Mandirituba se destaca na produção
de morango semi-hidropônico

Produtores tiveram apoio do Instituto Emater. São 52 famílias envolvidas, que colhem 300 toneladas por ano
Publicação
10/07/2017 - 16:30
Editoria

Confira o áudio desta notícia

O município de Mandirituba, a 40 quilômetros de Curitiba, se destaca no Paraná pela produção de morangos pelo processo semi-hidropônico. A técnica de cultivo em bancadas irrigadas é utilizada por 52 famílias da cidade, que fazem parte dos projetos de apoio à agricultura familiar do Governo do Estado, desenvolvidos pelo Instituto Emater. Juntas, elas produzem cerca de 300 mil quilos da fruta por ano, colocando a cidade como a principal produtora de morango pelo sistema no Paraná.
O cultivo de morangos semi-hidropônicos consiste em bancadas elevadas com sistema de irrigação e sacos plásticos especiais (slabs), preenchidos por substrato (que podem ser casca de arroz, ou de pinus), turfa (terra enriquecida) e vermiculita - um mineral que age como retentor de água. As mudas são plantadas nos slabs e cultivadas em estufas.
“No modelo semi-hidropônico o produtor administra a temperatura, o clima, a adubação, o manejo preventivo de pragas e de doenças. O controle diminui o risco de perda da produção”, explicou o extensionista do Emater, Silvio Galan.
COMO COMEÇOU- A técnica começou a ser desenvolvida na região há cerca de quatro anos. Até então o município era referência na produção de aves, com 240 granjas que abasteciam três empresas integradoras. Em 2013, duas delas decretaram falência e cerca de 200 granjas foram desativadas, deixando para trás um rastro de prejuízos aos pequenos produtores.
No ano seguinte, o produtor Ademir Moleta conheceu a tecnologia de morango semi-hidrôponico e iniciou o processo de adaptação de sua estrutura desativada para o cultivo da fruta, com o apoio do Emater. “Meu prejuízo foi grande e precisava compensar de alguma forma, pois toda a renda da minha família se baseava na produção das granjas para as empresas. Pesquisei sobre o morango em bancada e como poderia utilizar a estrutura da granja e busquei o Emater para conseguir mais informações sobre a técnica”, disse.
A partir disso o Emater iniciou estudos para ocupar as demais instalações desativadas e gerar renda aos produtores. A propriedade de Ademir Moleta foi o piloto do projeto e em um ano (2014) outras dez famílias aderiram ao morangueiro. Hoje são 52 famílias que geram renda pela produção de morango com 300 mil plantas cultivadas.
“O Instituto Emater promoveu cursos e palestras para ensinar a técnica, apresentou materiais mais viáveis e aproximou os contatos com os comerciantes para tornar os morangos competitivos”, contou Moleta. Além disso, o Instituto Emater viabilizou linhas de crédito junto ao Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar). Noventa por cento das estufas foram financiadas pelo Pronaf.
VANTAGENS - A técnica substitui o cultivo convencional do morango no solo e apesar de ter custo de implantação mais elevado apresenta vantagens que compensam o investimento, como não precisar fazer a rotação de cultura na área de produção, os tratos (cuidados com as plantas) são feitos em pé e, principalmente, baixo uso de agrotóxicos.
“Temos uma produção mais limpa da fruta, com redução de até 80% no uso de agroquímicos. Vantagem para o meio ambiente e para a saúde dos produtores e consumidores”, garantiu o extensionista Silvio Galan.
RETORNO - O retorno econômico também tem destaque na produção. O custo médio com a estrutura é de R$ 74 por metro quadrado, e em média esta área rende uma produção de 11,4 quilos de fruta por ano e uma receita de R$ 114,00 por metro quadrado. “Em um ano de atividade a cultura paga o investimento”, calculou Galan.
Ademir Moleta confirma os números. Sua produção, que começou com 10 mil mudas e hoje está com 18 mil, já custeou os gastos e tem retorno financeiro. “Minha renda é 60% maior do que quando criava frangos”, disse.
O produtor Francisco Dubiela também vê o mesmo rendimento. Ele começou há pouco mais dois anos e as vendas do morango ajudam com o financiamento para adaptação da granja à estufa. “O Emater sugeriu o cultivo do morango para utilizar a granja que estava parada. Desde então está dando certo. Vou pagar a primeira parcela do financiamento com o morango”, contou.
MAIS CIDADES - Além de Mandirituba, a técnica de morango semi-hidropônico é desenvolvida em São José Pinhais e Araucária. O Instituto Emater organiza palestras regulares para apresentar a tecnologia a outros produtores e profissionalizar os que já estão na cultura. A intenção é elevar as áreas de cultivo.

GALERIA DE IMAGENS