Programa de microbacias
beneficia 21 mil agricultores

Os investimentos alcançam R$ 72,5 milhões e as ações já chegaram a 204 municípios. São 246 projetos que envolvem conservação de solos, proteção de nascentes e áreas de preservação, além de melhorias em sistemas produtivos, saneamento doméstico e abastecimento.
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28/11/2018 - 09:50
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O Programa de Gestão de Solo e Água em Microbacias já beneficia diretamente mais de 21 mil produtores. Retomado pelo Governo do Estado em 2015, a iniciativa já chegou a 204 municípios e envolve ações em 947 mil hectares de terras. Os investimentos alcançam R$ 72,5 milhões.

Os recursos permitiram realizar 246 projetos, que envolvem conservação de solos, proteção de nascentes e Áreas de Preservação Permanente (APP), abastecedores comunitários de pulverizadores, equipamentos para manejo de dejetos animais, saneamento doméstico e abastecimento de água.

Em 2018, 90 convênios foram assinados, totalizando repasses de quase R$ 17 milhões. “Esta é uma iniciativa fundamental para preservar duas das grandes riquezas do Paraná: a terra e a água. Com estes recursos preservados, o nosso Estado seguirá sendo modelo de produção agropecuária e de conservação ambiental”, ressalta a governadora Cida Borghetti, destacando a boa parceria entre o Estado, municípios e os produtores para garantir o avanço desta iniciativa.

Executado pelo Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável (Deagro), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, o programa conta com a parceria do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e do Instituto das Águas do Paraná (AGUASPARANÁ). O trabalho conjunto garantiu a instalação de 171 sistemas coletivos de abastecimento de água. Somente nestas ações, foram aplicados R$ 28,8 milhões.

O secretário da Agricultura e Abastecimento, George Hiraiwa, também destaca a aplicação de inovações tecnológicas para melhorar a produtividade da lavoura. “O projeto de agricultura de precisão, que faz o mapeamento de fertilidade do solo com o uso de equipamento adequado, contribui para maximizar a economia do produtor em municípios no Oeste do estado, com ótimos resultados”, explica ele.

FOCO INTEGRADO - Segundo o coordenador técnico do programa, Ronei Luiz Andretta, o programa evoluiu para um foco integrado com a gestão do solo e água. Além disso, promoveu o resgate de práticas mecânicas de conservação de solo, com a implantação de terraços adequados, de base larga e embutidos, que minimizam a dificuldade de manobra das grandes máquinas e implementos utilizados atualmente.

Na gestão da qualidade da água, ele destaca ações de manejo de dejetos animais em bacias leiteiras a partir de uma tecnologia simples e eficiente. Com a implantação de esterqueiras e outros equipamentos, os dejetos viram adubo para as lavouras de milho e a produção do grão é destinado para a silagem, para o uso no inverno.

O resultado do processo é uma maior produção de leite, além da reciclagem da matéria orgânica e até geração de energia a partir de um material que antes tinha alto potencial de poluição das águas superficiais. Neste contexto, Andretta elogia a equipe do Instituto Emater. “Está em plena renovação, faz um excelente trabalho junto às prefeituras e comunidades nas microbacias”, diz o coordenador técnico.

ALTO PARANÁ - Um dos municípios que assinaram convênio com o Governo do Estado é Alto Paraná, na região Noroeste do Estado. O projeto, no valor de R$ 209 mil, foi formalizado em dezembro de 2017 e prevê 370 hectares de terraceamento (curvas de nível), além de 37,5 mil metros de adequação de carreadores de propriedades rurais, em uma área de 2.782 hectares da microbacia Corguinho. “Nosso solo é arenito caiuá e sempre tivemos problemas com erosão. Com esse programa do Estado estamos conseguindo diminuir isso”, diz o secretário municipal de agricultura e meio ambiente, Rafael Cavalli Miquelan.

Cerca de 130 produtores do município são beneficiados. Uma delas é a agricultora Dinalva Silva Zanatta, 35, que trabalha com mandioca, milho para silagem, gado de corte e vaca leiteira em uma propriedade de 9,2 hectares. Em 2016, por causa das fortes chuvas, ela perdeu toda a produção de milho. “A chuva rasgou a terra e a estrada, e chegou a fazer uma erosão que cabia um ônibus dentro. Aqui virou quase um mar”, diz. “Agora, graças a esse apoio do programa, temos um carreador melhorado, bacias e curvas no solo, que podem evitar situações como a que passamos”, acrescenta.

SENGÉS - Outro município beneficiado é Sengés, na região dos Campos Gerais. O projeto tem valor total de R$ 217 mil. Na localidade, o plano de trabalho prevê benefícios para a microbacia Ribeirão do Estancado, em uma área de 3,9 mil hectares que integra a Bacia Hidrográfica do Rio Itararé. Serão desenvolvidas ações como terraceamento, aquisição de insumos, armazenamento de água, proteção de nascentes, fossas domésticas e esterqueiras, com 60 propriedades beneficiadas.

O chefe do Núcleo Regional de Ponta Grossa, Lucas Bastos, explica que os equipamentos e insumos são utilizados para combater a erosão e ajudar na recuperação do solo agrícola, além de prevenir a erosão com o terraceamento. “Isso aumenta consideravelmente a produtividade, pois o solo estará enriquecido e produtivo, e contempla questões agrícolas e ambientais”, diz.

PROGRAMA - O Programa Microbacias promove ações de gestão dos solos e da água em projetos que aliam a preservação ambiental com a produção agropecuária. Os recursos vêm de um contrato com o BIRD, e as ações de trabalho são divididas entre a Secretaria da Agricultura e os municípios.

À secretaria, cabe repassar aos municípios os recursos, normas e instruções técnico-operacionais para a execução e monitorar e fiscalizar os serviços do convênio. Já os municípios são responsáveis por executar o projeto de acordo com o Plano de Trabalho e disponibilizar estrutura técnica e operacional para execução das ações, além de outras obrigações previstas no convênio.

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