Uma nova estratégia da Rede Mãe Paranaense deve reduzir ainda mais os índices de mortalidade materna no Estado. Em conjunto com núcleos de Segurança do Paciente, Epidemiologia Hospitalar e Controle de Infecção Hospitalar, o protocolo vai incentivar e orientar o monitoramento das causas de quase morte em gestantes, conhecidas como near miss.
“Com uma redução de 29% desde 2011, o Paraná apresenta um ótimo índice de mortalidade materna quando comparado ao restante do país. Com a nova ferramenta de monitoramento poderemos entender essas situações, elaborar estratégias para preveni-las e buscar a redução do número de óbitos evitáveis em gestantes ainda neste semestre”, explica o superintendente de Atenção à Saúde, Juliano Gevaerd.
O Protocolo de Investigação e Monitoramento do Near Miss Materno foi apresentado nesta terça-feira (12) na sede do Conselho Regional de Medicina do Paraná, em Curitiba. O evento reuniu cerca de 200 profissionais de saúde dos 30 hospitais que atendem gestações de alto risco na Rede Mãe Paranaense de todo o Estado, além de alguns serviços de atendimento de risco intermediário e regionais de saúde.
“Esses profissionais sairão daqui capacitados a identificar, investigar e notificar os casos de quase morte materna para verificar fragilidades e intervenções assertivas. Nesse primeiro momento, isso não será uma ação regulatória, mas sim orientativa. Entretanto, com esses dados será possível aprimorar o controle e as ações de segurança do paciente para prevenir esse tipo de óbito”, destaca o coordenador da Vigilância Sanitária Estadual, Paulo Costa Santana.
CAUSAS – De acordo com a técnica da Superintendência de Atenção à Saúde Débora Bilovus, a capacitação tem foco nas questões de eclâmpsia e pré-eclâmpsia, hemorragia e infecções pós-parto, que são as causas de morte materna mais frequentes no Estado. “O acompanhamento dos near miss maternos vai possibilitar um acesso e um controle maiores para intervir nessas situações e evitar que evoluam para óbito”, fala.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que todos os dias cerca de 830 mulheres morrem no mundo por complicações com a gravidez ou com o parto. Estima-se também que 88% a 98% dessas mortes sejam evitáveis. No Brasil, a taxa de mortalidade materna é de 75 a cada 100 mil nascidos vivos por ano. No Paraná este número foi de 40,63 em 2016.
A estratégia foi baseada em um protocolo da OMS e adaptada à realidade paranaense. A intenção é que a ferramenta seja colocada em prática logo após o treinamento. “Já temos bons índices, mas trabalhamos de maneira incessante e as expectativas são positivas. Para bons resultados precisamos de treinamento. Então, repassaremos este conteúdo aos residentes e plantonistas da nossa instituição e acredito que teremos sucesso na implantação”, diz o chefe da Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário de Londrina, Ali Hussein El Kadri.