Modelo agrícola do Paraná reduz emissão de gases de efeito estufa

A Secretaria estadual da Agricultura apresentou em dia de campo em Porto Vitória, Sul do Estado, resultados de um projeto iniciado em 2005 que podem ser expandidos para outras regiões do Paraná e do País
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22/09/2011 - 15:13
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O Paraná está apresentando os resultados das técnicas de integração lavoura, pecuária e floresta que demonstram maior eficiência no aumento da produtividade da atividade rural, ao mesmo tempo que contribui para a redução do efeito estufa proveniente da atividade agropecuária. A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento revelou os resultados animadores de um projeto iniciado em 2005 em Porto Vitória, região Sul do Estado, que podem ser expandidos para outras regiões do Estado e do País.
Em dia de campo realizado esta semana (20) na propriedade do agricultor Arlindo Zamboni, de 35 hectares, foi comprovado que as técnicas aplicadas de integração lavoura, pecuária e floresta aumentaram a produtividade das pastagens entre 15% a 20%, elevando a renda bruta do agricultor de R$ 12,9 mil para R$ 76,8 mil por ano. Estavam presentes cerca de 200 agricultores da região.
Na propriedade, o agricultor aliou a atividade da pecuária leiteira, o cultivo florestal e de olerícolas (legumes), numa convivência pacífica demonstrando que há possibilidades de relação harmoniosa entre os componentes de desenvolvimento sustentável e de qualidade de meio ambiente no meio rural.
A estratégia foi adotada em parceria entre a Secretaria da Agricultura, Prefeitura de Porto Vitória, Emater, Iapar, IAP e Embrapa Floresta, que viabilizaram um projeto de transferência de tecnologia onde a área foi escolhida em função do potencial que a propriedade apresentava para o cultivo florestal e o produtor também tinha o perfil para adotar as boas técnicas de gestão da propriedade. Além disso, o técnico da Emater que acompanhou a implantação do projeto foi capacitado em sistemas silvipastoris e adequação ambiental.
Conforme o projeto, o agricultor substituiu a atividade da pecuária de corte em pastagens degradadas na propriedade pela pecuária leiteira. Em seguida promoveu a adequação ambiental da área com a recuperação da reserva legal com o cultivo de eucalipto e de Áreas de Preservação Permanente com o cultivo de espécies nativas da região como araucária e bracatinga.
De acordo com os técnicos, a integração de pastagens com árvores contribui para a criação de um microclima favorável à fisiologia das plantas e para a conservação de mais água no sistema de produção. A técnica também ajuda no controle da erosão do solo, protege contra geadas, permite a produção de madeira de qualidade que pode alcançar melhor preço em função do manejo. E ainda proporciona a melhoria na saúde dos animais através do conforto térmico.
Além disso, na integração da pecuária e floresta o balanço da emissão de gases de efeito estufa é positivo, a favor do meio ambiente. Isso porque o gás metano produzido pelos animais é neutralizado pela incorporação de carbono das árvores e pelo sistema de produção intensiva de forragens. Esse sistema de produção propicia a manutenção da qualidade da água ou até mesmo sua melhoria, que beneficia o meio ambiente.
Iniciativas como essa, em que o planejamento da propriedade mostra o caminho do desenvolvimento sustentável, são muito importantes para a geração de renda e a elevação da qualidade de vida no campo, disse o diretor-geral da Secretaria estadual da Agricultura, Otamir Cesar Martins.
Martins falou o envolvimento das prefeituras e demais entidades públicas na recuperação da área, argumentando que as municipalidades e as comunidades têm que entender que as grandes indústrias no interior são as propriedades rurais. “A qualificação delas significa ampliar as possibilidades de geração de renda, de acesso a serviços essenciais como saúde e educação e de melhores condições de vida no meio rural”.
Segundo ele, o programa de Integração Pecuária, Lavoura e Floresta, iniciado no Paraná, está de acordo com a política do programa federal de Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Se o Brasil adotar esse sistema de produção para reverter a pecuária com baixa produtividade, terá condições de avançar para uma situação em que a atividade deixa de ser emissora de carbono para ser fixadora de carbono, em benefício do meio ambiente, da sociedade e da geração da renda na propriedade, afirmou Martins.
Em Porto Vitória, o sistema implantado tem baixo custo de implantação, tem facilidade de obter financiamento no Pronaf e ao programa ABC e certamente servirá de referência para outras regiões, disse.
De acordo com a Emater, esse Dia de Campo demonstra que diante dos desafios ambientais da atualidade os produtores devem planejar a propriedade e incorporar o componente florestal nos sistemas de produção na busca da elevação de renda. Segundo a entidade, não se admite mais a separação entre agricultura, pecuária e floresta, mas sim o casamento desses componentes no meio rural para aumentar a qualidade de vida, da sustentabilidade e da estabilidade da produção.

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