TV e-Paraná exibe
documentário ‘O Corte
do Alfaiate’ na sexta-feira

Filme do diretor João Castelo Branco será veiculado às 22h00, em homenagem ao dia deste profissional. O público também pode assistir pela internet.
Publicação
03/09/2013 - 11:45
Editoria
A e-Paraná (Canal 9) apresentará nesta sexta-feira (6), às 22 horas, o documentário O Corte do Alfaiate, do diretor João Castelo Branco. A exibição é uma homenagem ao Dia do Alfaiate, comemorado nesta data. O público também poderá assistir pela internet acessando o link www.e-parana.pr.gov.br/modules/programacao/tv_ao_vivo.php
O documentário é resultado de pesquisa publicada em 2009 sob o título 'Alfaiatarias em Curitiba'. Tanto a pesquisa como o filme foram feitos em Curitiba, mas o diretor visitou também espaços dedicados ao ofício em outras cidades. Ele conheceu alfaiates no Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e em Cuzco, no Peru. O filme teve pré-estreia no início de 2011, mas o lançamento oficial aconteceu na 6ª CineOP, em Ouro Preto, em junho do mesmo ano.
Entre paletós e calças que são riscados, cortados e montados, o filme mostra a arte da alfaiataria e suas tensões: moda, tradição, inovações tecnológicas e práticas artesanais.
PESQUISA – De acordo com o diretor, a ideia de fazer um filme sobre os alfaiates surgiu da vontade de dar continuidade à pesquisa que gerou o livro 'Alfaiatarias em Curitiba'. Surgiu então a vontade coletiva dele e das antropólogas Valéria Oliveira Santos e Dayana de Cordova de fazer um trabalho na área de antropologia da técnica sobre moda masculina que tivesse um pé na antropologia visual. “O filme também significava para mim um mergulho definitivo no cinema, o que eu vinha ensaiando há alguns anos”, diz Branco.
Em um levantamento inicial a equipe de produção identificou 60 alfaiatarias em Curitiba, mas depois eles perceberam que há um número muito maior. “Muitas vezes eles trabalham em uma alfaiataria como 'oficiais', que não são considerados exatamente alfaiates na estrutura de trabalho da alfaiataria maior. Alfaiate é o mestre, que risca e corta o terno. Oficial é quem costura. Contudo, os oficiais por vezes têm uma pequena alfaiataria no bairro junto às suas casas. Lá eles são alfaiates para uma clientela menor. Sabemos que são algumas centenas hoje na cidade”, afirma Branco. Vários profissionais e 10 deles tornaram-se personagens do documentário.
A maioria entrou na profissão muito cedo, geralmente na pré-adolescência, como aprendiz. É uma profissão que esteve sempre ligada a uma estrutura de corporação de ofício. Em geral eles têm origem social humilde e seus pais os colocavam como aprendizes numa alfaiataria com o sonho da ascensão social.
Atualmente, os filhos de alfaiates são engenheiros, advogados, médicos, mas dificilmente seguem a profissão dos pais. A pesquisa identificou que os alfaiates têm dificuldades em transmitir a profissão nos dias de hoje - os filhos querem profissões melhor remuneradas e as leis trabalhistas não permitem mais a estrutura de aprendiz nas antigas alfaiatarias.
MERCADO – O dia a dia com os alfaiates mostrou à equipe que eles sofrem com falta de mão de obra, mas não de procura por seus serviços. Se a quantidade de ternos sob medida diminuiu com a entrada de 'roupas prontas' no mercado, houve também uma redução drástica no número de profissionais. O terno sob medida vale hoje muito mais porque se tornou um artigo de luxo, diferente do que acontecia há 30 anos quando eram sob medida.
O filme traz cenas de costura e depoimentos sobre a técnica, a história privada, as motivações e os problemas vividos pelos alfaiates.
“Das quase 40 horas de material bruto de filmagem e das muitas horas de entrevistas, além de um livro e de um artigo publicado, os depoimentos que entraram no filme estão ali por serem muito especiais para mim, para a equipe de pesquisa e, acreditamos, para os alfaiates também”, disse Branco.
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