Em 2008, a então agente comunitária de saúde, Cassiane Aparecida de Matos, de 36 anos, deixou a comunidade quilombola João Surá, em Adrianópolis (no Vale do Ribeira) para trabalhar em Curitiba como auxiliar de cozinha. Cinco anos depois, ela não estava satisfeita com a vida na Capital e resolveu voltar para sua comunidade de origem. Lá ela se formou em matemática e desde 2016 atua como professora na disciplina na comunidade João Surá.
O desejo de contribuir com a formação dos alunos de acordo com a cultura e história quilombola foi o que incentivou Cassiane a retornar à comunidade onde nasceu. “Ter a oportunidade de fazer uma faculdade, ser professora e atuar em minha comunidade e ainda contribuir na aprendizagem dos familiares e amigos é um grande privilégio. É uma satisfação ver nossos alunos com educação, transporte e acesso as novas tecnologias que são coisas que na minha época não tínhamos”, disse.
A comunidade João Surá fica a cerca de 50 quilômetros da cidade mais próxima. Segundo Cassiane, a distância desmotivava os alunos que, ou deixavam a comunidade para estudar em outra cidade, ou abandonavam os estudos. “Por esse motivo muitos jovens foram embora da comunidade. Hoje, como professora, posso contribuir com a educação dos membros da comunidade como uma metodologia focada na realidade quilombola e na autonomia do aluno. É um grande compromisso com a minha geração e com a geração futura”, contou.
Na comunidade João Surá, Cassiane leciona junto outros 13 colegas para aproximadamente 30 alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio da comunidade. “Ser professora é algo que me completa porque a educação é o instrumento transformador em nossa comunidade. Desde 2009, nossos alunos não precisam sair da comunidade para estudar, os 200 dias letivos são garantidos, temos acesso à internet, a sinal Wi-Fi, o acesso ao ensino superior (à distância e presencia), formação e presença de professores oriundos da comunidade, e mais ainda, a proposta pedagógica do colégio reforça além do currículo escolar o resgate da cultura e conhecimento dos nossos ancestrais”, disse Cassiane.
A rede estadual de ensino possui duas escolas em comunidades remanescentes de quilombos, o Colégio Estadual Diogo Ramos, no município de Adrianópolis, e o Colégio Estadual Quilombola Maria Joana Ferreira, na comunidade Adelaide Maria Trindade Batista, no município de Palmas (no Sudoeste do Estado). Além dessas duas unidades, a rede estadual possui 43 escolas que atendem estudantes oriundos de comunidades quilombolas em diferentes municípios do Estado.
REDE ESTADUAL – A rede estadual de ensino do Paraná conta com aproximadamente 71 mil professores do Quadro Próprio do Magistério (QPM) e temporários, contratados por meio do Processo Seletivo Simplificado (PSS).
“A educação é o instrumento que transforma vidas e o professor tem essa importante missão de moldar a sociedade através da educação”, disse a secretária estadual da Educação, professora Lucia Cortez.
Ao iniciar a carreira no magistério da rede estadual de ensino o professor recebe, para uma jornada de 40 horas, R$ 2.831,54 de salário base, mais R$ 826,02 de auxílio transporte, totalizando R$ 3.657,46.
No final de carreira, a remuneração para o profissional com jornada de 40 horas é de R$ 9.860,70 mais R$ 826,02 para transporte, totalizando R$ 10.682,72 que, com os adicionais, pode chegar a aproximadamente R$ 15 mil.
BENEFÍCIOS – Professoras e professores concursados recebem também acréscimo de 5%, a cada cinco anos de exercício, até completar 25%, por serviço público efetivo, prestado ao Estado do Paraná.
Ao completar 31 anos de exercício, o professor tem direito ao acréscimo aos vencimentos de 5% por ano excedente, até o máximo de 25%, totalizando 50%. Para professoras o adicional por tempo de serviço, conforme a Lei Complementar 103, de 15/03/2004, corresponde a 30% para 26 anos trabalhados até completar 50% aos 30 anos. Confira a
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