Paraná é pioneiro no País
a fiscalizar resíduos de
agrotóxicos em alimentos

Na primeira semana de testes, a Vigilância Sanitária Estadual já proibiu a venda e o consumo de um lote de morangos vindo do município de farroupilha, no Rio Grande do Sul
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26/10/2016 - 15:40
Editoria

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O Paraná é o primeiro Estado do Brasil a fiscalizar a quantidade de agrotóxicos em produtos vegetais e a interditar os contaminados. A testagem de resíduos em alimentos pelo Laboratório Central (Lacen-Pr) iniciou neste mês. Na primeira semana de testes, a Vigilância Sanitária Estadual já proibiu a venda e o consumo de um lote de morangos vindo do município de Farroupilha, no Rio Grande do Sul.
“O Brasil é o País que mais utiliza agrotóxicos no mundo e isso só tem aumentado. Cada brasileiro consome uma média de cinco litros por ano por meio dos alimentos com esses resíduos. É inadmissível que tenhamos produtos acima do limite permitido na mesa dos paranaenses”, afirma o chefe da Vigilância Sanitária Estadual, Paulo Costa Santana.
De acordo com o gerente de pós-registro da Gerência-Geral de Toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Bruno Gonçalves Araújo Rios, o Paraná é destaque no cenário nacional. “É uma preocupação da Anvisa reduzir a quantidade de agrotóxicos nos alimentos do brasileiro e, conhecendo as ações do Estado, é fácil perceber que o Paraná está à frente no que diz respeito ao controle, monitoramento e fiscalização desses produtos”, fala.
As novas ações foram apresentadas nesta quarta-feira (26) no V Seminário do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, em Curitiba.
Além de representantes federais, o ciclo de debates também contou com participantes do Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
“Nós, da Anvisa, contamos com o trabalho dos estados para controlar a utilização dos agrotóxicos no País. É importante conhecer de perto o trabalho realizado aqui, coletar informações para ter embasamento e incentivar que outros lugares sigam o mesmo caminho do Paraná”, destacou Rios.
MONITORAMENTO – Para direcionar as análises fiscais feitas pelo Lacen, há monitoramentos periódicos em vegetais comercializados nas cinco Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) - em Curitiba, Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá.
No último monitoramento, feito no período de março a julho de 2016, foram analisadas 135 amostras de hortaliças e 44 tiveram resultados insatisfatórios, ou seja, apresentaram uma quantidade de agrotóxicos acima do autorizado ou foram constatados resíduos de produtos não autorizados para aquele tipo de vegetal. Entre os piores resultados, estão o morango e o pimentão.
As 44 marcas irregulares serão as primeiras e fazer parte da rotina de análises do Laboratório Central. Serão, em média, dois testes por semana para verificar se os produtores já se adequaram às normas estabelecidas pela Anvisa. Os resultados levarão menos de uma semana para ficar prontos.
“Mesmo se tratando de perecíveis, essa agilidade na análise faz com que o produto irregular ainda esteja sendo comercializado ou disponível para consumo quando os resultados forem divulgados, dando a possibilidade das pessoas se protegerem e não utilizarem o mesmo”, detalha o chefe Vigilância Sanitária Estadual.
Segundo Santana, o consumo desses alimentos não causa intoxicações logo após a ingestão. Entretanto, o consumo excessivo de agrotóxicos por causar, em longo prazo, doenças crônicas, como o câncer.
ROTULAGEM – Para facilitar o monitoramento, a fiscalização e a rastreabilidade dos alimentos, a Secretaria da Saúde elaborou uma resolução que determina que todos os produtos de origem vegetal sejam identificados. Com o projeto, tornou-se obrigatória a colocação de rótulos em produtos hortifruti produzidos, embalados, distribuídos ou comercializados no Paraná.
“Quando um vegetal apresentava resíduos de agrotóxicos acima do permitido a maior dificuldade era identificar a origem desse produto. Até a criação da resolução, os alimentos não tinham rótulos com informações como nome e endereço do produtor, o que passou a ser obrigatório desde julho de 2016 e facilitou o trabalho da Vigilância Sanitária”, diz Santana.

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