Ipardes confirma aumento de 8,3% do PIB em 2010, mas alerta para perda de dinamismo da economia

Segundo o Ipardes, a taxa pode ser atribuída a elementos pontuais e transitórios e o importante é examinar a perda de dinamismo estrutural da economia regional nos últimos anos
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03/03/2011 - 17:00
Editoria

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O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) confirmou nesta quinta-feira (03) a estimativa de crescimento de 8,3% do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense em 2010. O dado foi calculado na esteira da atualização, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da taxa de crescimento do PIB nacional, que foi de 7,5%. O diretor-presidente do Ipardes, Gilmar Mendes Lourenço, disse que, embora superior à média nacional, o crescimento do PIB paranaense no ano passado deve ser visto com cautela, levando-se em conta a perda de dinamismo estrutural da economia regional nos últimos anos.
O crescimento do PIB mostra que tanto o País quanto o Estado ingressaram numa rota de recuperação econômica depois da crise financeira internacional. Em 2009, os efeitos da crise refletiram-se numa queda de 0,60 no PIB nacional e de 1,20 no PIB paranaense.
Passado esse período, o País e o Estado alcançaram em 2010 desempenhos notáveis dentro da série histórica do PIB. O crescimento de 7,5% do PIB nacional é o maior desde 1986, quando foi editado o Plano Cruzado. No Paraná, foi a melhor performance desde 1993, quando o PIB cresceu 10% em razão da supersafra e das elevadas cotações dos produtos agrícolas nos mercados externos.
FATORES PONTUAIS – De acordo com o diretor-presidente do Ipardes, no entanto, o incremento expressivo do PIB paranaense em 2010, superando a média nacional, não reflete uma situação de dinamismo da economia, mas pode, ao contrário, “ser atribuído a elementos pontuais e transitórios, que podem sumir de forma tão instantânea como apareceram”. Entre esses fatores, ele cita a elevação dos preços das commodities no mercado internacional e o bom momento da indústria automobilística, favorecida por isenções fiscais concedidas pelo governo federal.
“O que importa examinar é a perda de dinamismo estrutural da economia regional”, afirma Lourenço. Para isso, afirma, é preciso analisar um período mais longo. Entre 2003 e 2010, enquanto o PIB brasileiro cresceu em média 4% ao ano, o paranaense variou 3,7% ao ano, o que fez com que o peso do Estado na formação da renda interna nacional recuasse de 6,4% para 6%.
Além de fatores como a queda de produtividade do agronegócio (em razão principalmente de estiagens), essa redução, afirma Lourenço, está ligada à falta de um programa estratégico de desenvolvimento para o Estado nos últimos anos. “A debilidade do arranjo institucional entre governo e iniciativa privada prejudicou a presença do Paraná na esfera federal, a recuperação da infraestrutura e a melhoria dos indicadores sociais”, afirma.
CORREÇÃO DE RUMO – Segundo Gilmar Lourenço, isso começa a ser corrigido, com medidas como o Programa Paraná Competitivo, lançado pelo governador Beto Richa em fevereiro e que já tem vários investimentos em fase de enquadramento. “Esse programa constitui o primeiro passo na direção da reconquista das condições de crescimento econômico sustentado do Estado, com maior grau de interiorização e inclusão social”, afirma.
O diretor-presidente do Ipardes afirmou também que as taxas de crescimento do PIB registradas em 2010 não devem se repetir este ano, em função, entre outros fatores, da elevação da taxa Selic e dos cortes orçamentários anunciados pelo governo federal. “É razoável supor forte desaceleração do ritmo de crescimento dos níveis de atividade em 2011”, afirma.

Veja tabela com a evolução do PIB paranaense e brasileiro desde 1995.

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