A região de entorno do futuro reservatório da Pequena Central Hidrelétrica Cavernoso 2, que hoje conta com 16 hectares de cobertura florestal, terá 56 hectares de mata nativa – mais do que o triplo do tamanho da floresta que existe atualmente no local. A área será maior também que o próprio reservatório da usina, que ocupará superfície de 43 hectares. “A faixa de preservação a ser recuperada terá mudas de árvores produzidas em hortos florestais da Copel, com espécies próprias do ecossistema da região”, diz Soraia Giordani, analista ambiental da Superintendência de Engenharia Ambiental da Companhia.
A reconstituição da área florestal faz parte do Programa de Composição da Faixa de Área de Preservação Permanente (APP), do Projeto Básico
Ambiental (PBA) da usina. O conjunto de 16 programas socioambientais que o compõe traça as diretrizes que a Companhia precisa seguir para prevenir, minimizar ou compensar impactos causados pela construção da PCH.
A diferença entre as áreas vegetadas atuais e o tamanho da futura área de floresta preservada se deve ao fato de que hoje, na região, grande parte do entorno do rio é utilizada para pastagens e agricultura. A implantação de APP no entorno do reservatório da PCH Cavernoso II, prevista no processo de licenciamento ambiental da usina, trará diversos benefícios à fauna e à flora, cujo incremento será bastante positivo para a preservação da biodiversidade local.
RESGATE DE FLORA - A região da futura usina pertence a um encontro de três ecossistemas: floresta ombrófila mista (também conhecida por floresta com araucária), floresta estacional semidecidual (parte das árvores perde as folhas durante o inverno) e campos nativos (estepe gramíneo lenhosa). Por estar próxima de hortos florestais da Copel que já produzem espécies integrantes da flora nativa, o processo de composição da APP será facilitado. Exemplares de aroeira, erva-mate, pinheiro-do-paraná (araucária), cambará, ipê-amarelo, canela, cedro, guabiroba e pau-marfim, entre outros, ajudarão a compor a nova floresta.
Além disso, espécies que estão sendo resgatadas durante a supressão vegetal necessária para a implantação do empreendimento – sementes e outras de interesse, como epífitas (orquídeas, bromélias etc) – retornarão à região. “Elas também irão compor a restauração vegetal da futura Área de Preservação Permanente”, informa Henri Colemonts, do Departamento de Biodiversidade da Superintendência de Engenharia Ambiental.
CUIDADOS COM A FAUNA LOCAL - Em paralelo à construção da PCH Cavernoso, uma equipe de biólogos, veterinários e técnicos de campo realiza o levantamento, monitoramento e resgate de animais da região da usina. Até o momento, cerca de 40 animais terrestres foram resgatados nas ações de campo, que estão sendo desenvolvidas pelo Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – Lactec, instituição contratada pela Copel.
O tipo de vegetação influencia nas espécies da fauna que habitam o local. De acordo com Juliano Santos, biólogo do Instituto, “esta região do rio Cavernoso é habitada por animais de pequeno porte em geral, são pequenos mamíferos, diversos tipos de aves, peixes, répteis, anfíbios, insetos, entre outros”. Foram encontradas várias espécies de cada grupo. O programa de resgate de fauna é o mais longo do Projeto Básico Ambiental da usina, com duração de quatro anos.
RESGATE DE ANIMAIS - O levantamento e o monitoramento da fauna são realizados na região do empreendimento com auxílio de equipamentos próprios, como câmeras fotográficas com sensor de movimento e armadilhas. O objetivo é ampliar o conhecimento a respeito da fauna local, bem como observar possíveis alterações durante a execução do empreendimento.
O resgate ocorre nas áreas diretamente afetadas pela implantação da obra e é simultâneo à supressão vegetal, que até o momento foi realizada apenas na área do canteiro de obras. “Os animais que estão em boas condições são soltos em áreas florestais pré-estabelecidas, longe da obra. Os que se encontram debilitados são tratados por veterinários e ficam em observação no centro de triagem até que possam retornar à natureza. Em caso de óbito, os mesmos são encaminhados para coleções científicas, como as do Museu de História Natural do Capão da Imbuia, em Curitiba”, detalha Juliano Santos.
Também é realizado o monitoramento das espécies de peixes do rio Cavernoso. Durante as fases da obra, quando ocorrem intervenções significativas no rio, os exemplares são efetivamente resgatados.
POTÊNCIA - A PCH Cavernoso 2, com 19 megawatts de potência instalada e capacidade suficiente para suprir o consumo de uma cidade de 50 mil habitantes, está sendo construída pela Copel entre os municípios de Virmond e Candói, na região centro-sul do Paraná. O empreendimento vai demandar cerca de R$ 120 milhões em investimentos e começará a produzir energia elétrica no segundo semestre de 2012.
Cerca de 250 trabalhadores atuam na obra, iniciada em março deste ano. No momento, as atividades estão concentradas na execução da barragem, na concretagem do vertedouro e finalização das estruturas que permitirão o desvio do rio, permitindo a execução de trabalhos na área correspondente ao seu leito original. Também estão em andamento as escavações do canal de adução e do local onde será instalada a casa de força.
A nova usina terá barragem de enrocamento com núcleo de argila, com 520 metros de comprimento na crista e altura máxima de 18 metros. O circuito hidráulico, ou seja, o caminho da água até a casa de força – onde serão instaladas três unidades geradoras de 6,5 megawatts cada – será constituído por um canal de adução de 580 metros, seguido de um túnel com cerca de 250 metros de comprimento e 6 metros de diâmetro.
Nova usina da Copel vai triplicar
área de cobertura florestal
A área será maior também que o próprio reservatório da usina, que ocupará superfície de 43 hectares
Publicação
05/12/2011 - 14:59
05/12/2011 - 14:59
Editoria