A Rede de Mulheres Negras do Paraná, com apoio do Governo do Estado, promove neste mês o Julho das Pretas PR, uma extensa programação iniciada no dia 1º e que segue até o dia 29, com encontros, palestras, oficinas e apresentações culturais. O objetivo de motivar o debate e a reflexão para combater temas como racismo, sexismo, homofobia e demais formas de discriminação.
A iniciativa também faz parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho - no Brasil esta data representa o Dia Nacional de Teresa de Benguela. A data é um marco internacional da luta e da resistência das mulheres negras.
“Esta é uma data muito importante. Mas acabar com o preconceito no país não é algo que deve ser feito em um único dia. É algo para fazermos constantemente. O racismo ainda é o principal fator que deixa as mulheres distantes de seus direitos”, ressaltou a coordenadora financeira adjunta da Rede de Mulheres Negras, Thaís Mendez de Souza.
Desde 2012 a Secretaria de Estado da Saúde implantou a Rede Mãe Paranaense, com o objetivo de reduzir os números de mortalidade e melhorar a assistência às gestantes no Estado. No Paraná, as gestantes com características de raça e etnia negra estão estratificadas como risco intermediário. Entre 2006 e 2010, dados da Saúde mostram que a mortalidade materno-infantil de mães negras foi de 25,17 óbitos por cada nascido vivo. Entre mães de etnia branca, os números são de 12,35 óbitos.
“Não é admissível que o preconceito faça parte dos serviços da saúde. Iniciativas como esta mostram a preocupação em enfrentar as questões do racismo em todas as suas perversas facetas" enfatizou o superintendente de Atenção à Saúde da secretaria, Juliano Gevaerd.
O Governo do Estado tem investido em políticas públicas para combater o problema do racismo institucional na saúde. Uma delas é a implementação da portaria 344 de 01/02/2017 do Ministério da Saúde, que orienta o profissional de saúde a respeitar a autodeclaração de raça/cor do usuário do SUS. Outro exemplo é a inclusão do quesito cor em todos os instrumentos de coleta de dados de pacientes em instituições públicas de saúde.
INTOLERÂNCIA – Estudos mostram que a mulher negra tem aumentado sua participação na sociedade. Isso se deve ao fato de terem maior acesso a universidades e ao mercado de trabalho. Entretanto, os números ainda estão abaixo do esperado. Para a organização do evento, a pior situação ainda está entre as mulheres que se declaram lésbicas ou bissexuais, que além do racismo são obrigadas a conviver diariamente com a lesbofobia e a bifobia.
A Rede Mulheres Negras é uma organização sem fins lucrativos que surgiu em 2006 com a missão de promover a valorização das mulheres negras paranaenses na luta contra qualquer forma de discriminação. A organização reúne negras de todas as regiões do Brasil, que atuam em áreas como educação, cultura, saúde, promoção e defesa dos direitos humanos e valorização da identidade de gênero e raça/etnia.
PROGRAMAÇÃO
15 de julho, das 16h às 18h
Oficina de Prevenção Combinada para Promoção da Vida Longa, com Saúde e sem Racismo
Local: Sede da Rede Mulheres Negras do Paraná. Rua Prof. Brasílio Ouvídio da Costa
21 de julho, às 19h
Encontro Estadual das Heroínas Negras Brasileiras – Lançamento do livro Heroínas Negras no Brasil
Local: Auditório do APP – Sindicato. Av. Iguaçu, 880 – Rebouças, Curitiba
22 de julho, das 19h às 21h
Encontro Estadual das Heroínas Negras Brasileiras – Oficina de Cordéis
Local: Auditório do APP – Sindicato. Av. Iguaçu, 880 – Rebouças, Curitiba
22 de julho, das 14h às 18h
1º Pré-encontro das Negras Jovens Feministas
Local: Sede da Rede Mulheres Negras do Paraná. Rua Prof. Brasílio Ouvídio da Costa, 2251 – Santa Quitéria, Curitiba
24 de julho, das 10h às 17h
Café com Arte, Literatura e Estética
Local: Espaço Salão Africanitude. Rua Francisco Saturnino d’Andrade, 56 – Sítio Cercado, Curitiba
25 de julho, das 10h às 17h
Tenda em comemoração ao Dia Internacional Da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha – Dia Nacional Teresa de Banguela
Local: Boca Maldita – Centro, Curitiba
25 de julho, das 18h às 22h
Arraiá das Pretas (com palco aberto para mulheres negras artistas locais)
28 de julho, às 19h
Cine Debate
Local: Livraria Vertov. Rua Visconde do Rio Branco, 835, sala 02 – Mercês
29 de julho, às 13h30
Ato Julho das Pretas
Local: “Cavalo Babão”, do Largo da Ordem. Rua Kellers, s/n – São Francisco, Curitiba
29 de julho, das 8h às 17h
1º Seminário de Mulheres Negras de Cornélio Procópio – A Saúde da Mulher Negra e Ancestralidade
Local: Associação dos Negros de Cornélio Procópio (Anepro). Rua Antônio Silveira Brasil, 265 – Jardim Bandeira, Cornélio Procópio
29 de julho, das 19h às 21h
Sarau Afrocuritibano – Sarau das Pretas
Local: Casa Hoffman. Rua Dr. Claudino dos Santos, 58 – São Francisco,