A Secretaria de Estado da Saúde promoveu nesta sexta-feira (24), em Munhoz de Mello, na região norte do Estado, o 1º Mutirão de Saúde do Idoso. A intenção é avaliar cada um dos 742 idosos do município. A estratégia faz parte da Rede de Saúde do Idoso, lançada pelo Governo do Estado na quinta-feira (23).
A Rede propõe detectar a fragilidade dos idosos e prevenir riscos que possam impactar em um envelhecimento ativo e saudável. “O novo modelo não quer focar na doença, mas sim identificar precocemente as fragilidades, preveni-las e garantir a qualidade de vida, a independência e a autonomia dos idosos pelo máximo de tempo”, diz a médica da Divisão de Atenção à Saúde do Idoso, Adriane Miró.
Para isso, foi proposto um instrumento que estratifica essa população de acordo com o grau de fragilidade: idosos robustos, idosos em risco de fragilização e idosos frágeis. Além da dependência, também são avaliados o uso de medicamentos, incontinência urinária, instabilidade postural e risco de quedas, demência, depressão, mobilidade, capacidade comunicativa, diabetes, hipertensão, entre outros.
A ideia é acompanhar e solucionar a maior parte dos problemas na própria unidade de saúde e, se necessário, fazer o encaminhamento à atenção especializada. Além de melhorar a qualidade de vida dos idosos, a Rede também vai contribuir para a sustentabilidade econômica do SUS no Paraná, reduzindo os custos da atenção à saúde dos idosos em pelo menos 30%.
Munhoz de Mello foi o primeiro município a iniciar a estratificação. “A terceira idade chega para todos e precisamos saber lidar com isso. É com muita honra que aceitamos ser o projeto-piloto da nova ferramenta do Estado e, com ela, queremos fazer o melhor para a saúde dos idosos da nossa cidade”, diz o secretário municipal de Saúde, Mauro Sérgio Araújo.
ENVELHECER – A aposentada de 69 anos, Maria Cristina Reus, chegou cedo ao evento e ainda trouxe mais duas amigas para cuidarem da saúde. “Moro sozinha e faço tudo por conta própria. Faço exercícios físicos, ando de bicicleta sempre e me cuido, dentro do possível, para que cada dia que eu continue firme e disposta”, diz.
E esse é o objetivo geral da Rede, conforme conta o consultor da Secretaria de Estado da Saúde, Edgar Nunes de Moraes. “O Paraná é o primeiro estado brasileiro a dar início a uma grande mudança na abordagem da saúde do idoso. As pessoas confundem o envelhecimento com doença, mas envelhecer não é adoecer, apenas existe um risco maior e é isso que deve ser entendido”, explica.
O consultor também fala sobre o aumento na expectativa de vida e, consequentemente, na quantidade de idosos. “Estamos conquistando longevidade, mas não estamos conquistando qualidade de vida. O grande objetivo é acrescentar vida aos anos e não anos à vida, e isso exige a participação do poder público com organização dos sistemas de saúde, pois não adianta viver muito, mas viver mal”, acrescenta.
MUTIRÃO – Quem chegava ao Mutirão passava por 10 estações de atendimento: identificação; medida de peso e altura; velocidade da marcha, que identifica a autonomia do idoso para caminhar; aferição de pressão e teste de glicemia; questionário sobre a capacidade e independência do idoso no dia a dia.
As etapas também incluíam orientações de saúde bucal, com odontólogos; prevenção de quedas, com o fisioterapeuta; cuidados com o uso de medicamentos, com farmacêutico; oficina de nutrição; e, por fim, o serviço de assistência social com a apresentação dos direitos dos idosos.
Antônio Nascimento, de 73 anos, toma remédios para controlar a diabetes, já enfrentou uma anemia grave e, atualmente, faz acompanhamento na unidade de saúde de Munhoz de Mello. “Conheço a maioria das pessoas aqui, mas uma ação como esta é ótima, traz orientações importantes e incentiva que eu me cuide ainda mais”, afirma.
FUTURO – A Rede de Saúde do Idoso já foi apresentada a todas as regionais de saúde por meio de oficinas macrorregionais. “Capacitar, capacitar e capacitar. E quando a gente achar que tá bom, capacitar ainda mais. Esta é a chave para ampliar a abrangência da Rede para que no futuro ela esteja presente em toda a atenção primária do Estado”, acrescenta Adriane.