Desde agosto em processo de revitalização, o Museu Casa Alfredo Andersen está de volta à cena artística de Curitiba. Com uma nova expografia, identidade visual e proposta curatorial, o espaço reabre nesta sexta-feira (7) a partir das 9h, com a exposição inaugural in situ/ em trânsito e a sala rotativa A Razão da Paisagem.
Ao longo do dia também haverá uma programação especial com curadores, pesquisadores e a equipe que assina o novo projeto expográfico. As atividades são gratuitas e abertas ao público.
“Consolidar o Museu Casa Alfredo Andersen é uma conquista para a cultura paranaense. Não é somente a casa do artista que foi revitalizada, mas a leitura de sua obra também passou a ser olhada por importantes críticos contemporâneos”, diz o secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani. “Andersen não só ultrapassou as fronteiras de seu país, como as gerações, pois segue sendo admirado e estudado até os dias de hoje”, acrescentou.
A construção centenária, na Rua Mateus Leme nº 336, foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná em 1971, tornando-se uma instituição administrada pelo poder público estadual e vinculada à Coordenação do Sistema Estadual de Museus (Cosem), da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.
O projeto de recuperação e modernização é uma realização da Secretaria, com aporte de R$ 700 mil da Renault do Brasil por meio do programa Paraná Competitivo, além de recursos adicionais de R$ 25 mil doados pela Sociedade Amigos de Alfredo Andersen – entidade autônoma que deu origem ao Museu, atualmente presidida pelo bisneto do pintor, Wilson José Andersen Ballão.
“A Renault, através do Instituto Renault, investe em iniciativas que promovem a educação e a cultura. A revitalização do Museu Casa Alfredo Andersen é motivo de orgulho pela sua importância, especialmente no ano em que comemoramos 20 anos de fábrica no Paraná”, afirma o vice-presidente do Instituto Renault e diretor de Comunicação da Marca, Caique Ferreira.
Com curadoria de Eliane Prolik e Adolfo Montejo Navas, e remodelação expográfica assinada pela Ato1Lab, a mostra Alfredo Andersen: in situ/em trânsito revela a nova designação da casa, ateliê e escola que celebra a trajetória e a obra do artista.
O conceito é uma referência à polaridade vivida por Andersen, ao ser estrangeiro e mudar-se para o Brasil. “A biografia de sua vivenda e ateliê arrastam dois universos pessoais: sua vida familiar e de ensino da arte com a comunidade. O projeto e a expografia revitalizam e reativam o rico acervo do pintor, e, sobretudo, colocam em foco a memória de sua obra como fundamento artístico”, explicam os curadores.
Uma das vertentes mais reconhecidas da obra de Alfredo Andersen foi a exploração da paisagem. A sala rotativa, um dos destaques da programação, receberá exposições contemporâneas, conectadas à produção de Andersen.
A primeira curadoria, assinada por Adolfo Montejo Navas, recebe o nome de A Razão da Paisagem e a convidada para dar as boas-vindas é a artista contemporânea Geórgia Kyriakakis, que traz dois trabalhos emblemáticos: Coordenadas (2011/2018) e Longe Daqui [Oeste] (2014). Trata-se de uma instalação com mesas suspensas que desnorteiam seu centro de gravidade e um conjunto de fotografias que, com sinergia visual, demarcam a ação do vento em árvores.
Na reabertura, o público também irá se deparar com novas rotas de visitação, conhecer obras raras que pertencem a colecionadores, bem como os objetos pertencentes à história do mestre e que revelam boa parte do seu processo artístico.
“O visitante terá uma nova visão do museu, com elementos contemporâneos, incluindo um eixo de acessibilidade com legendas em braille que contempla três obras táteis de nosso acervo: Autorretrato, Duas raças e Lavando Roupa”, diz a diretora Débora Maria Russo.
O LEGADO DE ANDERSEN - Alfred Emil Andersen nasceu na Noruega em 1860. Após um longo período de viagens pela Europa e América, em 1892 desembarcou no Paraná, fixando residência em Paranaguá. Aos 42 anos, pouco tempo após casar com a parnanguara Anna de Oliveira (1882-1945), mudou-se para Curitiba, onde abriu um ateliê.
Neste período, fez exposições de seu trabalho, participou de mostras coletivas e atuou como professor de desenho e pintura, passando por instituições de ensino como a Escola Alemã, o Colégio Paranaense e a Escola de Belas Artes e Indústrias (primeira instituição voltada para o ensino de técnicas artísticas no Paraná).
Andersen estreitou seus laços com o Governo do Estado, executando o primeiro projeto para o brasão do Estado do Paraná. Naquela década, mais precisamente em 1915, mudou seu ateliê-escola para a edificação em que hoje está o Museu, local onde também residiu com a sua família. Seus últimos anos de vida foram marcados pelo reconhecimento e por homenagens como o título de “Cidadão Honorário de Curitiba”, que recebeu em 1931 da Câmara Municipal de Curitiba. “Alfredo” Andersen, como ficou conhecido, morreu em Curitiba no dia 9 de agosto de 1935.
NOVO MUSEU - Entre as novidades do novo museu, a proposta expográfica também permitirá ao visitante uma viagem no tempo. A pintura do antigo quarto de Andersen, escondida debaixo de oito camadas de tinta lisa, foi revelada pelo projeto RestaurAÇÃO, uma iniciativa social da artista e restauradora Tatiana Zanelatto Domingues com a ONG Unicultura, que envolveu a capacitação de mulheres vítimas de violência no ofício de auxiliar de restauro.
SERVIÇO: Reabertura Museu Casa Alfredo Andersen.
Data: 7 (sexta-feira).
Horário: 9h.
Entrada: gratuita.
Classificação: livre.
Local: Rua Mateus Leme, nº 336 – Centro – Curitiba – Paraná.
Programação:
Dia 05 (quarta-feira): 16h - Conversa com a artista convidada Geórgia Kyriakakis (vagas limitadas).
Dia 07 (sexta-feira): 10h - Visita guiada com os curadores Adolfo Montejo Navas e Eliane Prolik.
11h - Conversa com a Ato1Lab - A expografia do Museu Casa Alfredo Andersen.
14h - Conversa com Mariana von Hartenthal - Fotografia no acervo MCAA.
15h - Conversa com Amélia Siegel Corrêa - A trajetória Andersen.
17h - Bate-papo com o bisneto do pintor e presidente da Sociedade Amigos de Alfredo Andersen, Wilson José Andersen Ballão.