O uso de lodo de esgoto como adubo foi uma das experiências bem-sucedidas da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) apresentadas nesta terça-feira (20), em Brasília. A empresa participou do simpósio internacional “O papel da ciência, tecnologia e inovação em desafios da água global”. Organizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, junto do 8º Fórum Mundial da Água, o evento reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros.
O gerente da área de resíduos sólidos da empresa, Charles Carneiro, falou sobre os cases no evento. O programa da Sanepar que destina lodo de esgoto tratado para ser utilizado como adubo nas produções agrícolas foi recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como boa prática a ser replicada. As pesquisas começaram na década de 90, porém ganhou corpo nos últimos anos com o fortalecimento das pesquisas de melhoramento do processo de higienização e investimentos em infraestrutura.
O lodo de esgoto é um dos subprodutos gerados no tratamento do esgoto doméstico. Quando o lodo passa pelo processo de Estabilização Alcalina Prolongada (EAP), que tem como princípio básico a adição de cal, ele se transforma em um resíduo rico em nutrientes e de alto desempenho para correção do PH do solo, prática comum para aumentar a produtividade agrícola. Hoje, metade do lodo produzido no Paraná é utilizado como adubo distribuído gratuitamente para os agricultores.
Outras experiências positivas apresentadas pelo engenheiro referem-se ao esgotamento sanitário e à geração de energia. Charles também apresentou uma análise sobre a situação do saneamento no país. “O Brasil, como um país com dimensões continentais, possui grandes disparidades nas suas diferentes regiões em relação ao saneamento. Atualmente, apenas quatro estados tratam 100% do esgoto que coletam. O Paraná é um deles, nas cidades onde atua a Sanepar”, disse.
Para ele, são muitos os desafios do setor, incluindo a falta de recursos financeiros, tecnológicos, estruturais, de pessoal, assim como dificuldades de gestão, planejamento, comunicação e aplicação de inovações tecnológicas.
Empregado de carreira da Sanepar, Charles é pós-doutor em Engenharia e Ciência da Água pela Unesco-IHE (Holanda), doutor em Geologia e Mestre em Ciência do Solo pela Universidade Federal do Paraná e graduado na mesma instituição como engenheiro agrônomo.
O Simpósio é uma promoção conjunto do MCTIC, da Iniciativa de Diálogos Setoriais (União Europeia-Brasil) e da Comissão Europeia (CE).