A presença do público nos museus pertencentes ao Governo do Estado aumentou 70% nos últimos sete anos, saltando de 281 mil visitantes em 2011 para 482 mil em 2017. O número de visitantes do ano passado foi registrado nas 84 exposições realizadas nos museus Oscar Niemeyer, de Arte Contemporânea, do Expedicionário, da Imagem e do Som, no Paranaense, no Alfredo Andersen e no Centro Juvenil de Artes Plásticas.
Os números são da Coordenação do Sistema Estadual de Museus (Cosem), que faz a articulação entre esses espaços pertencentes à Secretaria de Estado da Cultura. “O desempenho mostra que os nossos museus estão executando trabalhos de excelência, isso tem atraído cada vez mais o público. Ótimas exposições, aumento do acervo, espaços bem cuidados e uma equipe treinada para melhor receber o visitante”, afirma o secretário da Cultura, João Luiz Fiani. “Desta forma, nossos museus se consolidam como espaços de arte e cultura que fazem parte da vida das pessoas”, diz Fiani.
De acordo com o coordenador do Cosem e diretor do Museu Paranaense, Renato Carneiro Júnior, o aumento de público é um reflexo dos avanços na melhoria da infraestrutura, em equipamentos, na restauração dos espaços e na capacitação dos funcionários. “A valorização da cultura na agenda pública foi fundamental para que os espaços pudessem se reinventar e se tornarem relevantes, para que realmente fizessem parte da vida das pessoas”, afirma.
DIALOGAR – Há ainda desafios, segundo o coordenador do Cosem. Renato Carneiro explica que os principais objetivos de um museu é cuidar do acervo histórico, trabalhar na pesquisa e, principalmente, comunicar esse acervo à população. Para isso é preciso criar uma atmosfera que possibilite aos visitantes viver uma experiência abrangente.
“É preciso fazer com que o museu não seja um lugar de fetiche do objeto. A pessoa precisa sentir que o patrimônio que está no museu é dela, ela precisa se sentir representada”, diz Renato.
Dessa maneira, os espaços precisam dialogar com a sociedade e se transformar a partir de uma realidade mais ampla. O Museu Paranaense, por exemplo, que é um espaço de registro histórico, tornou-se um local que dialoga com grupos de diferentes etnias e realidades sociais, como índios, imigrantes e trabalhadores sem-terra. Por meio de parcerias com a sociedade civil organizada, comunidades e universidades, foi possível tornar o museu um espaço em constante movimento. “É preciso abrir o espaço para ouvir a população e englobar outras visões, para que o museu possa estar em constante transformação”, afirma o diretor do MP.
Neste mês, por exemplo, o Museu Paranaense recebe o povo indígena Fulni-ô, do interior de Pernambuco, para divulgar sua cultura. O espaço prepara, também, uma exposição sobre a trajetória dos negros do Paraná, pela visão deles. O resultado desse trabalho democrático tem se refletido no número de visitantes que passou de 23 mil em 2011 para 60 mil em 2017.
EDUCAÇÃO PELA ARTE– O Museu Alfredo Andersen, fundado na década de 60, está instalado na rua Mateus Leme, na mesma edificação onde o artista e educador viveu e trabalhou. O espaço permanece como uma unidade museológica para preservação da sua obra, exposições de novos artistas, além de ateliê para cursos e oficinas. “Muitos alunos trilharam carreira a partir das aulas com Andersen”, afirma a diretora do museu, Débora Maria Russo.
O Centro Juvenil de Artes Plásticas é gerenciado pela mesma equipe do Museu Alfredo Andersen e, também, atua para fortalecer a formação e educação pela arte. O centro oferece cursos, como desenho, modelagem e teatro, para crianças e jovens de 6 a 17 anos. Cerca de 300 crianças participam dos cursos por semestre.
“Nos nossos espaços as pessoas não são apenas expectadoras, elas têm a possibilidade de atuar como produtoras de arte e exercitar a criatividade. A arte é essencial para formar um cidadão mais crítico, sensível e capaz de refletir com mais profundidade toda a questão social”, destaca Débora.
REFERÊNCIA E RECORDE - Em 15 anos de existência, o Museu Oscar Niemeyer (MON) se tornou um dos principais pontos culturais e turísticos da capital paranaense. Além de arte de qualidade, os visitantes desfrutam de um espaço de convívio democrático de lazer que faz parte da vida da população curitibana. “Curitiba tem muitos parques e bosques, e o MON é um desses espaços de convívio. Mas não só isso, é um local que gera conteúdo para que as pessoas tenham um interesse cada vez mair na arte e na cultura”, afirma a diretora do museu Juliana Vosnika.
Ela explica que o museu atrai diversos públicos e democratiza a arte por meio de ações como a entrada gratuita, acessibilidade para pessoas com deficiência, eventos e oficinas. “Para manter um trabalho de qualidade o desafio é buscar a articulação entre o poder público, a sociedade civil e a iniciativa privada, além de acompanhar as novas linguagens e promover a inclusão social”,diz Juliana.
O resultado desse trabalho tem se refletido no número recorde de visitantes. Só em 2017, cerca de 362 mil pessoas visitaram as 22 exposições em cartaz. Recentemente o museu recebeu a doação de cerca de 3 mil obras de arte asiática, que elevou o MON ao patamar dos grandes museus internacionais.
ACESSO - Para ter acesso aos horários de funcionamento e demais informações sobre os museus paranaenses, basta acessar o site http://www.cultura.pr.gov.br.
RODANDO O PARANÁ – Para descentralizar o acesso à arte e cultura e movimentar as cidades do interior, a Secretaria da Cultura leva aos municípios exposições artísticas itinerantes. Atualmente estão em cartaz, pelo Museu Paranaense, mostras nos municípios de Santo Inácio, Fênix, São José dos Pinhais, São Mateus do Sul, Ponta Grossa e Cambé. Já o museu Alfredo Andersen levou a Foz do Iguaçu, a exposição “Alfredo Andersen, Traços e Cores do Paraná".
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Revisitando o passado
O Museu Paranaense, assim como outros espaços culturais do Estado, recebem diariamente grupos de estudantes de Curitiba. No Paranaense, por exemplo, um dos destaques é o Pavilhão da História do Paraná, que faz a linha do tempo desde a pré-história, 8000 anos antes da época atual, até o início do século XX, com a integração dos imigrantes ao Estado.
A estudante Giovana, 9 anos, está no quinto ano do ensino fundamental, do Colégio Batista Shalon. Na primeira semana de abril ela participou da visita da escola ao Museu Paranaense e se encantou em saber um pouco mais sobre a história dos índios. “Meu sentimento foi de emoção ao entrar nesse museu. O que eu mais gostei foi a parte dos índios, porque eles têm um grande respeito pela natureza, assim como eu”, disse a estudante.
Rafaela, 10 anos, da mesma turma da Giovana, também ficou admirada com a criação e o modo de viver do povo indígena. “Eu já tinha ido ao museu, mas nunca tinha visto coisas tão interessantes. Porque aqui se fala sobre a história do nosso passado, sobre como os índios eram muito fortes e conseguiam as coisas por eles mesmos. Agora a gente ganha mais pronto do que faz”, disse Rafaela.