Paraná recebe programa que monitora bactérias resistentes

Estado foi escolhido para ser o primeiro a participar do programa e a integrar plataforma de uso global para vigilância da resistência antimicrobiana. O Lacen-PR, atuará como Unidade de Referência Nacional do programa.
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23/11/2018 - 16:40
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O Paraná foi escolhido para ser o primeiro Estado a participar do Programa Nacional de Monitoramento e Vigilância da Resistência Antimicrobiana, conhecido como BR-GLASS, lançado nesta sexta-feira (23), em Curitiba. Considerado um problema global, a resistência antimicrobiana vem preocupando cada vez mais os gestores de saúde.

Estima-se que até 2050 o número de vítimas de infecções associadas à resistência antimicrobiana ultrapasse os 10 milhões ao ano.

O secretário de Estado da Saúde, Antônio Carlos Nardi, explica que a resistência aos antimicrobianos (RAM) exige monitoramento constante. Ele lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu em 2015 uma plataforma de uso global para vigilância da RAM, o GLASS (Global Antimicrobial Resistance Surveillance System) e que o Brasil, por meio do Ministério da Saúde, se comprometeu a integrar e repassar dados ao sistema a partir de 2018.

“O Paraná será o primeiro estado brasileiro a integrar o BR-GLASS, com o Laboratório Central do Estado, o Lacen-PR, atuando como Unidade de Referência Nacional do programa. Mais uma vez somos pioneiros em unir a tecnologia e a capacidade de nosso corpo técnico em prol da saúde da população paranaense”, diz o secretário Nardi.

A RAM indica a capacidade de um microrganismo patogênico de resistir aos efeitos das substâncias usadas para combatê-lo. Uma das causas apontadas para o problema é o uso irracional ou desmedido de antibióticos. De acordo com a OMS, a lista de bactérias resistentes a antibióticos tem aumentado significativamente nos últimos anos, o que pode fazer com que infecções comuns voltem a ser fatais. Por ano, por exemplo, 480 mil pessoas desenvolvem resistência a medicamentos para tratar a tuberculose em todo mundo, segundo levantamento da OMS.

CORAGEM – No lançamento do programa, o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, André Luiz de Abreu, explicou que o BR-GLASS faz parte do Plano Nacional de Resistência Antimicrobiana, que dentre outras ações, prevê a uniformização dos dados sobre o tema.

Ele destacou, ainda, o pioneirismo do Paraná em aceitar o convite do MS para ser o primeiro Estado a integrar o BR-GLASS. “O Paraná teve a coragem de nos apoiar nesse projeto pioneiro, sendo o piloto com 11 hospitais, capitaneados pelo Laboratório Central do Estado e apoiando junto à coordenação geral de laboratórios do Ministério da Saúde a implantação do BR-GLASS no Brasil”, disse André.

EXCELÊNCIA – A diretora do Laboratório Central do Estado, Célia Fagundes da Cruz, explica que o Paraná foi convidado pelo Ministério da Saúde para ser o projeto-piloto do BR-GLASS por conta da capacidade técnica que existe no Lacen, tanto na questão de equipamentos, considerados de ponta, quanto dos profissionais que são altamente qualificados para participar do programa.

No Lacen/PR, as amostras serão analisadas e será feita a identificação da presença de genes de resistência antimicrobiana. Os dados, já padronizados, poderão ser então incluídos no banco de dados do sistema GLASS.

Segundo a diretora do Lacen, no Paraná o BR-GLASS envolve 11 hospitais, sendo cinco de Curitiba. Gradativamente, o programa deve ser ampliado a outras Unidades da Federação. Até 2020, a expectativa é de que 95 hospitais brasileiros participem do BR-GLASS.

DADOS – Como ressalta a superintende de Vigilância em Saúde, Júlia Cordellini, os dados coletados e enviados ao BR-GLASS vão permitir o monitoramento da RAM, ajudando na formação de ações locais, nacionais e mesmo mundiais em relação ao problema. Ela destaca que o uso dos padrões de vigilância propostos no GLASS também pode melhorar a segurança do paciente, promovendo a otimização do diagnóstico e do uso racional de agentes antimicrobianos.

“Para a população, o benefício será a possibilidade de ser melhor atendida. Já temos hoje bactérias resistentes a antibióticos muitos fortes, e com o programa poderemos identificar esses genes de resistência microbiana e assim poder indicar os melhores antibióticos para cada infecção e tratar adequadamente e oportunamente a todos que precisarem”, finaliza Júlia.

PACTO – Em 2016, a Organização das Nações Unidas (ONU), promoveu uma reunião específica para tratar da resistência antimicrobiana durante sua 72ª Assembleia Geral. A ideia foi alertar e mobilizar as nações em torno do tema. A ONU, por meio da OMS, convidou os países a aderirem ao GLASS, alimentando o sistema com dados referentes a ocorrências de RAM. O Brasil foi uma das nações que se comprometeram a compor o sistema. Segundo a proposta estabelecida pelo Ministério da Saúde, o BR-GLASS iniciaria em um único Estado, no Paraná, passando às demais regiões a partir de 2019.

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