Operação desmonta quadrilha de falsificação de cigarros

A operação Sem Filtro foi deflagrada pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce), da Polícia Civil do Paraná, em quatro estados, com a participação de mais de 100 policiais. Os cigarros falsificados eram vendidos em todo o país.
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20/09/2017 - 14:50
Editoria

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Uma grande quadrilha de falsificadores de cigarro foi presa nesta quarta-feira (20) durante a Operação Sem Filtro, deflagrada pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) da Polícia Civil do Paraná. A ação policial aconteceu em quatro estados: Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Foram descobertas duas fábricas clandestinas que produziam os cigarros falsificados.
Treze pessoas foram presas e três são consideradas foragidas. Em 19 mandados de busca foram apreendidos uma BMW, o ônibus usado por uma dupla sertaneja de Londrina, celulares e documentos que serão analisados, dando sequência ao trabalho policial.
De acordo Nurce, que conduziu as investigações durante um ano, o chefe da quadrilha foi denunciado pelo Ministério Público Federal em 2000 pelo crime de contrabando depois de ser preso com várias caixas de cigarros contrabandeadas do Paraguai encontradas dentro de sua Kombi.
“É uma fraude milionária, o potencial financeiro dessa quadrilha é enorme. Esse homem preso hoje como líder da organização foi preso em 2000 com uma mula de contrabando, uma Kombi de cigarros. Hoje em dia ele é dono de um império, são duas fábricas e duas gráficas”, afirmou o secretário da Segurança Pública e Administração Penitenciária, Wagner Mesquita
Mesquita ressaltou a parceria com outros órgãos de segurança. “O Nurce, através e uma equipe altamente treinada e especializada em crimes de lavagem de dinheiro e crimes financeiros, trabalhou muito próximo da Receita Federal, com os órgãos de inteligência da Receita, e conseguiu identificar o modo de trabalho, o caminho do dinheiro e o modus operandi da quadrilha. Hoje, só em apreensões, temos a perspectiva de quase R$ 20 milhões em bens”, completou.
As investigações demonstram que o líder do grupo criminoso parou de contrabandear cigarros do Paraguai e passou a produzir em território nacional, eliminando assim o produtor e intermediários, aumentando significativamente seus lucros.
Toda estrutura para a fabricação era feita pela organização, desde a compra da matéria-prima, a falsificação dos papéis, a fabricação dos cigarros e o transporte do produto final.
“A Estimativa é de que apenas uma máquina produza 10 mil maços por dia. Sendo assim, a estimativa é de que a sonegação de tributos federais seja de R$ 90 milhões ao ano. A receita vai levantar o patrimônio localizado nas buscas e a ideia é garantir esse crédito tributário e reaver um pouco do dinheiro arrecadado”, explicou a auditora fiscal da Receita Federal de Minas Gerais, Viviane Lopes Franciscani. A quantidade de máquinas ainda está sendo apurada.
De acordo com o delegado do Nurce, Renato Figueiroa, a quadrilha era basicamente dividida em três núcleos: o da fabricação do cigarro, que ficava inicialmente na Bahia e depois se transferiu para Minas Gerais; o das gráficas, concentradas em São Paulo; e o da lavagem de dinheiro, em Londrina. O chefe do grupo era a única pessoa que tinha ciência de toda logística.
“Um ano de investigações onde conseguimos comprovar que esse homem, ex-morador de Londrina, é o líder de uma grande organização criminosa que possuía gráficas no estado de São Paulo, onde são confeccionados os papéis e plásticos para a montagem dos maços de cigarros”, explicou Figueiroa.
Em Minas Gerais, acrescenta, eles montaram duas fábricas clandestinas onde falsificavam os cigarros paraguaios e posteriormente distribuíam para o país. As investigações apontam que os recursos ilícitos eram lavados por intermédio da empresa F&R produções artísticas, a qual agencia uma dupla sertaneja em que um dos cantores é filho do chefe da quadrilha. Dez paraguaios trabalhavam de forma irregular nas fábricas clandestinas.
IMPÉRIO - Se no papel os bens eram escassos, na prática o líder do grupo levava uma vida luxuosa e detinha um patrimônio milionário. A residência em que ele mora e onde foi preso fica em um condomínio de alto padrão na cidade de Santana do Parnaíba, interior de São Paulo. A casa está avaliada em mais de R$ 3 milhões. Outro exemplo do poder financeiro da quadrilha foi a compra de seis terrenos em um condomínio de luxo em Londrina. Em um único dia, 17 de novembro de 2015, o líder do grupo comprou os imóveis por R$ 6,5 milhões. O pagamento foi feito em dinheiro.
A Operação Sem Filtro, que aconteceu em dez cidades de quatro estados do país, reuniu mais de 100 policiais, além de 31 fiscais da Receita Federal. Participaram da ação policiais civis do Nurce, do Cope, do Tigre, Nuciber, da DFR, e da subdivisão de Londrina, além da Polícia Civil de São Paulo, com apoio do GOE (Grupos de Operações Especiais), da Bahia e de Minas Gerais.

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