Estudantes ingressantes do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Londrina (UEL) poderão participar, a partir do próximo ano, do projeto de ensino Ruralidade: motivação vocacional para acadêmicos. O objetivo é apresentar e demonstrar in loco todas as atividades relacionadas à cadeia de produtos de origem animal.
A expansão do mercado de pets no Brasil, associada ao fato de os jovens estarem cada vez mais urbanos, distanciou estudantes da realidade do campo. O projeto pretende apresentar a realidade de propriedades especializadas em produção de carne e leite, frigoríficos, fábricas de produtos lácteos, granjas de aves, suínos, além de fazendas especializadas em caprinos.
VIVÊNCIA - Segundo o coordenador do projeto, professor Wilmar Marçal, do Departamento de Clínicas Veterinárias, é cada vez mais comum jovens do 1º ou 2º ano sem uma vivência da realidade rural, daí a justificativa do projeto. As atividades serão complementares, não obrigatórias e constam de visitas orientadas às propriedades. Ele explica que, além da urbanidade ser um fator que distancia o jovem das atividades do campo, o Hospital Veterinário da UEL também viu reduzida a demanda de tratamento de animais de grande porte, com forte expansão de cães e gatos.
Esta realidade está baseada em dados nacionais. De acordo com levantamento feito pelo IBGE em 2013, o cachorro de estimação está presente em quase metade dos municípios brasileiros. O número equivale a 28,9 milhões de lares. A população de animais de estimação foi estimada pelo instituto em 52,2 milhões, uma média de 1,8 cachorro por domicílio. A população de gatos, por outro lado, foi estimada em 22 milhões. Os números indicam que o Brasil tem mais pets do que crianças.
PRODUTOR RURAL - O professor Wilmar Marçal diz que esta tendência se acentuou na última década, refletindo no atendimento clínico de bovinos no Hospital Veterinário da UEL. "Hoje é muito difícil para o produtor rural, sobretudo o pequeno, levar seu animal para um tratamento especializado, até por questões de logística e custos", reforça Marçal, salientando que a demanda do hospital acaba sendo suprida com projetos de ensino que propõe atendimento a pequenos produtores em suas propriedades.
Ainda de acordo com ele, para o estudante que já está ambientado na lida com grandes animais, o projeto acaba servindo como aprimoramento. "Vamos buscar mostrar sempre novas tecnologias, o manejo correto e as nuances dos animais de produção", afirmou.