A Secretaria de Estado da Saúde confirmou nesta semana que um paranaense morreu em decorrência de Raiva Humana contraída por mordedura de morcego. O acidente aconteceu no início de janeiro deste ano em área rural de Ubatuba, no Estado de São Paulo, e o paciente demorou a procurar atendimento de saúde.
“Desde 1987 não registrávamos casos e mortes por raiva humana”, afirmou o secretário estadual da Saúde, Antônio Carlos Nardi. Segundo ele, é importante destacar que qualquer acidente com morcegos ou animais domésticos, como gatos e cachorros, demandam a busca imediata de atendimento de saúde para evitar o agravamento e até a morte.
O jovem de 24 anos foi mordido por morcego enquanto dormia em Ubatuba, São Paulo, no dia 3 de janeiro, e não procurou atendimento imediato na cidade do interior paulista. Na volta ao Paraná, o morador de Colombo buscou a unidade de saúde no dia 15 de janeiro, quando foi prescrita a aplicação de quatro doses da vacina antirrábica. No entanto, o jovem só tomou duas doses.
No dia 19 de fevereiro, o rapaz procurou o pronto-atendimento do Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, quando foi internado já com sintomas de agravamento, como febre alta, dor toráxica, formigamento pelo corpo, dor nos nervos, entre outros. O paciente permaneceu internado, sendo transferido posteriormente para UTI e, apesar do tratamento, morreu no dia 9 de março.
VIGILÂNCIA – No momento do internamento, as equipes de vigilância epidemiológica das secretarias estadual e municipal da Saúde foram alertadas, tendo acompanhado toda investigação do caso em sintonia com a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo e Instituto Pasteur. Foram feitos todos os exames definidos no protocolo do Ministério da Saúde para a doença, no entanto sem a confirmação laboratorial de raiva humana.
Sem o diagnóstico laboratorial e depois de descartar outras doenças, foi confirmada a morte por raiva humana por critério clínico-epidemiológico. A decisão foi compartilhada pelas duas secretarias estaduais envolvidas e pelo Instituto Pasteur depois da confirmação de presença de anticorpo da doença no líquor (líquido que banha o cérebro e a medula).
A partir da confirmação, o secretário Nardi enviou ofício ao Ministério da Saúde notificando todo o processo de vigilância epidemiológica desenvolvido no Paraná quanto ao caso e a confirmação do diagnóstico de raiva humana. O documento também foi dirigido à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério, Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo e Instituto Pasteur.
DOENÇA – A raiva humana é uma doença infecciosa causada por um vírus que afeta o sistema nervoso. Estima-se que sejam registrados no mundo mais de 50 mil casos por ano, sobretudo em países da África e da Ásia. Atualmente, o estado do Pará registra casos da doença transmitida por morcegos.
A transmissão da raiva humana ocorre através do contato de um mamífero infectado com o homem. A maioria dos acidentes acontece pela mordedura de cães, gatos ou contato com morcegos. Nesses casos, a pessoa deve ser encaminhada imediatamente a uma unidade de saúde para iniciar o tratamento profilático.
“Se o tratamento for realizado em tempo hábil, a possibilidade de a pessoa desenvolver a doença é mínima”, diz a superintendente de Vigilância em Saúde, Júlia Cordellini. Segundo ela, o Paraná tem estoques suficientes de soros e vacinas para o tratamento quando necessário.
Orientações à população ao encontrar morcegos:
Evite tocar em qualquer morcego, vivo ou morto.
Os morcegos são animais de hábitos noturnos. Quando encontrados caídos ou voando de dia, podem estar doentes, com o vírus da raiva.
Ao encontrar um morcego nessas condições, ou mesmo morto, avise o serviço de saúde do seu município
O contato direto com morcegos por toque, arranhões ou mordidas é grave. Caso isso aconteça, procure a unidade de saúde mais próxima.
Mantenha seus animais de estimação, cães e gatos, com a vacina da raiva em dia.
No caso de sofrer agressão (mordedura, lambedura ou arranhões) de morcego:
Lave o ferimento imediatamente com água corrente e sabão.
Procure rapidamente uma unidade de saúde.
Faça o tratamento indicado sem faltar às vacinações.
No contato com morcego (lambedura, mordedura ou arranhão), ou no caso de acordar com o animal caído dentro do quarto de dormir, deve-se fazer a profilaxia pós-exposição com sorovacinação. Procure o serviço de Saúde para orientações.