O Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (Siate) de Curitiba e Região Metropolitana completa 28 anos neste sábado (26). O serviço que abrange uma população de 3,5 milhões de habitantes conta com 20 ambulâncias – são, em média, 65 ocorrências diárias, número que chega a 100 nos fins de semana.
O secretário estadual da Saúde, Antônio Carlos Nardi, destaca que o Siate foi um dos primeiros serviços de atendimento pré-hospitalar no Brasil. Ao lado de São Paulo, Curitiba foi a outra capital brasileira que articulou a implantação e estruturação do Sistema.
“O primeiro atendimento rápido e qualificado após uma situação de trauma é fundamental para salvar uma vida. Um serviço de tamanha importância, e que há 28 anos já salvou tantas vidas, deve ser reconhecido e valorizado pelo Governo do Estado e cada um dos cidadãos que tem o Siate em alerta e sempre pronto para a ação”, declara Nardi.
HISTÓRIA – No final da década de 80, os serviços de urgência e as equipes de ortopedia do Paraná perceberam que muitos pacientes em estado grave ocupavam grande quantidade de leitos hospitalares. Na época, não havia qualquer cuidado especializado no seu resgate até chegarem aos hospitais, dificultando o processo de recuperação. Assim, foi estabelecido um convênio entre o Ministério da Saúde, o Governo do Estado e a Prefeitura de Curitiba para elaboração de um serviço de assistência ágil e eficaz.
“O Siate nasceu com a missão de prestar os primeiros atendimentos para traumas e violências e depois direcionar os pacientes para o hospital”, diz o coordenador e um dos fundadores do Siate, Vinícius Filipak. De acordo com ele, antes, quem precisava ser resgatado e encaminhado para a rede hospitalar após uma queda com múltiplas fraturas, por exemplo, tinha que ser transportado por conta própria e sem qualquer medida de primeiros socorros.
Ele ainda explica que foi necessário trazer uma equipe internacional para ajudar no treinamento dos novos socorristas, pois no país não havia nenhuma estrutura pública especializada neste tipo de assistência.
FORÇA FEMININA – A médica Mônica Fiuza Parolin lembra com muito carinho dos anos iniciais. “Eu fui a primeira mulher a ingressar no Siate, e foi uma confusão. Naquela época não tinha mulher no quartel, então tivemos que adaptar toda estrutura, separar os quartos e o banheiro”.
Ela também foi a responsável por organizar a Coordenação de Desenvolvimento de Recursos Humanos, que oferece cursos e capacitações para os socorristas até hoje. “No início foi bem complicado, tínhamos que ensinar os novatos a fazer um serviço que nós ainda estávamos aprendendo e desenvolvendo, mas, com muita dedicação e trabalho duro conseguimos criar um sistema de referência nacional”, salienta Mônica.
Filipak também reconhece o mérito do serviço. “O Siate foi criado para ser um serviço ambulatorial de emergência e, nesse sentido, foi muito bem estruturado e planejado. Até hoje é um dos programas de alta qualidade e importância que compõem a Rede de Urgência e Emergência do Paraná”.
COTIDIANO – O Siate trabalha integrado com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Juntos, os dois atendem cerca de 500 ocorrências por dia apenas em Curitiba e na Região Metropolitana. Em todo o Estado, são cerca de 1,8 mil pacientes atendidos diariamente.
O coordenador do Siate, Ricardo Accioly, explica que o atendimento prestado é feito em menos de 10 minutos. Quando acontece a ocorrência, imediatamente já é acionada a equipe. Ele orienta que as informações repassadas, como nome, endereço e tipo de ocorrência, devem ser feitas da forma mais clara e objetiva possível, tanto por parte do plantonista quanto de quem está no local e avisa o Siate.
“Temos dois médicos de plantão, um que fica na triagem, organizando o fluxo e colhendo informações, enquanto outro fica a postos na Viatura de Intervenção Rápida. O veículo também carrega vários equipamentos para transformar a ambulância em uma Unidade de Terapia Intensiva, se for necessário”, acrescenta Accioly.
DIFERENÇAS – Mesmo trabalhando em sintonia, o Samu e o Siate são serviços complementares: enquanto o primeiro atende a todo tipo de emergências médicas, inclusive acidentes, o segundo é voltado exclusivamente para atendimento de acidentes e traumas, como acidentes de trânsito e de trabalho, lesões por faca, arma de fogo, agressão ou tentativas de suicídio.
“Sempre falo que para trabalhar aqui tem que estar apaixonado. Ou você gosta, ou não. A adrenalina está sempre presente, o dinamismo, a surpresa. Todo minuto conta na hora de tomar uma decisão. É emocionante e mexe muito com a gente”, afirma Ricardo Accioly.
Para acionar o Siate, disque 193 O Samu atende pelo 192.