A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento lançou nova metodologia para avaliação das terras no Paraná, que leva em conta a classificação de uso do solo. Conforme a primeira pesquisa feita pelo Departamento de Economia Rural (Deral), já com o novo modelo, o valor médio das terras no Paraná é de R$ 61,8 mil o hectare, considerando as áreas mais planas e de boa fertilidade.
As áreas mais valorizadas do Estado estão na região de Maringá, onde o hectare foi avaliado em até R$ 75,8 mil. O valor mais baixo para terras de menor aproveitamento econômico nesta mesma região para cada hectare é de R$ 9,5 mil.
Maringá está situada entre as áreas de solos férteis que vão desde Foz do Iguaçu, passando por todo o Oeste até a região Norte do Estado, onde as terras são mais planas e permitem o uso intensivo do solo – por isso, mais disputadas e valorizadas no mercado.
A pesquisa levantou também as terras de uso mais restrito, que têm valores médios de R$ 5,3 mil o hectare, geralmente áreas mais quebradas, de morro. As áreas de menor valor no Estado localizam-se no município de Coronel Domingos Soares, no Sudoeste, onde a média por hectare foi de R$ 1,3 mil.
De acordo com o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, a Secretaria da Agricultura está disponibilizando aos usuários desses preços entre eles as universidades, agentes financeiros, instituições públicas municipais, estaduais, federais, agentes públicos e privados e produtores rurais, entre outros, um produto que visa dar um referencial de preços de Terras Agrícolas no Paraná.
Os estudos duraram cerca de 12 meses e os valores médios foram calculados com rigor estatístico para que tenham validade institucional e técnica, espelhando a realidade atual. “Entretanto, poderão ser alterados nas próximas pesquisas, de acordo com a evolução de vários fatores, como preços de commodities (a principal é a soja), maior ou menor de disponibilidade de áreas para vendas em determinada região, desenvolvimento local, entre outras, considerando ainda que cada propriedade tem suas características e valor específico”, finalizou Simioni.
Segundo o coordenador da Divisão de Estatística Básica do Deral, Carlos Hugo Godinho, o mercado ainda atrela o valor da terra ao preço da soja. Mas esse é indicador vale mais para negociação do que para determinar o valor da terra.
O técnico destaca que a metodologia antiga tinha classificações mais genéricas, em torno de áreas mecanizáveis ou não, e o resultado da pesquisa nem sempre refletia a realidade do mercado.
NOVA METODOLOGIA – Como o Deral introduziu neste ano nova metodologia para avaliação das terras no Paraná, não há base de comparação com anos anteriores, explica Godinho. Segundo ele, de uma forma geral os preços estão semelhantes aos do ano passado porque o preço da soja caiu.
Para Godinho, o produtor não reduz o preço da terra porque o preço da soja caiu no mercado. “Ele acrescenta um número maior de sacas de soja ao valor da terra. E isso acontece principalmente porque o produtor está capitalizado, nesse momento, depois de quatro anos seguidos de boas safras”.
A nova metodologia é mais detalhada que as anteriores e tem como novidade a introdução da classificação de terras no sistema de capacidade de uso publicado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS).
Essa classificação vai desde a classe I, que são as terras cultiváveis, aparentemente sem problemas de conservação de solos, com amplo aproveitamento econômico, até as áreas mais restritas ocupadas com vegetação natural, impróprias para culturas.
Confira a classificação utilizada na nova metodologia:
CLASSES
Grupo A - Classe I
Terras cultiváveis, aparentemente sem problemas especiais de conservação.
Ocupação mais comum no Paraná: grãos, com altas produtividades.
Grupo A- Classe II
Terras cultiváveis com problemas simples de conservação.
Ocupação mais comum no Paraná: grãos, com produtividades ainda acima da média.
Grupo A- Classe III
Terras cultiváveis com problemas complexos de conservação.
Ocupação mais comum no Paraná: grãos, com produtividades médias.
Grupo A- Classe IV
Terras cultiváveis apenas ocasionalmente ou em extensão limitada, com sérios problemas de conservação.
Ocupação mais comum no Paraná: grãos, com produtividades médias e pastagens para a criação de gado de leite.
Grupo B- Classe V
Terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento sem necessidade de prática especial de conservação, cultiváveis apenas em casos muito especiais.
Ocupação mais comum no Paraná: áreas alagáveis não sistematizadas.
Grupo B- Classe VI
Terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento com problemas simples de conservação, cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes protetoras do solo.
Ocupação mais comum: pastagens para bovino de corte, especialmente em áreas planas a suave onduladas, porém frágeis devido à textura arenosa ou à baixa fertilidade.
Grupo B - Classe VII
Terras adaptadas em geral somente para pastagens ou reflorestamento, com problemas complexos de conservação.
Ocupação mais comum no Paraná: pastagens degradadas, pastagens em áreas declivosas e reflorestamentos.
Grupo C - Classe VIII
Terras impróprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, podendo servir apenas como abrigo e proteção da fauna e flora silvestre, como ambiente para recreação ou para fins de armazenamento de água.
Ocupação mais comum no Paraná: vegetação natural.
As informações sobre valor das terras conforme pesquisa feita pelo Deral estão disponíveis no endereço eletrônico:
http://www.agricultura.pr.gov.br/arquivos/File/deral/Metodologia_atual.pdf