Klabin muda a realidade econômica de Ortigueira

Com investimento de R$ 8,5 bilhões, apoiado pelo programa Paraná Competitivo, a fábrica trouxe novos empregos, aumentou a arrecadação e gerou novos negócios para os setores do comércio e os serviços
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14/03/2016 - 11:00
Editoria

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Um dos maiores investimentos privados da história do Paraná, a nova fábrica da indústria de papel e celulose Klabin, que entrou em operação no último dia 4, está mudando a realidade de Ortigueira, nos Campos Gerais.
O investimento, de cerca de R$ 8,5 bilhões, apoiado pelo programa de incentivos estadual Paraná Competitivo, trouxe novos empregos, aumentou a arrecadação do município e gerou novos negócios para os setores do comércio e os serviços.
"Esta transformação socioeconômica - não só de Ortigueira, mas de toda a região - é fruto da confiança num novo modelo de desenvolvimento, guiado pela segurança jurídica, a relação de maior consenso entre capital e trabalho e a certeza de que o poder público, o Estado, cumpre a parte que lhe cabe, fazendo os investimentos indispensáveis a um empreendimento desta envergadura na infraestrutura (transporte e energia) e nas políticas sociais (saúde, segurança e educação), sem prejuízo dos cuidados com o ambiente", afirmou o governador Beto Richa.
A nova fábrica gera 1,4 mil empregos diretos e indiretos. Durante o pico das obras, que duraram 24 meses, cerca de 14 mil pessoas chegaram a trabalhar nos canteiros. O volume equivale a mais da metade da população do município, de 23 mil habitantes.
Durante anos, Ortigueira sofreu com a falta de oportunidades para emprego, baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o êxodo para outras cidades. O município chegou a ter o dobro da sua população atual. “A Klabin é um divisor de águas para a cidade, não apenas pelo investimento em si, mas também pelo que vem com ele. Além de novas oportunidades de emprego, o comércio aumentou suas vendas e pequenos empreendedores ampliaram seus negócios”, ressalta o secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo, Daniel Fartura.
“O projeto vai trazer desenvolvimento econômico e social para a cidade nas próximas décadas”, diz Andrezza Oikawa, diretora-técnica da Agência Paraná de Desenvolvimento, que faz a prospecção de investimentos para o Estado.
A economia do município cresceu com os investimentos. Levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes) mostra que em 2012, quando começaram as obras da fábrica, havia 41 indústrias em Ortigueira, volume que subiu para 70 em 2014. Os dados tomam como base a Relação Anual de Informações (RAIS). Na mesma base de comparação, o número de estabelecimentos comerciais passou de 141 para 154, e de serviços de 80 para 91.
Dono do restaurante da Glacinda, o empresário Cosme da Silva Oliveira Brito chegou a vender 500 marmitas por dia para funcionários de empresas terceirizadas que atuavam no canteiro de obras. Com o aumento dos pedidos, o número de funcionários passou de seis para 17. “Agora, com o fim da obra, o movimento deu uma acalmada, mas graças a esse período poderemos ampliar o negócio, com investimento em melhorias. Vamos aprimorar o cardápio e o ambiente”, diz.
A Agroroque, empresa especializada em serviços de terraplanagem, abertura de estradas e locação de máquinas e equipamentos, sobrevivia de pequenos contratos até fechar negócio com a Klabin na área de reflorestamento. “Nosso trabalho é abrir as estradas para que a empresa possa retirar a madeira da floresta que será usada na fabricação de papel e celulose”, explica Amável Diniz Roque, proprietário da empresa.
De acordo com ele, a empresa cresceu junto com o empreendimento de Ortigueira.“Em 2012 tínhamos meia dúzia de funcionários, agora temos 110 e mais de 90% dos nossos negócios estão relacionados à Klabin”, diz.
ARRECADAÇÃO - Pelo acordo firmado entre a empresa e o governo estadual, Ortigueira fica com 50% do ICMS gerado pelo projeto. O restante é dividido entre os municípios que fornecem matéria-prima para a fábrica.
Com isso, a receita tributária do município cresceu 351%, de R$ 7,79 milhões, em 2012, para R$ 35,19 milhões em 2015. “Com o aumento da arrecadação, por sua vez, a prefeitura teve condições de fazer mais investimento em obras nas áreas de saúde, educação e infraestrutura, melhorando a qualidade de vida da população. Hoje temos pelo menos 20 obras em andamento no município”, diz Daniel Fartura, secretário de Indústria, Comércio e Turismo de Ortigueira.
