Uma pessoa que oferece ajuda no caixa eletrônico; a outra que pede auxílio para resgatar suposto prêmio; outra telefona pedindo resgate para um parente sequestrado. Todas essas situações de conflito são golpes potenciais, aplicados principalmente contra pessoas idosas.
A Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social promove nesta terça-feira (24) uma webconferência sobre o assunto. As inscrições podem ser feitas até segunda-feira (23), no link: http://www.cursos.escoladegestao.pr.gov.br/pdcweb/manterEvento.do?action=exibirEvento&codEvento=yfnnfnmfntfnn.
Desde 2016, a legislação prevê punições mais severas para quem aplicar golpes em idosos. A pena, agora, vai de dois a dez anos de prisão quando a prática do estelionato for direcionada a pessoas com mais de 60 anos.
A coordenadora da Política da Pessoa Idosa, da Secretaria da Família, Fabiana Longhi Franz, diz que a confiança no outro faz com que o idoso fique vulnerável a golpes. “Por causa da fragilidade e da boa-fé, as pessoas idosas acabam se tornando um dos principais alvos dos criminosos”.
SIMPLICIDADE – Faz parte da estratégia dos golpistas exagerar na simplicidade ou na simpatia, na tentativa de oferecer ou pedir ajuda. Foi em uma dessas armadilhas que o aposentado Urandy Ribeiro do Val, de 83 anos, quase caiu. Ele, que costuma viajar para São Paulo a negócios, foi abordado na rua por um jovem que disse ser filho de um colega de Urandy. Na hora, ele se sentiu feliz com o reconhecimento. O desconhecido, então, convidou o aposentado a acompanhá-lo, pois segundo contou estava indo buscar remédio para a mãe.
Urandy não sabe explicar o porquê, mas acabou seguindo o desconhecido, que o levou para uma sala. Lá, o aposentado se deu conta que um corredor, em anexo, levava a um estacionamento. Foi aí que Urandy percebeu que corria o risco de ser sequestrado e saiu rapidamente, com a desculpa que estava com pressa. “Quando cheguei à rua, percebi que estava caindo em um golpe”.
Para Urandy, a alegria pelo suposto reconhecimento fez com que ele quase caísse em um golpe. “Isso mexe com o ego: saber que você foi uma pessoa boa para os outros. Talvez tenha sido isso que me levou a acompanhá-lo”, disse. “Os golpes geralmente envolvem familiares e, hoje em dia, eu sou muito mais sensível à minha família do que eu era antes”.
DUPLA SUSPEITA – A aposentada Maria Adelaide Correia, de 67 anos, também escapou por pouco. Ela estava na rua, quando foi abordada por um desconhecido que disse ter ganhado bônus em uma loja e que precisava resgatá-lo, mas não conseguia encontrar o estabelecimento.
A aposentada não soube explicar detalhes sobre a loja. Na mesma hora, apareceu outro homem e os dois começaram a conversar sobre o suposto bônus. Foi aí que a aposentada “teve um clique”. Ela estava prestes a cair em um golpe. Saiu apressada e, quando virou para trás, percebeu que os dois, na verdade, se conheciam.
“Ainda bem que fui esperta o suficiente para ver que aquilo não estava bem-contado. Depois, percebi que, com essa história de prêmio, eles iam levar a conversa para fazer com que eu ficasse com o bilhete”, disse a aposentada.
Buscar informação e estar sempre muito atento são as recomendações de Maria Adelaide. O Disque Idoso Paraná, no telefone 0800 41 0001, oferece orientações sobre os direitos da pessoa idosa. Já o Disque 181 recebe denúncias contra violações desses direitos. A ligação é sigilosa e pode ser feita a qualquer hora do dia.
Fique atento aos principais golpes comumente aplicados contra pessoas idosas:
Saidinha de banco: por causa da dificuldade que muitas pessoas idosas têm com novas tecnologias, esse público precisa de auxílio na hora de usar os caixas eletrônicos. Golpistas se aproximam de vítimas em potencial, identificam-se como funcionários do banco e oferecem ajuda. Nessa hora, eles aproveitam para coletar dados pessoais, como senha e código de segurança do cartão.
Golpe do empréstimo consignado: em posse de dados pessoais de pessoas idosas, estelionatários falsificam documentos pessoais e realizam empréstimos em nome dessas pessoas.
Golpe do falso sequestro: alguém liga para o celular da vítima, que ouve choro e pedidos de ajuda. Um desconhecido se passa por alguém de sua família e afirma que foi sequestrado. Quem atende geralmente fica nervoso e confuso e acaba transmitindo informações sobre a vítima em potencial. O golpista exigirá dinheiro em troca da liberdade do “familiar sequestrado”.
Golpe do processo judicial: uma carta ou telefonema de um escritório de advocacia avisa que o aposentado tem o direito a uma causa ganha na justiça, mas que é necessário pagar os honorários e custas judiciais para que o escritório entre com a ação. Em algumas situações, apresentam dados pessoais furtados de outras fontes para o convencimento da vítima. O depósito vai para contas dos golpistas.
Golpe amoroso pela internet: um sedutor busca suas vítimas, geralmente pela internet, e diz que está à procura de pessoas mais maduras e que morem, de preferência, sozinhas. Aos poucos, vai envolvendo afetivamente a vítima, até despertar a confiança. É neste momento que o estelionatário arma o golpe: ou tenta marcar encontros, ou solicita depósitos.
Golpes de compra no cartão de crédito: por telefone, estelionatários ligam para confirmar a compra de algo, geralmente de alto valor. Na conversa, extrai dados pessoais da vítima.
Cartão retido no caixa eletrônico: estelionatários instalam um equipamento para travar cartão magnético em caixas eletrônicos, para reter dados. Caso esteja em uma agência bancária, chame um funcionário identificado. Caso a situação ocorra fora do expediente, ligue para um telefone do banco e bloqueie o cartão.