Iapar abre trincheiras
no Show Rural

Proposta é mostrar aos agricultures que técnicas simples trazem grandes benefícios
Publicação
03/02/2012 - 10:30
Editoria

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O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) preparou um experimento diferente para a edição 2012 do Show Rural, que começa na próxima segunda-feira (6), em Cascavel. São trincheiras de um metro de profundidade, montadas para mostrar aos agricultores o que acontece debaixo do solo.
De acordo com a pesquisadora Graziela Barbosa, a ideia é mostrar ao agricultor como se comporta o sistema radicular das plantas quando se usa o sistema correto de manejo do solo. “Não é novidade para o produtor, mas é uma coisa que geralmente ele não vê. Visualizando ele conhece a diferença que faz o uso das técnicas corretas”, disse a pesquisadora.
Foram implantadas culturas como soja, milho, pé-de-galinha e crotalária. As duas primeiras foram escolhidas porque são as mais comuns no verão. O pé-de-galinha destaca-se por ser uma gramínea com sistema radicular bastante agressivo. A crotalária tem grande capacidade de fixar nitrogênio no solo, nutriente indispensável para o crescimento da planta. “Antes delas usamos aveia como planta de cobertura no inverno”, acrescenta a pesquisadora.
Com esses experimentos, o Iapar reforça a importância e a necessidade do uso de técnicas conhecidas e eficazes de manejo do solo. “Usando técnicas como plantio direto, terraço, plantas de cobertura e rotação de cultura, o produtor certamente terá bons resultados”, afirma Graziela Barbosa.
NEMATÓIDES - O Iapar também vai apresentar no Show Rural um trabalho que aponta a rotação de culturas como uma solução possível para o problema dos nematóides (vermes que parasitam plantas). Os nematóides são um grave problema para a agricultura em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Eles atacam praticamente todas as grandes regiões produtoras do país e são responsáveis por perdas totais da produção em algumas culturas.
Segundo os pesquisadores Ademir Calegari e Andressa Cristina Machado, diversos estudos já foram feitos na área, mas nenhum com a abrangência do que vem sendo conduzido no Iapar. “Nós estamos estudando o maior número de espécies de plantas de cobertura para controle da maior quantidade de nematóides”, diz Calegari.
Andressa Machado salienta que dados preliminares mostraram que algumas espécies de crotalária, guandu anão Iapar 43 e o milheto diminuíram em até 80% a população de nematóides. “É sempre bom lembrar que não é possível exterminá-los completamente, mas é possível controlá-los”, ratifica a pesquisadora, que fornece outro dado preocupante. “O prejuízo pode chegar a 60% em áreas mais suscetíveis, como propriedades irrigadas ou com solos mais leves”.
Eles afirmam que para ter sucesso o produtor deve seguir alguns passos. “Antes de qualquer coisa, fazer um diagnóstico do tipo de nematóides e de solo na propriedade. Depois é preciso fazer um histórico da área, das cultivares já plantadas e de quais espécies de nematóides já habitaram aquele local”, elenca Calegari. Ele afirma ainda que em seguida é só seguir uma estratégia para enfrentar o problema.
O pesquisador reforça que a falta de rotação de cultura é uma das principais razões para o nematóide ter avançado tanto nas lavouras paranaenses. Para eles o produtor, muitas vezes, deixa de fazê-la por questões econômicas e paga um preço alto por isso. “Em algumas ocasiões, o agricultor percebe que há uma queda na produtividade, mas não relaciona com nematóide. Quando ele se dá conta da situação, a infestação já é grande demais”, declara Andressa Machado.

Para ela, o certo é tomar providências preventivas, antes que a situação fique crítica, porque o nematóide é de difícil controle. Nesse contexto, entra a rotação de cultura. “Sempre falamos de plantas de cobertura nesse evento, mas é a primeira vez que vamos relacionar esse tema a controle de nematóide durante a Show Rural. Queremos, com isso, contribuir para que o Paraná não sofra com essa doença como ocorre em outros estados”, esclarece Calegari.
LABORATÓRIO – Pela primeira vez, o Iapar montou um laboratório de nematologia no Show Rural. Segundo Andressa Machado, a grande demanda levou a instituição a ter uma área específica para falar do tema.
Caixas de acrílico com plantas vão ajudar nas explicações. “Queremos mostrar os diferentes sintomas que os nematóides causam para que o produtor possa identificá-los”, afirma. A pesquisadora salienta que nem sempre isso é fácil de fazer porque os nematóides se manifestam de muitas formas, desde as “galhas”, a mais tradicional, até o escurecimento da raiz. “É muito melhor para o agricultor ver 'ao vivo' do que através de uma foto, por exemplo”, diz.
Mais informações sobre o Show Rural podem ser obtidas no endereço www.showrural.com.br.

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