Novos modelos de negócios são impulsionados com a ajuda das incubadoras das universidades estaduais do Paraná. Quatro das sete universidades possuem incubadora – a de Londrina (UEL), a de Maringá (UEM), a de Ponta Grossa (UEPG) e a do Centro-Oeste (Unicentro). Os espaços fomentam ideias criativas e tecnológicas que resultem em inovações, ao mesmo tempo em que procuram atender demandas sociais, ambientais e de mercado.
Mais de 150 empresas já foram abrigadas e certificadas nestas quatro incubadoras. Só na UEM e na UEL, atualmente estão 37 empresas. “A incubadora proporciona condições de desenvolvimento e modelagem de negócio, para que as empresas tenham sucesso”, explica o presidente da Rede Paranaense de Incubadoras e Aceleradoras de Empreendimentos Inovadores (Reinova), Ricardo Manica.
Nos últimos anos, muitas empresas têm um viés social e sustentável, algumas buscam até mesmo promover mudança de comportamento e de consumo. “Elas visam lucro, mas como com consequência e não como objetivo final”, ressalta Mânica.
Um exemplo é a Agribela, uma startup voltada ao agronegócio. Abrigada na Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL (Intuel), ela trabalha com diversas culturas agrícolas, aliando conhecimento e tecnologia para o controle sustentável de pragas.
Segundo Luiz Guilherme Lira, sócio na Agribela, ser abrigado na incubadora da UEL fez toda a diferença para transformar sua ideia em negócio. “A incubadora participa muito do sucesso da empresa, com apoio, treinamentos e o auxílio de especialistas. Isso nos confere mais credibilidade frente aos clientes”, afirmou.
Uma das soluções da empresa é o Biodrop, sistema de liberação de inimigos naturais, composto por uma cápsula biodegradável, liberada na lavoura de forma mecanizada, ou não. Em agosto deste ano, o produto o ganhou prêmio da Organização das Nações Unidas (ONU), como soluções que reduzem o impacto ambiental no desafio Camp de Ecoinovação Agrotech. O prêmio é a participação, de 12 a 14 de dezembro, de uma feira internacional de sustentabilidade, em Paris, na França.
GENÉTICO - O laboratório Aliança Biotecnologia atua há 11 anos com exames genéticos, tanto em humanos, como animais e vegetais. As atividades da empresa começaram em agosto 2006 na Incubadora e Parque Tecnológico de Maringá, ligada à Universidade Estadual de Maringá. Dois anos depois, fundiu-se ao Grupo São Camilo, ampliando seu mercado.
Hoje o laboratório faz mais de 122 mil exames em animais, atendendo 42 mil clientes no Brasil e no exterior. Entre seus clientes estão os zoológicos de São Paulo, Rio de Janeiro, Parque das Aves e Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu, e o maior parque de aves do mundo, o Loro Parque, em Santa Cruz de Tenerife, na Espanha. Recentemente, a empresa fechou parceria com um laboratório em Alicante, na Espanha.
De acordo com o empresário Valério Américo Balani, tudo começou com um projeto de mestrado na UEM, que, com o apoio da incubadora, foi desenvolvido até se tornar um negócio. “O apoio foi fundamental para entendermos, principalmente, sobre planejamento e estratégia”, afirma Balani.
SLOW FASHION – O município de Nova Esperança, no Noroeste do Paraná, é um dos principais produtores de bicho-da-seda do País. Com o objetivo de fortalecer essa cadeia produtiva, surgiu a empresa Vale da Seda, marca coletiva que desenvolve, com o apoio da Incubadora de Maringá, ações para fortalecer o consumo consciente, em parceria com indústrias da região.
A Vale da Seda faz o rastreamento do produto, desde as propriedades rurais até a fabricação do tecido, para garantir que todo o clico ocorra dentro de conceitos de sustentabilidade. Os produtos rastreados recebem a etiqueta com QR Code, que atesta o chamado comércio justo. “O objetivo é colocar as empresas paranaenses em mercados internacionais, como China e Itália, agregando valor, conceito e contando a história desses produtos”, explica Berdu.
A empresa recebeu destaque nacional durante eventos como o São Paulo Fashion Week e no ID Fashion Paraná 2017. A marca também se destaca por seus trabalhos manuais que evidenciam o resgate cultural do produto artesanal regional.
SUPORTE - A coordenadora da Incubadora Internacional de Empresas de Base Tecnológica da UEL (Intuel), Tatiana Fiuza, destaca a importância do papel das universidades no processo de construção de um negócio inovador. “A gente fortalece a empresa pra que ela tenha mais chances de continuar no mercado. Congregamos pesquisadores, possibilidade de investimentos, infraestrutura e a base de conhecimento técnico e humano, para dar suporte aos novos empresários”, afirma.
Apesar da estreita relação com o meio acadêmico, as incubadoras não se destinam somente aos estudantes universitários. “Qualquer pessoa que queira empreender pode recorrer a uma incubadora”, complementa Tatiana.
COMO INCUBAR – Os interessados devem se inscrever para os processos seletivos que acontecem anualmente. Podem ser apresentadas propostas em todos os setores da economia, relacionadas a processos e produtos tecnológicos. Há preferência por empreendimentos com características inovadoras e com alto potencial de mercado. Mais informações no site www.seti.pr.gov.br.