Semana de Campo ensina
agricultor a ganhar mais e
conservar o meio ambiente

As tecnologias apresentadas em Ponta Grossa ampliam a capacidade do solo de reter água, criando as condições para os agricultores enfrentarem períodos de estiagem
Publicação
28/02/2012 - 16:53
Editoria

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Tecnologias disponíveis para a produção de grãos, especialmente milho e feijão, com mais produtividade e com menos agressão ao meio ambiente, estão expostas na 13.ª Semana de Campo, no Centro Experimental da Fundação ABC, em Ponta Grossa, Campos Gerais. O evento, aberto nesta terça-feira (28) com a presença do secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, prossegue até sexta-feira (02). O público estimado é de 1,6 mil agricultores.
Sete estações ou unidades didáticas estão organizadas para que o agricultor receba informações sobre plantio direto na palha, práticas de controle de pragas, doenças e plantas invasoras, coleção de cultivares indicadas para plantio na região, boas práticas no controle fitossanitário, cultivo orgânico, segurança do trabalhador rural e cuidados com o meio ambiente.
A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Emater e Iapar, em parceria com entidades e empresas como Embrapa, Fundação Terra, Fundação ABC, Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, Instituto Ambiental do Paraná, Syngenta e Forquímica, promovem atividades programadas pelo Projeto Grãos Centro-Sul de Feijão e Milho.
ESTIAGEM - As tecnologias apresentadas ampliam a capacidade do solo de reter água, criando as condições para os agricultores enfrentarem períodos de estiagem como o que o Paraná vive desde novembro. A seca reduziu a produção estadual em mais de 5 milhões de toneladas de grãos e em mais de R$ 3 bilhões a renda dos agricultores.
“Devemos praticar um modo de produção mais sustentável, mas eficaz, com economia, e buscando tratar adequadamente o solo, repondo fertilidade e matéria orgânica para ampliar a capacidade em reter água”, disse Ortigara. Segundo o secretário, a semana também representa oportunidade para técnicos interagirem mais o com o produtor rural, demonstrando a forma mais adequada de trabalhar a terra com sustentabilidade.
Outro efeito da aplicação de tecnologias é a redução do uso de fertilizantes químicos nas lavouras. A introdução do Manejo Integrado de Pragas, por exemplo, ajuda a reduzir o impacto de agroquímicos na produção. “Temos um conjunto de tecnologias velhas e novas que devem ser empregadas nas lavouras de grãos, especialmente milho e feijão, que permitem a geração de mais renda ao produtor e um processo mais sustentável de produção”, afirmou Ortigara.
Muitas das técnicas, que podem parecer estranhas ao agricultor, são recuperadas da história da produção ou desenvolvidas em pesquisas. Para o secretário é necessário difundir práticas que melhoram o desempenho na agricultura, levando em conta que o solo precisa de mais saúde e os agricultores precisam de mais renda.
PRODUÇÃO – Ortigara afirmou que a produtividade do Paraná aumentou muito nos últimos 15 a 20 anos e conseguiu-se mais que dobrar a retirada de alimento de cada área plantada. Ele salientou que ainda há muitos defeitos e que o solo precisa ser tratado “com mais carinho”. A técnica do plantio direto permite ampliar a palhada, que se transforma rapidamente em matéria orgânica, ampliando a retenção de água pelo solo. Ortigara acrescentou que, quem usa essa técnica, aliada ao terraceamento, não deixa a água escorrer em sua propriedade.
O diretor presidente da Emater, Rubens Niederheitmann explicou que o projeto Grãos para o Centro-Sul foi criado em 1999, com o objetivo de estimular e promover o incremento da produtividade das culturas de milho e feijão, aumentar a renda e melhorar a qualidade de vida das famílias atendidas.
“Não prestamos apenas assistência técnica, mas realizamos também extensão rural. Isso significa, por exemplo, que além de orientar o produtor para o uso das tecnologias de produção, o profissional da Emater se preocupa em preparar o agricultor para a gestão do seu empreendimento”, declarou Niederheitmann.
Desde o início do trabalho, há 12 anos, a produtividade nas propriedades de agricultores atendidos pela Emater avançou. O feijão saltou de 1,2 mil quilos para 2,5 quilos por hectare. E o milho saiu da produtividade de 5,3 mil quilos para 8,8 mil quilos por hectare.
PRODUTOR – O produtor Arlindo Simon, de 37 anos, da comunidade Serrinha, Campo do Tenente, participou da excursão técnica à Semana do Campo, acompanhado de 40 colegas de seu município. Ele trabalha com sua mulher num sítio de 17 hectares. Na safra 2010/2011, plantou 10 hectares com feijão e colheu em média 1.900 quilos do produto por hectare, o que não o agradou.
No ano passado, apostou na soja e plantou apenas 1 hectare de feijão, com orientação do técnico da Emater do município que integra a equipe do Projeto Grãos. A ideia era conhecer a proposta tecnológica que já beneficia outros agricultores da região. “Eu não ia mais plantar, tinha desanimado com os últimos resultados”, disse Arlindo.
Porém, conforme contou, o técnico da Emater lhe sugeriu fazer uma experiência e ele aceitou. Em um hectare, o agricultor conseguiu 3,5 mil quilos de feijão. “Agora, me animei outra vez e, para essa próxima safra de verão, pretendo usar cinco hectares da propriedade para a cultura do feijão, aplicando a mesma tecnologia, que não é mais cara e apenas exige um pouco mais de atenção, de cuidado”.

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