Tecnologia usada pela Emater leva tratamento de esgoto a casas rurais

Só na Região Metropolitana de Curitiba cerca de 150 estações de tratamento deste sistema foram instaladas nos últimos 10 anos com apoio da Emater-PR, beneficiando mais de 300 pessoas. O sistema substitui os antigos sumidouros e ajuda a evitar o despejo de dejetos na natureza.

 


 
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09/10/2018 - 10:50
Editoria

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Uma tecnologia usada no Paraná pelo Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR) leva tratamento de esgoto a quem não tem acesso ao serviço. Chamado de Tratamento de Esgoto por Zona de Raízes (ETEZR), o sistema é usado principalmente em residências na área rural. Só na Região Metropolitana de Curitiba cerca de 150 estações de tratamento deste sistema foram instaladas nos últimos 10 anos com apoio da Emater-PR, beneficiando mais de 300 pessoas.

O biólogo da Emater e responsável pelo projeto, Orlando Assis, explica que o sistema, desenvolvido na Alemanha na década de 70, substitui os antigos sumidouros e ajuda a evitar o despejo de dejetos na natureza, prática considerada uma das maiores causas de poluição hídrica no Brasil e no mundo. O sistema depende diretamente dos processos preliminares do tratamento, que ocorrem na fossa séptica e na caixa de gordura. “É basicamente uma caixa enterrada, feita de concreto, geomembrana ou solo cimento, preenchida por camadas de areia, pedra brita e plantas”, diz Assis.

A água chega à caixa por meio de tubulações. Em seu interior, o líquido passa pelas diversas camadas de sedimentos e vegetais, e é filtrado. “Durante o processo, os compostos são quebrados em moléculas que são possíveis de serem armazenadas por protozoários, fungos e bactérias, organismos vivos responsáveis pela remoção de poluentes”, explica.

ÁGUA SAI LIMPA - A auxiliar de serviços gerais Ana Cristina Yglessias de Oliveira, 39, que mora no bairro de Contenda, no município de São José dos Pinhais (RMC), é uma das pessoas beneficiadas. Ana Cristina optou por instalar o sistema em março deste ano. Até então, todo o esgoto gerado na casa dela, construída em uma propriedade com quase dois hectares, era jogado direto no solo. “Agora, além de ter o esgoto tratado, também economizo, pois a água sai limpa e pode ser reutilizada para lavar calçadas e fazer irrigação”, diz ela.

Em São José dos Pinhais, a Emater apoiou a instalação em propriedades no Caminho do Vinho, conhecido percurso de turismo rural e gastronômico da região, e até em um banheiro do Parque Municipal de São José dos Pinhais, que não estava sendo utilizado por causa de problemas de escoamento de esgoto.

“A tecnologia já mostrou que é benéfica, mas para embasar ainda mais essa constatação também estamos fazendo vários testes, em períodos diferentes do ano, para comprovar a sua eficácia”, disse Celso José de Arruda, coordenador de saneamento básico do município.

QUALIDADE – Segundo Orlando Assis, a água poderia até ser usada para lavar alimentos, algo comum e corriqueiro em outros países, mas que não ocorre no Brasil porque ainda há tabus acerca da água que um dia já foi esgoto. Ele ressaltou que a qualidade do líquido é geralmente estimado por dois parâmetros, a Demanda Química de Oxigênio (DQO) e a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). “No caso do sistema por zona de raízes, observou-se, com base nesses dois indicadores, que a eficiência no tratamento chega a 90%, o que é excelente”, afirmou.

CAPACITAÇÃO - Para ensinar aos produtores rurais do Estado como instalar um sistema de efluentes por zona de raízes, o biólogo Orlando, em parceria com a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, promove oficinas sobre o tema na Região Metropolitana de Curitiba. Até o final do ano, mais 10 oficinas serão realizadas. A próxima será feita em Tijucas do Sul, nos dias 2 e 9 de outubro.

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