O governador Beto Richa inaugurou nesta terça-feira (27), em Curitiba, o primeiro eletroposto de uma eletrovia que vai cortar o Paraná. A iniciativa é pioneira no Brasil e o serviço vai abranger cerca de 700 quilômetros da BR-277, entre Paranaguá e Foz do Iguaçu. Ao todo, serão oito unidades ao longo do trajeto para abastecimento de veículos elétricos.
Os primeiros postos que entram em operação, na capital e em Paranaguá, terão uma fase de testes e farão recarga gratuita de carros elétricos. “A Copel e o Governo do Paraná saem na frente mais uma vez, com a criação da primeira eletrovia do País, cortando todo o Estado, de Leste a Oeste”, afirmou Richa.
Richa reforçou que a Copel dá mais um exemplo para o Brasil em impulsionar o uso de uma energia limpa e mais barata. “É uma tendência mundial. A troca de automóveis convencionais por elétricos é uma importante transformação tecnológica do sistema energético”, disse o governador.
“A troca de carros convencionais pelos elétricos vai transformar o setor de mobilidade e a Copel pretende oferecer uma rede de energia robusta e inteligente para essa mudança”, explicou o presidente da estatal, Antonio Sergio Guetter. Ele avalia que a iniciativa do Paraná abre espaço para o desenvolvimento dos carros elétricos no País.
“Nós identificamos três grandes tendências. A primeira é a inovação tecnológica dos carros elétricos, a segunda é a mudança do comportamento do consumidor, que pretende ter domínio sobre seus custos de energia e dos insumos que utiliza, e a terceira o esforço internacional para reduzir as emissões de carbono”, disse.
PARCERIA - O projeto da eletrovia é uma parceria entre a Copel e a Itaipu Binacional. O investimento inicial, realizado pela Copel, é de R$ 5,5 milhões. Tanto eletroposto de Curitiba como o instalado no Litoral começam a funcionar nesta terça-feira.
Ainda neste ano serão instalados eletropostos em Foz do Iguaçu, Medianeira, Cascavel, Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Irati. A autonomia dos carros elétricos é em torno de 150 quilômetros e as unidades foram projetadas para ficar a cerca de 100 quilômetros de distância uma da outra.
Como o setor ainda não está regulamentado pela ANEEL, a iniciativa está no âmbito da pesquisa e por isso não há cobrança dos usuários, explica o diretor-geral de Itaipu, Luiz Fernando Viana. “Ainda não há estimativa de custo, mas provavelmente será o custo de energia de um consumidor de baixa tensão”, afirma.
POTÊNCIA - Cada eletroposto terá 50 kVA (kilovoltampere) de potência – o equivalente a dez chuveiros elétricos ligados ao mesmo tempo – e três tipos de conectores, próprios para atender os modelos de carros elétricos ou híbridos disponíveis no Brasil.
As estações serão todas de carga rápida e gratuita: levará entre meia e uma hora para carregar 80% da bateria da maioria dos carros elétricos. Esses modelos rodam de 150 a 300 quilômetros a cada carga.
CARROS ELÉTRICOS - De acordo com a FGV Energia, com dados da International Energy Agency (IEA), o estoque mundial de carros elétricos até 2030 deve atingir 140 milhões – 10% da frota total de veículos leves de passageiros. A frota atual é de 3,3 milhões de veículos elétricos no mundo.
Países como Noruega, Índia e Alemanha já têm metas de banir carros movidos a combustíveis fósseis nos próximos anos. A expectativa é que sejam comercializados entre 1,7 milhão e 2 milhões de veículos elétricos e híbridos no mundo em 2017. No Brasil, a frota de veículos elétricos puros e híbridos em 2016 era de 2,5 mil unidades.
INTERNACIONAIS - Para o secretário de Estado de Meio Ambiente de Portugal, José Mendes, que participou do evento, a iniciativa do Governo do Paraná vai ao encontro dos protocolos internacionais para redução de emissão de poluentes. “A intenção é descarbonizar a cadeia toda e a Copel está fazendo isso, ao gerar energia de uma fonte limpa e proporcionar essa energia renovável para a mobilidade”, disse.
COOPERAÇÃO - Durante o evento, a Copel e a prefeitura de Curitiba assinaram um protocolo de cooperação técnica e científica pelos próximos dois anos na área de energias renováveis. O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, considera que o futuro está no desenvolvimento de soluções que utilizem energias renováveis.
“A cada grau que a Terra esquenta a chuva aumenta em 10% em volume. Vamos utilizar a inteligência da Copel a favor da cidade”, disse ele, que citou entre os projetos, a instalação de plantas de energia solar na sede da prefeitura, na rodoferroviária e nas ruas da cidadania, além de conjuntos de habitação popular.
“Também temos a ideia de fazer uma pequena usina hidrelétrica no Barigui e uma usina de compostagem e aproveitar o gás do lixão da Caximba para geração de energia” antecipou.