Solenidade celebra
52 anos da Guarda
Mirim do Paraná

Os alunos são acompanhados no contraturno escolar por uma equipe multidisciplinar. Depois, frequentam cursos e são encaminhados a empresas conveniadas, na função de aprendizes
Publicação
04/09/2015 - 18:10
Editoria

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A Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social realizou nesta sexta-feira (04), em Curitiba, o evento de comemoração de 52 anos do Centro de Integração Comunitária Diva Pereira Gomes, mais conhecido como Guarda Mirim do Paraná. O evento contou com a presença de representantes das secretarias estaduais da Educação e da Saúde, da Polícia Militar, empresas parceiras, amigos e familiares dos aprendizes e também de ex-alunos.
Na abertura, o diretor da Guarda Mirim, Alann Caetano Bento, agradeceu a todos os colaboradores, parceiros e servidores e destacou que o trabalho realizado pela Guarda Mirim vai além dos cursos, pois forma cidadãos valorosos para a vida toda.
“É uma satisfação receber adolescentes que vivem em situação precária, com falta de instrução, déficit escolar e, em pouco tempo, ver a evolução deles, vê-los crescendo, amadurecendo, criando responsabilidades”, afirmou o diretor.
Além das homenagens de aniversário, a programação da solenidade incluiu o juramento de promoção dos Oficiais Mirins, premiação aos vencedores do concurso cultural, apresentação do Coral da Guarda Mirim e o tradicional desfile cívico nas ruas do bairro Ahú.
OFICIAL MIRIM – Após um ano no programa, os alunos podem participar do Curso de Formação de Oficiais Mirins. As aulas de aperfeiçoamento disciplinar são ministradas por policiais militares. Os aprovados no curso são promovidos a oficiais mirins, assumindo a graduação de 2º tenente mirim e passando a integrar o Pelotão de Oficiais Mirins.
“Para nós é um motivo de alegria ver esse número de formandos, abrem-se novos horizontes, novas portas para estes cidadãos. Então, isso deixa a gente muito feliz por colaborarmos e participarmos deste projeto”, disse o major Mário Jorge Alves Lopes, do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária da Polícia Militar do Paraná.
A dona de casa Lídia Demeterco Marinho esteve no evento para comemorar a formatura da filha mais nova, Rafaela Demeterco Marinho, 16 anos, como Oficial Mirim e disse que muita coisa já mudou na vida da filha.
“A Guarda foi uma coisa muito boa, ela conseguiu um trabalho, as notas melhoraram muito no colégio.” Com a experiência de quem tem mais duas filhas, agora adultas, que também foram aprendizes, ela recomenda o programa. “É muito gratificante, porque a gente sabe que é uma coisa para o futuro também. Tem adolescente que entra rebelde que a gente sabe, e muda bastante”, disse Lídia.
Orgulhosa pela promoção recebida, Rafaela tem planos para o futuro – quer ser efetivada e entrar para o Exército. “A Guarda Mirim é um exemplo de vida para todos. Poucos conseguem, mas os que conseguem entrar têm uma boa oportunidade. Eu estou trabalhando na empresa Ambev há um ano, sou menor aprendiz, mas me consideram como uma pessoa maior, porque eu me dedico”, contou.
PROGRAMA – Durante três anos, os alunos são acompanhados, no contraturno escolar por uma equipe multidisciplinar. Cinco integrantes do Comando Militar são responsáveis pelas aulas de legislação e música. Todos também podem participar de atividades complementares de esporte, lazer, eventos educativos, culturais, religiosos e comunitários.
Depois do primeiro ano, os adolescentes considerados aptos são promovidos a guardas mirins e passam a frequentar cursos de aprendizagem industrial e de serviços administrativos. É nesta fase que eles são encaminhados a empresas conveniadas, na função de aprendizes. Atualmente, aproximadamente 104 empresas são parceiras, incluindo aquelas que estão com processo em andamento.
Com diversos adolescentes contratos e efetivados, a empresa Mecanotécnica do Brasil é uma das parceiras do programa. A supervisora de recursos humanos, Ana Carolina Mommerding, esteve no evento, para prestigiar a formatura de dois aprendizes contratados pela empresa. “É uma experiência excelente porque nós já tivemos outros aprendizes na empresa, mas pela primeira vez a gente recebeu adolescentes que realmente têm noção do que representa disciplina”, elogiou. “Então a gente percebe que o preparo que eles recebem aqui é muito aplicável às atividades que a gente realiza na empresa.”
Ana contou ainda que possui uma assistente que já foi da Guarda Mirim e que já tem planos profissionais para o aprendiz que atualmente trabalha na empresa. “Se não fosse bom eu não estaria pensando nessa possibilidade um ano antes de terminar o contrato”, falou.
EXEMPLO – O sonho de entrar para a Guarda Mirim fez parte da vida da adolescente Fernanda Hellen de Paula Lopes, 16 anos, desde pequena. “Eu tenho uma pessoa que me espelho muito na minha família, ele era da Guarda Mirim e o vejo como um grande homem. Então, estou tentando seguir seus passos”, contou a oficial recém- formada.
Ela conta que a principal mudança foi a responsabilidade. “Aprendi que quando a gente quer alguma coisa, a gente tem que ir atrás, foi a principal mudança que teve em mim.”
A mãe de Fernanda, Andinéia Guedes de Paula, disse que o ingresso na Guarda Mirim teve grandes resultados na família. “Tive dois irmãos que passaram por aqui, um hoje é major do Corpo de Bombeiros e a outra está fazendo Psicologia e minha filha se espelhou neles. A gente viu que muda o futuro da criança, dá uma estrutura maior na família, ensina como lidar dentro de casa, responsabilidade. Aquelas mães que puderem por seus filhos não vão se arrepender”, afirmou.
INVESTIMENTOS – O Governo do Estado, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, faz a manutenção da Guarda Mirim com recursos do Tesouro Estadual. Além disso, nesta gestão foram disponibilizados R$ 1,5 milhão em recursos do Fundo Estadual para a Infância e Adolescência (FIA) para modernização da unidade, reestruturação de laboratório de informática, reforma da biblioteca e compra de uniformes.
A Guarda Mirim recebe anualmente cerca de 280 adolescentes que vivem em situação de risco e vulnerabilidade social, selecionados por meio de processo seletivo. Atualmente, 520 adolescentes, do sexo masculino e feminino, fazem parte do programa.
HISTÓRICO – Quando foi fundada, em 1963, a Guarda Mirim tinha o nome de Casa do Menor Trabalhador e abrigava adolescentes em regime de internato e semi-internato. Eles participavam do curso de Formação e Aperfeiçoamento de Vigilantes Mirins e tinham a missão de ajudar no controle do trânsito de Curitiba.
A casa fornecia uniforme, alimentação, pouso aos internos e alimentos a algumas famílias dos semi-internos. Uma curiosidade é que o nome “Guarda Mirim” não foi planejado, mas foi adotado pelo costume da população de chamar os adolescentes que ajudavam o Batalhão de Trânsito de Guardas-Mirins.
Em 1974, a unidade também passou a ser nomeada de Centro de Integração Comunitária Diva Pereira Gomes e foi transferida para um imóvel do Governo do Estado, no bairro Ahú, na Capital. Nesta época, os adolescentes eram encaminhados para o mercado de trabalho, mas sem participar de curso profissionalizante. A partir de 1977, o centro deixou de oferecer a escolarização e, nove anos depois, passou a atender também adolescentes do sexo feminino.
Saiba mais sobre o trabalho do Governo do Estado em: http:///www.facebook.com/governopr  e www.pr.gov.br

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