O diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Júlio C. Felix, participou nesta terça-feira (10) da Audiência Pública na Comissão de Ciência Tecnologia Inovação e Informática, na Câmara dos Deputados, para debater o orçamento e cortes no setor. Felix dirige a Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (Abipti).
Ele destacou que o papel do investimento público é fundamental para o fortalecimento da Ciência e Tecnologia no país. “Todos os dados disponíveis que temos hoje no mundo demonstram de forma cabal que a fonte mais significativa para o financiamento do sistema de ciência é pública”, afirmou.
Felix foi categórico ao afirmar que não há futuro se o sistema de ciência nacional não se conecta com o sistema de inovação, mediante a expansão e incorporação do conhecimento, a agregação de valor aos produtos e serviços e, por conseguinte, o aumento da competitividade das empresas e melhoria da distribuição de renda e da qualidade de vida da população. “Esses resultados só são alcançados quando se tem políticas públicas consistentes cuidadosamente planejadas, com visão de longo prazo e com financiamento expressivo e sistemático em CT&I”, disse.
Para o presidente do Tecpar, o caminho para a solução desta crise é a utilização dos recursos extra-orçamentários provenientes dos Fundos Setoriais e que estão alocados no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Felix destacou também outro importante instrumento do governo para apoio ao setor que é o “Poder de Compra do Estado”. “Nos EUA, o poder de compra é o principal instrumento aplicado com sucesso no fomento das MPEs, com o American Act/33. No Brasil, as compras públicas movimentam cerca de 10% do PIB do país. Dois exemplos de destaque no emprego dessa modalidade foram a aquisições pelo Estado dos primeiros aviões da Embraer e a aquisição pelo Ministério da Saúde de medicamentos para compor o coquetel antiaids”, ressaltou.
CONHECIMENTO SEM CORTES - O debate fez parte de uma grande agenda em defesa do investimento no setor, liderada pelo Movimento “Conhecimento sem Cortes”, que inclui manifestações, reuniões e mobilização nas redes. Ainda na terça-feira foi promovido um Ato Público de entrega de 82 mil assinaturas da petição da Campanha ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
Desde o início da campanha, em junho, foram instalados “Tesourômetros" em várias capitais do país, que atualizam, minuto a minuto, o valor dos cortes em ciência, tecnologia e educação.