Monitoramento revela infestação de Aedes aegypti em Paranaguá

Estudo feito pela Universidade Federal do Paraná e a Secretaria de Estado da Saúde detectou presença do mosquito em 58% das armadilhas. Para reverter, é urgente a remoção de qualquer possível criadouro na residência e local de trabalho
Publicação
15/12/2017 - 09:30
Editoria

Confira o áudio desta notícia

Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal do Paraná, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, detectou um grande aumento de infestação de Aedes em Paranaguá. Foi constatada a presença do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya em 58% das 331 armadilhas instaladas entre os dias 7 e 11 de dezembro em todo o município.

“Foi verificada a atividade de fêmeas adultas do mosquito em praticamente toda a área urbana de Paranaguá. Esse é o resultado das condições climáticas favoráveis com a existência de locais que permitem o desenvolvimento das larvas”, afirma o professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná, Mario Navarro.

De acordo com Navarro, que também é presidente da Sociedade Brasileira Entomologia, isso torna urgente a remoção de criadouros para que a situação não se agrave ao longo do verão. “Já estamos iniciando a estação com um índice muito elevado de mosquitos, então qualquer entrada de vírus – seja zika, dengue ou chikungunya, você pode ter uma epidemia. É um cenário extremamente delicado”, complementa.

FUMACÊ – Como medida para auxiliar no combate ao vetor, o Estado, por meio da 1ª Regional de Saúde, iniciou nesta segunda-feira (11) a aplicação de fumacê em todo o território do município. Entretanto, o professor ressalta que o inseticida não consegue atingir todos os locais e a mobilização da população é fundamental para mudar a situação.

“O inseticida atinge o mosquito adulto, ele não vai atingir o ovo. A chave é a remoção de qualquer possível criadouro na residência, local de trabalho e de toda a vizinhança. Tampar a caixa d’água, retirar todo o lixo e cobrar do município a limpeza pública com a maior agilidade possível”, enfatiza Navarro.

PESQUISA – O estudo, que também conta com o apoio do Laboratório de Morfologia e Fisiologia de Culicidae e Chironomidae (Lamfic), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (Capes) e Ministério da Saúde, começou a ser feito em junho de 2017 com instalação mensal de armadilhas.

Navarro explica que o que mais assustou foi a rapidez com que houve a evolução. “A gente passou de um cenário, em outubro, com um percentual baixo de atividade, chegamos em novembro com uma elevação, mas a elevação em dezembro se acentuou muito em 30 dias”, conta. A mudança foi extrema. As armadilhas que antes indicavam a presença de 30 ou 40 ovos, passaram a ter 100, 200, superando até mesmo 500 ovos.

Box:

Vigilância auxilia na prevenção de epidemias

O Levantamento Rápido de Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e o Levantamento do Índice de Aedes (LIA), realizados por 380 municípios do Estado, apontaram outros 19 municípios que também estão com alta infestação. São eles: Jacarezinho, Capanema, Nova Aurora, Douradina, Santa Helena, São José das Palmeiras, Guaíra, Amaporã, Lupionópolis, Dois Vizinhos, São Miguel do Iguaçu, Cidade Gaúcha, Londrina, Borrazópolis, Grandes Rios, Campo Mourão, Mamborê, Diamante d’Oeste e Maripá.

A chefe do Centro estadual de Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte, comenta que a pesquisa pode ser utilizada como ferramenta para evitar novas epidemias. “Essa vigilância deve servir como alerta, incentivar a mobilização da população e das prefeituras para que não permitam que essa elevação se agrave”, diz.

O município de Jacarezinho, no norte pioneiro do Estado, organizou na última semana um grande mutirão de limpeza. O objetivo foi eliminar o maior número possível de criadouros. “O exemplo deve ser seguido por todos, pois este é o principal caminho para evitar as doenças”, finaliza Ivana.

GALERIA DE IMAGENS