Investimentos de grandes empresas
tornam Paraná polo cervejeiro

Desde 2011, o estado atraiu R$ 1,7 bilhão em projetos da Ambev, Heineken e Grupo Petrópolis, com apoio do programa Paraná Competitivo
Publicação
08/08/2016 - 10:40
Editoria

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O Paraná se tornou um dos principais polos de fabricação de cerveja do País, com os investimentos das três maiores empresas do setor no Brasil – Ambev, Heineken e grupo Petrópolis. Desde 2011, o Paraná já atraiu R$ 1,7 bilhão em projetos na área apoiados pelo programa de incentivos Paraná Competitivo, de acordo com levantamento da Agência Paranaense de Desenvolvimento (APD). O valor refere-se ao montante que foi enquadrado no programa, mas os investimentos totais anunciados pelas empresas são maiores.
A Ambev, maior cervejaria do País, investiu R$ 848 milhões na sua fábrica em Ponta Grossa, inaugurada em maio desse ano, que tem capacidade para produzir 380 mil hectolitros por mês em quatro linhas de produção. O projeto gera 430 empregos diretos. O grupo Petrópolis, por sua vez, anunciou que tem planos de construir uma maltaria e uma cervejaria no Estado. Os investimentos podem chegar a R$ 2,2 bilhões.
O mais recente investimento foi o da holandesa Heineken, que, na última quarta-feira (3) inaugurou a ampliação da fábrica. A empresa aumentou em 40% sua capacidade de produção em Ponta Grossa – para 4,6 milhões de hectolitros por ano, em um pacote de investimentos que deve chegar a R$ 414 milhões até 2022. Com isso, mais de um terço da produção do grupo no País sairá do Paraná. Foram gerados 85 novos empregos.
ATRATIVOS – O apoio do programa de incentivos fiscais Paraná Competitivo, a localização estratégica para atender o Sul e o Sudeste do País e a água de qualidade, considerada um item importante para o processamento da cerveja, tem atraído investimentos do setor. O Paraná também é o maior produtor de cevada do País, responsável por 72% da produção brasileira.
“Além da questão da localização, que é importante para o setor estar perto dos centros consumidores, as empresas decidem investir aqui porque também estão mais perto da matéria-prima usada, que é o caso da água, da cevada e do malte”, diz o economista Julio Suzuki Júnior, diretor presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).
O presidente da Heineken Brasil, Didier Debrosse, conta que a forte posição no Sul e a localização estratégica da fábrica de Ponta Grossa contribuíram para a escolha da unidade para receber investimentos da marca. Com a expansão, a fábrica do Paraná já é a 12ª maior fábrica da Heineken no mundo.
POSIÇÃO - A indústria de bebidas alcóolicas no Paraná movimenta R$ 1,2 bilhão em vendas por ano e emprega 1,5 mil pessoas diretamente, de acordo com dados do IBGE. A cadeia do setor, no entanto, é maior, já que envolve desde a produção de cevada e do malte até a logística de transporte.
EXPANSÃO - Os investimentos têm estimulado a produção de cevada e malte no Estado. O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura, estima que o Paraná deve colher 169,3 mil toneladas de cevada na safra 2015/2016, 32% acima do registrado na safra passada.
A maior parte da cevada produzida no Paraná tem como destino a maltaria da Cooperativa Agrária Agroindustrial, de Guarapuava. Maior do país, a maltaria da Agrária está aumentando a produção, que deve passar de 220 mil toneladas por ano para 350 mil toneladas por ano nos próximos meses.
“A tendência é que, com os novos investimentos, a produção de cevada aumente gradativamente no Estado nos próximos anos”, diz Methodio Groxko, economista do Deral especialista na área de cevada.
IMPORTAÇÕES. O potencial de expansão é grande porque a produção de cevada e de malte hoje é insuficiente para a necessidade das fabricantes de cerveja. O Brasil produz menos de 40% da demanda nacional de cevada. No caso do malte, apenas um terço desse volume é produzido no País. A maior parte das importações vem do Mercosul e da Europa.

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