A união entre os governos dos estados brasileiros e das províncias argentinas que fazem fronteira é essencial para que os dois países enfrentem desafios comuns e possam retomar o crescimento e a geração de empregos. Essa foi a ênfase do pronunciamento feito pelo governador Beto Richa no 2º Encontro de Governadores Brasil-Argentina, realizado na noite de terça-feira (15), na província de Corrientes, na Argentina.
“Os interesses são comuns, os dois países têm dificuldades econômicas que exigem medidas fortes e corajosas", disse Richa, ressaltando a importância do plano de ação lançado pelos presidentes Michel Temer e Mauricio Macri no início deste ano e que prevê medidas conjuntas para fortalecimento da economia dos dois países.
As medidas envolvem, entre outras ações, questões aduaneiras, fortalecimento do Mercosul e a aproximação de outros mercados internacionais. “A união é essencial para enfrentar e vencer as dificuldades”, afirmou. Richa aproveitou a reunião para convidar os governadores para uma conferência que tratará de negócios internacionais e vai acontecer em setembro, em Foz do Iguaçu, com a participação de províncias paraguaias.
Beto Richa enfatizou que os governos da região Sul do Brasil procuram fazer a sua parte. “O Paraná fez o ajuste fiscal, com vistas a aumentar o percentual de investimentos públicos em áreas essenciais para a população”, disse Richa, ao destacar que Santa Catarina e Rio Grande do Sul também buscam o equilíbrio das contas públicas. Ele lembrou que na última reunião do Codesul (Conselho de Desenvolvimento do Extremo Sul), realizada no último dia 4 de agosto, em Florianópolis, os governadores também destacaram como prioridade o fortalecimento das relações dos estados do Sul e províncias argentinas.
O governador de Corrientes, Horacio Colombi, afirmou que a união dos governadores mostra aos governos federais de Brasil e Argentina que as províncias também fazem parte do Mercosul.
Para o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, a reunião foi positiva. “A recomendação é dar continuidade ao processo de reconstrução do Mercosul. Ficou claro que o processo precisa ser objetivo para obtermos mais integração, mais convivência”, disse ele. “Os interesses têm que ser compartilhados”.
O encontro de Corrientes deu prosseguimento às tratativas iniciadas em Porto Alegre, em 31 de março deste ano. A intenção é consolidar e ampliar as relações binacionais entre estados brasileiros e províncias argentinas.
MEDIDAS – Durante o encontro na Argentina, foi assiunada a Declaração de Corrientes, documento que traz como pontos prioritários da agenda conjunta a interligação estratégica viária, hidrográfica e aérea, a instalação de um Centro de Promoção Comercial e de Investimentos em Porto Alegre e outro em uma cidade Argentina com consulado brasileiro, a unificação das regras dos serviços de migração e de vigilância sanitária nas fronteiras entre os dois países. Outro ponto prioritário é a finalização do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
FERRAMENTA – Para o ministro do Interior da Argentina, Rogério Frigerio, a integração entre os dois países é uma ferramenta eficaz para melhorar a vida dos povos. "Precisamos identificar as dificuldades, apresentar propostas concretas e buscar, juntos, novos mercados", afirmou. O representante da Embaixada do Brasil na Argentina, Luiz Eduardo Fonseca, disse que o encontro serviu para tomada de decisões que favoreçam a integração das duas nações.
DOCUMENTO - Assinaram a Declaração de Corrientes pelo lado argentino o ministro do Interior, Rogério Frigerio, e os governadores de Corrientes, Horacio Colombi; de Chaco, Oscar Domingo Peppo; de Misiones, Hugo Passalacqua; de Tucumán, Juan Luis Manzur; Entre Rios, Gustavo Bordet; e Mendoza, Alfredo Cornejo.
Pelo lado brasileiro, o documento foi assinado pelo representante da Embaixada do Brasil na Argentina, Luiz Eduardo Fonseca, e os governadores do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori; do Paraná, Beto Richa; e representantes dos governos de Goiás e de Santa Catarina.