Promovido pelo Governo do Paraná e pela Universidade Estadual do Paraná (Unespar), o projeto Couro de Peixe gera trabalho e renda para as comunidades ligadas ao setor da pesca do Litoral parananense. Este ano o programa completa 10 anos de vida e já capacitou mais de 300 pessoas de toda a região.
Desde 2007, o Governo do Estado investiu R$ 475 mil no projeto, oriundos da Secretária de Estado de Ciência e Tecnologia, Fundação Araucária e Fundo Paraná. Entre os capacitados há donas de casa, desempregados, artesãos e parentes de pescadores com baixa escolaridade. “São pessoas simples que, ao aprender a lidar com a pele do peixe, conseguem aumentar suas rendas entre R$ 200 a R$ 2 mil reais”, afirma a coordenadora e idealizadora do projeto, Kátia Kalko Schwarz
A artesã Geni de Souza Araújo viu isso acontecer. “Consegui aumentar meus rendimentos, que eram de um salário mínimo, em 50%”, comemora. Além do acréscimo no salário, o curso também deu a ela uma nova oportunidade. “Virei empresária e montei uma barraquinha para vender os produtos feitos do couro”, relata.
PROGRAMAÇÃO - No curso, com duração de dois dias, os estudantes aprendem todos os processos que envolvem a transformação da pele do peixe em couro e do couro em produtos. São 12 etapas, que vão da retirada e limpeza da pele, remolho, neutralização até a secagem.
Os alunos fazem o curtimento – transformar o couro em produto – nos curtumes comunitários do Litoral, criados pelo Governo do Estado. Há três em toda a região litorânea do Paraná, localizados nos municípios de Pontal do Paraná, Guaratuba e Antonina.
MEIO AMBIENTE - Geni e os outros artesãos compram as peles dos filetadores nos mercados municipais de Paranaguá, Matinhos e em peixarias de Pontal do Paraná. O quilo da pele “suja” – sem limpeza – custa entre R$ 2 e R$ 4. A pele de praticamente todos os peixes encontrados no Litoral, como tilápia, robalo e tainha, por exemplo, podem ser usadas.
Se não fossem compradas, elas seriam descartadas no meio ambiente, causando impactos na natureza. “Nós produzimos de 150 a 200 quilos de couro com a pele por mês, reduzindo o aumento de resíduos nos solos”, conta a professora Kátia.
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Projeto paranaense ganhou o Brasil
O Couro de Peixe também ganhou adeptos em outros estados do Brasil, como Santa Catarina, Goiás e até o Pará. “Eles conheceram o programa aqui no Paraná e levaram para suas cidades”, conta a idealizadora do projeto, Kátia Kalko Schwarz.
A diarista Maria José dos Santos Sousa, de Luziânia, em Goiás, aprendeu a curtir couro em 2012. Desde então, ela tem feito produtos para vender na região. “Faço de sapato até flores de couro de peixe”, conta.
A idea de Maria José, agora, é montar um curtume em casa. “Eu bati em várias portas tentando encontrar investidores para o projeto, mas não consegui até agora”, conta. “Decidi, então, me juntar a outras mulheres e montar sozinha”, relata.
O projeto deve sair do papel ainda neste ano. “Já tem quatro pessoas na fila querendo aprender como curtir a pele do peixe”, diz.