares, para que haja atendimento integral e individualizado.
Para o coordenador da Política da Criança e do Adolescente, Alann Bento, a fase inicial do desenvolvimento de uma pessoa determina como ela será em sua vida adulta. “A estimulação precoce se preocupa justamente com isso e busca garantir o desenvolvimento adequado a todas as crianças, independente de sua condição”, explica o coordenador.
CASOS - A estimulação pode ser aplicada a casos de microcefalia, infecções congênitas, má formações, deficiência intelectual, autismo, paralisia cerebral, síndrome de Down, entre outras patologias que podem afetar o desenvolvimento da criança. A ação, que faz parte das políticas da Rede Mãe Paranaense, objetiva garantir mais qualidade de vida e um crescimento saudável a essas crianças.
São sessões com exercícios físicos, práticas motoras e estimulações neurológicas que apresentam melhores resultados se iniciadas já nas primeiras semanas de vida nos bebês. Além das deficiências, as metodologias apresentadas no curso também podem ser aplicadas em situações de doenças mentais. Para facilitar a identificação na área da saúde mental infantil, serão apresentados os indicadores de risco psíquicos.
“Os profissionais conseguem identificar facilmente sinais orgânicos, como os de uma hidrocefalia, por exemplo, mas também é possível identificar precocemente transtornos mentais, como o autismo e a psicose. A identificação precoce desse tipo de patologia também pode evitar um possível atraso no desenvolvimento”, explica a coordenadora do Centro Mãe Paranaense da 17ª Regional de Saúde – Londrina, Maribel de Melo.
SERVIÇO – Os métodos são aplicados em diferentes serviços no Paraná. A recomendação é inicialmente buscar atendimento na unidade de saúde e, se necessário, o paciente será encaminhado ao serviço de referência mais próximo. Em Curitiba e região metropolitana, o serviço também é oferecido no Centro Regional de Atendimento Integrado ao Deficiente (CRAID) na Rua do Rosário, 144, no centro.
“O curso traz um novo olhar para os profissionais que já estão há algum tempo trabalhando no CRAID e também capacita os novos servidores que passaram a integrar nossa equipe este ano. É sempre importante adquirir novos conhecimentos e se atualizar. Essa é uma área que muda muito”, diz o servidor da instituição e que também participa da capacitação, Lean Franco.
O local realiza cerca de 4 mil atendimentos por mês a bebês de risco e portadores de deficiências até 18 anos. São consultas de pediatria, neurologia, oftalmologia, odontologia, fisioterapia, fonoaudiologia, pedagogia, entre outros, sempre visando a melhoria da qualidade de vida, integração psicossocial e a reabilitação.
INTERSETORIALIDADE – Segundo o superintendente de Políticas de Garantias de Direitos da Secretaria da Família, Leandro Meller, cada vez mais, a integração entre as políticas públicas é necessária. “Trabalhar com prioridades, como o atendimento de crianças com deficiência, só é possível se trabalharmos em conjunto”, comenta Meller.
Ele também ressalta a importância do Plano Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, aprovado em agosto para garantir os direitos dessa população. “O Plano é um instrumento de planejamento, por isso é tão importante. Para conseguirmos atender melhor as necessidades dos paranaenses, precisamos estar preparados”, reforça o superintendente.
PRESENÇAS – Participaram da abertura da Jornada, pela Secretaria da Saúde, a chefe do departamento de atenção às condições crônicas, Marcia Steil, e a coordenadora da Divisão de Saúde da Pessoa com Deficiência, Raquel Bampi. Também participou o representante do Centro Regional do Atendimento Integrado à Pessoa com Deficiência, Lean Franco.