Emily tem 9 anos e já sabe seus direitos. “Criança não pode trabalhar, só deve estudar e brincar”, diz, com segurança. Ela e outras 43 crianças participam do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, desenvolvido na unidade de atendimento Asa Branca, ligada ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras), no Atuba, em Curitiba.
Esse é um dos serviços previstos pelo Sistema Único de Assistência Social (Suas), que desde 2011 recebeu R$ 15,9 milhões em repasses do Governo do Estado. De acordo com o CadSuas 2018, que mapeia os equipamentos e serviços disponíveis pelo sistema, no Estado há 654 Centros de Convivência.
As atividades podem ser realizadas em diversas unidades, como Centros de Referência de Assistência Social (Cras), entidades não governamentais e Centros de Convivência. Podem participar crianças, jovens e adultos; pessoas com deficiência; pessoas que sofreram violência, vítimas de trabalho infantil, jovens e crianças fora da escola, jovens que cumprem medidas socioeducativas, idosos, além de outras pessoas inseridas no Cadastro Único.
São ofertadas ações educativas, esportivas e de lazer para que os laços entre os participantes sejam estreitados e, assim, seus vínculos fortalecidos. “O objetivo é resgatar a cidadania, melhorar a qualidade de vida e a promover a integração e a troca de experiências entre os participantes”, diz a coordenadora da Proteção Social Básica da Secretaria da Família, Alzenir Sizanoski.
ATENDIMENTO – É na troca de experiências e na construção de lembranças que os vínculos comunitários e familiares são fortalecidos. No Asa Branca, crianças de 6 a 12 anos participam de atividades culturais, de lazer, de saúde, de cidadania e oficinas de leitura, desenvolvida pela equipe da unidade. Os meninos e meninas se reúnem três vezes por semana, no contraturno escolar.
A unidade existe há cinco anos. A educadora social responsável, Zelda Vicini, enfatiza que os trabalhos envolvem toda a família. “As crianças são encaminhadas pelo Cras e, antes das atividades começarem, fazemos visitas domiciliares para entender a realidade delas. Além disso, fazemos reunião a cada dois meses com os familiares, para passarmos o andamento das atividades”.
O acompanhamento social acontece durante as várias etapas da vida da criança e do adolescente. “Assim, criamos o vínculo com a família, e a criança também vai se adaptando. Eles gostam bastante de participar”, acrescenta Zelda.
Ashley tem 10 anos e adora ir ao encontro dos amigos na unidade. “Minha mãe gosta que eu venha aqui, porque fico sem ninguém em casa para brincar”, conta sorridente. Beatriz, de 9 anos, compartilha as alegrias com os amigos da escola. “A gente conta para outras colegas o que aprendemos aqui”.
ADOLESCÊNCIA – Dos 12 aos 15 anos, os pré-adolescentes são encaminhados para o Cras Atuba, que tem um grupo específico para essa faixa etária. “O foco é o mesmo: o fortalecimento de vínculos”, diz a coordenadora do Cras, Juliana Xisto Basto. “Tentamos trabalhar a cada dois meses, mais ou menos, um tema diferente, como mundo do trabalho e responsabilidades”.
Juliana salienta que os jovens que passaram antes pelo grupo do Asa Branca têm um perfil diferente e são mais maduros em relação aos que não tiveram a mesma experiência. “A noção de futuro deles muda. Você percebe que eles começam a fazer planos para o futuro”.
MOBILIZA – Para esses adolescentes, que participam do grupo no Cras Atuba, Zelda realizou outra ação, desenvolvida na Unidade Asa Branca. É o Mobiliza, que, durante oito encontros, desenvolveu a preparação para o mundo do trabalho, com temas como a entrevista, a documentação e outras dúvidas burocráticas.