Saúde alerta para acidentes
com águas-vivas no Litoral

Nos primeiros cinco dias da Operação Verão foram registrados 13 casos de queimaduras – tipo de ocorrência que exige cuidados especiais
Publicação
21/12/2011 - 18:23
Editoria

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A Secretaria de Estado da Saúde faz um alerta aos moradores e veranistas que estão indo ao Litoral do Paraná sobre o risco de acidentes com águas-vivas durante os banhos de mar. O Corpo de Bombeiros registrou 13 casos de queimaduras por água-viva nos primeiros cinco dias da Operação Verão. A situação mais preocupante foi registrada em Antonina, onde ocorreram oito dos 13 casos.
“A ocorrência de queimaduras por água viva não é comum em áreas de baía, por isso surgiu o alerta. Vamos averiguar esta situação em conjunto com a vigilância epidemiológica dos municípios”, explica o biólogo Emanuel Marques da Silva, da Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações da Secretaria da Saúde.
A orientação nestes casos é que a vítima evite esfregar as mãos ou as unhas, ou mesmo tecidos e areia no ferimento, para não estourar as cápsulas do veneno do animal. O ideal é passar apenas vinagre (ácido acético), que é capaz de neutralizar o efeito do veneno. Nunca se deve colocar água doce no local atingido, pois isso poderá agravar o problema.
“A pessoa que sofrer uma queimadura por água-viva deve lavar o ferimento com água do mar e procurar imediatamente os guarda-vidas, que estão preparados para fazer o primeiro atendimento, com a aplicação de vinagre, para neutralizar a dor”, orienta a médica Lenora Rodrigo. “Em seguida o paciente deve procurar atendimento médico no serviço de saúde do Litoral.” Segundo ela, algumas pessoas mais sensíveis podem sofrer complicações mais sérias, dependendo do local e do tamanho da área do corpo atingida.

ATENDIMENTO – A Superintendência de Vigilância em Saúde publicou uma Nota Técnica com informações sobre a biologia das águas-vivas e caravelas, o protocolo de atendimento aos acidentados e as normas e fluxos de notificação. O texto será distribuído para todas as secretarias municipais e serviços de saúde do Litoral.
A secretaria também firmou uma parceria com o Corpo de Bombeiros para que os guarda-vidas, que prestam primeiros-socorros aos acidentados com águas-vivas nas praias do Paraná, passem a registrar os dados relativos a esses atendimentos, de forma que as secretarias municipais de saúde possam notificar os acidentes no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan). Os acidentes com animais peçonhentos, incluindo aqueles com águas-vivas, são de notificação compulsória ao Ministério da Saúde.
“Todos os guarda-vidas estão sendo orientados para o atendimento aos casos de queimadura por água-viva. Por isso, o melhor a fazer ao sentir a sensação de urticária provocada pelo contato com a água-viva é procurar um guarda-vida. Se o caso for mais grave, a pessoa será levada a um serviço de atendimento em saúde para receber os cuidados adequados”, explica o tenente-coronel Edemilson de Barros, comandante do Corpo de Bombeiros no Litoral.
Ele sugere que, antes de entrar na água, os banhistas consultem um guarda-vida sobre a ocorrência de águas-vivas na região.
CASOS – O estudante Yuri Martins de Queiroz, de 15 anos, morador de Antonina, foi uma das vítimas de queimadura na região da Ponta da Pita, em Antonina. O caso aconteceu nesta quarta-feira (21). “Eu estava brincando na água com meus amigos quando senti aquela queimação. Dói muito. Nunca tinha acontecido isso comigo”, contou o rapaz, que diz ter sentido náuseas logo após o acidente. Ele foi atendido por um guarda-vidas do posto instalado no local, que colocou vinagre no ferimento para aliviar a dor.
Neuza Pereira, de 54 anos, também moradora da região da Ponta da Pita, ficou assustada. Ela levou os netos Pedro Henrique Pereira (13), Lucas Trauer Pereira (12), Bruno (9), Marcos (11) e João Briam (5) para brincar na prainha e todos foram atingidos por pequenas queimaduras. “Nunca tinha visto uma coisa assim. Está perigoso. Agora vou levar as crianças para casa e passar vinagre”, disse ela.

O ANIMAL – As águas-vivas são animais de estrutura radial, a maioria com tentáculos, podendo apresentar-se em formas fixas (hidras ou pólipos) ou móveis (medusas). Podem aparecer em grande quantidade nas praias de mar aberto ou mesmo no interior das baías.
São representadas por várias espécies ao longo do Litoral do Brasil. Poucas, no entanto, estão implicadas em acidentes com humanos. Podem nadar livremente, embora dependam em grande parte das correntes, ventos e marés para se locomover.
Ao observar a ocorrência de águas-vivas na praia, deve-se evitar entrar no mar ou mesmo tocá-las quando aparentemente mortas na areia.
O contato com a água-viva causa dor imediata, de forte intensidade, com sensação de ardência. Pessoas mais sensíveis ou alérgicas podem ter reações mais intensas, como náuseas, vômitos ou dificuldade para respirar.
O acidentado deve sair da água e buscar atendimento médico, para o tratamento da dor e das complicações.

PREVENÇÃO – A Secretaria da Saúde implementou um conjunto de atividades no Programa de Vigilância de Acidentes com Animais Peçonhentos para qualificar as ações de vigilância e prevenção. O programa atende a todas as regiões do Estado, capacitando técnicos de regionais de saúde e municípios para a identificação, metodologias para manejo e controle de animais peçonhentos, bem como para o diagnóstico e manejo clínico desses acidentes.
Desde o primeiro trimestre de 2011 os técnicos do Programa de Vigilância de Acidentes com Animais Peçonhentos vêm desenvolvendo atividades específicas para os municípios do Litoral, pertencentes a uma regional onde, além de acidentes com serpentes, aranhas, lagartas e outros animais, são observadas ocorrências peculiares ao Litoral, como os acidentes com águas-vivas nos meses quentes e os acidentes com peixes e arraias ao longo de todo o ano.
O objetivo é alertar esses profissionais para a ocorrência, o tratamento adequado, a notificação e a prevenção desses acidentes, incluindo as águas-vivas.

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