O município da Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba, é um dos principais produtores do Paraná de frutas com caroço, como pêssego, ameixa e nectarina. Em 2017, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado de Agricultura e do Abastecimento, a cidade colheu 1,4 tonelada dessas três culturas, o que gerou R$ 3,36 milhões, ou 14,8% do Valor Bruto de Produção (VBP) da fruticultura do Estado.
Parte desse cenário é fruto do trabalho do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-PR) que chegou ao município no final da década de 50. Desde aquela época a entidade desenvolve projetos na região, dá assistência técnica e dicas sobre como cuidar da lavoura, faz visitas rotineiras aos produtores e ajuda com a comercialização de produtos.
ASSISTÊNCIA – Das 60 comunidades que formam o município, o sétimo maior em extensão territorial do Paraná, 21 são atendidas pela Emater. “Elegemos aquelas que têm agricultores familiares que precisam de uma assistência técnica mais efetiva”, explica o gerente municipal do Instituto na Lapa, Hélio Skiba, que divide o atendimento com a engenheira agrônoma e extensionista Leila Klenk.
Uma dessas comunidades é Primeiro Faxinal, com cerca de 25 produtores rurais, cada um com pouco mais de 15 hectares de terras. Por lá, a entidade desenvolve projetos de fruticultura, olericultura, estufas, diversificação de culturas, cultivo protegido e até planejamento de sistema de irrigação, como no caso do produtor Amilton Dias, 51 anos.
O agricultor e a Emater estão discutindo uma forma de irrigar toda a propriedade dele que soma cerca de seis hectares. “Preciso descobrir uma forma de levar água aos meus pomares de nectarina, pêssego e ameixa, e estou recebendo assessoramento da entidade”, diz o agricultor, que todo ano produz 80 toneladas de pêssego por safra.
Todo ano, ele e os outros agricultores também participam da vitrine tecnológica, um evento preparado pela Emater, em conjunto com o Iapar, com o objetivo de levar informações atualizadas e novas técnicas aos agricultores familiares. “Diversos especialistas de fora participam e trazem novidades que podem ser implantadas no campo”, contou Leila.
No último encontro, promovido no primeiro semestre deste ano, Dias aprendeu a técnica do raleio químico, prática que tem como finalidade melhorar dar mais qualidade e aumentar o tamanho dos frutos. “A cada evento conheço algo novo que uso na minha plantação”, disse Dias.
OLERICULTURA – Outra comunidade assistida pela Emater é a Colônia Municipal, que tem cerca de 25 produtores rurais. Por lá, além de fruticultura e olericultura, a Emater também desenvolve projetos de agroindústria. Em 2012, por exemplo, o Valor Bruto de Produção da olericultura na Lapa era de R$ 33,7 nilhões com uma área plantada de 3.054 hectares. Em 2016, o VBP cresceu 154%, apesar de a área ter diminuído para 2.407 hectares.
“A área diminuiu, mas os produtores conseguiram valorizar os produtos e tiveram um rendimento maior. É um cenário muito positivo”, destaca o chefe do Departamento de Economia Rural do Deral, Marcelo Garrido Moreira.
AGROINDÚSTRIA - Os produtores Dirley e Flávio Lechinski, 52 e 62 anos, respectivamente, moram na Colônia Municipal e são atendidos pela Emater. Segundo Dirley, a relação da entidade com o casal começou há cerca de 15 anos, quando um proprietário da região falou que faltavam tomates na Lapa e lançou um desafio para ver quem produziria.
“Fiquei interessada e falei que plantaria. A Leila, da Emater, trouxe então as sementes de tomate, ensinou como fazer o saquinho, semear e deu mais um monte de informações. Foi um sucesso e deu tomate adoidado. Desde então a parceria continua”, conta ela.
Hoje, o casal Lechinski tem uma propriedade com um alqueire e meio onde produz hortaliças, como couve-flor, brócolis, alface, beterraba, cenoura, quiabo, pimenta e tomate. Além disso, também trabalham com agroindústria, em uma cozinha montada com recursos adquiridos por meio da Emater.
No espaço, Dirley transforma hortaliças e frutos em geleia, cristalizados e conservas. Os produtos produzidos por eles, assim como os feitos por outros agricultores da região, são vendidos nas feiras montadas no município e na Casa Vermelha, espaço da Lapa que recebe turistas. “Tudo que sei hoje, desde a produção de produtos até a comercialização, aprendi nos cursos que fiz na Emater ao longo dos últimos anos”, relatou ela.