BOX 1
Investimento multiplicou e mudou perfil do emprego no município
A instalação da nova fábrica de celulose mudou o perfil de emprego em Ortigueira, até então concentrado na atividade agropecuária.
O técnico em papel e celulose Antonio Batista Neto, de 22 anos, é um exemplo dessa transição. Ele trabalhava desde os 13 anos como ajudante em fazendas da região até que ouviu, em uma rádio, o anúncio de que a Klabin ia fazer um teste seletivo na cidade.
Depois de várias etapas de provas e um curso de treinamento de um ano, ele foi contratado e está em atividade na empresa há oito meses. “Nunca imaginei chegar aonde cheguei. Durante o curso a minha confiança aumentou porque a empresa dava todo o suporte, com ajuda de custo e uniforme. Com uma crise como essa que o país vive, é um privilégio ter um emprego como esse”, diz ele, que já tem plano de fazer um curso superior para poder conseguir colocações mais elevadas na empresa.
EVOLUÇÃO - Em 2012, ano em que as obras da fábrica começaram, Ortigueira apresentava um saldo de empregos formais (diferença entre admitidos e demitidos) de apenas 12 vagas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. A maioria dos contratados naquele ano havia sido no setor da agropecuária, com 280 vagas, comércio (280) e serviços (157).
Dois anos depois, com o pico das obras da empresa, o saldo de contratações e demissões foi de 1.843, puxado principalmente pela construção civil, lembra a economista Suelen Glinski Rodrigues dos Santos, do Observatório do Trabalho, da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social. Do total de 3,9 mil admitidos naquele ano, 2,8 mil vieram da construção civil.
INDÚSTRIA - Com o início da produção, a construção civil deu lugar aos empregos na indústria de transformação. Do saldo de 779 vagas no ano, 665 foi resultado da indústria, com destaque para a área de montagem de instalações industriais e estruturas metálicas. A região de Ortigueira e de Telêmaco Borba foi a terceira maior geradora de empregos em 2015 no Paraná.
As mudanças também significaram melhora de salários. Em 2012, a maioria dos trabalhadores formais recebia entre 0,5 e 1 salário mínimo. Em 2015, a maior faixa estava entre 1,5 e 2 salários.
BOX 2
Klabin começa a exportar produção em abril
Cerca de 90% da produção de celulose da fábrica de Ortigueira já está vendida e em abril será realizada a primeira exportação. Com capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose, a nova fábrica representa o maior investimento da história da fabricante de papel e celulose, que tem outra unidade industrial no Paraná, localizada em Telêmaco Borba, na mesma região. Com o projeto, a Klabin praticamente dobra o seu tamanho. O investimento total, de acordo com a companhia, foi de R$ 8,5 bilhões, incluindo infraestrutura, impostos e correções contratuais.
Do total da produção, 1,1 milhão de toneladas serão de celulose branqueada de fibra curta (eucalipto) e 400 mil toneladas de celulose branqueada de fibra longa (pinus). De acordo com a empresa, a área florestal que fornece madeira para a nova fábrica está a 72 km, o que garante a competitividade e o baixo custo do transporte de madeira.
AUTOSSUFICIÊNCIA - A nova fábrica também terá duas das maiores turbinas para geração de energia elétrica já fabricadas no mundo para a indústria de papel e celulose. A unidade terá capacidade de produzir 270 MW, sendo 150 MW excedentes (o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes), elevando a Klabin à condição de autossuficiência em geração de energia elétrica.
PARCERIA – A empresa e o Governo do Paraná estabeleceram parcerias para execução de obras de infraestrutura na região de Ortigueira. Por meio do crédito outorgado, que permite aportar recursos em infraestrutura e abater o imposto futuro (ICMS), a empresa já fez a pavimentação de 18 quilômetros da Estrada da Campina (PR-340), que liga os municípios de Ortigueira e Telemâco Borba, além de 20 quilômetros da Estrada Minuano na interseção com a BR-376. Dentre as obras em andamento estão o alargamento das pontes sobre o rio Imbauzinho e rio Arroio Grande na estrada da Campina e melhorias na estrada Estratégica.
Saiba mais sobre o trabalho do governo do Estado em:
www.pr.gov.br e www.facebook.com/governopr

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