A governadora Cida Borghetti assinou nesta quinta-feira (27) decreto de utilidade pública do Hotel Bandeirantes, de Maringá. Esta é a primeira etapa para a desapropriação do prédio de características modernistas, construído na década de 50 pela Cia. Melhoramentos Norte do Paraná, e que se tornou um símbolo para toda a região.
De acordo com a governadora, o objetivo é transformá-lo em um museu, onde os visitantes poderão vivenciar a história da urbanização e do desenvolvimento do Norte e Noroeste do Estado.
Localizado em área nobre, no centro da cidade, ao lado da Prefeitura e em frente a Catedral, o hotel está fechado desde 2005, ano em que foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural do Estado. A edificação conta com 6 mil metros quadrados, 66 suítes e 30 vagas para estacionamento.
No ano passado, a Prefeitura de Maringá também já havia publicado um decreto de utilidade pública visando a desapropriação do imóvel. O objetivo era evitar que o prédio fosse comprado pela iniciativa privada e descaracterizado. A desapropriação pelo município, no entanto, ainda não foi concretizada.
“A construção do Hotel Bandeirantes foi um marco, não só por sua arquitetura e requinte, mas também por ter sido palco de grandes acontecimentos e hospedado autoridades, compradores de terras e empresários que impulsionaram o desenvolvimento regional”, afirmou Cida. “É uma edificação de importância histórica e cultural para a região.”
O valor da desapropriação foi calculado pela Prefeitura de Maringá, e validado por parecer da Procuradoria-geral do Estado (PGE), em R$ 23,5 milhões. Os recursos sairão do orçamento deste ano da Secretaria de Estado da Cultura.
O decreto permite o uso, visitação e ocupação para uso comercial e educacional do imóvel como empreendimento turístico e autoriza a PGE a promover medidas judiciais e extrajudiciais para assegurar a desapropriação da área.
SUSTENTABILIDADE - O projeto de transformação do imóvel em museu recebeu parecer favorável da secretaria da Cultura, que cita no texto a necessidade de universalização de acesso ao patrimônio, o fomento do turismo de cultura e o desenvolvimento sustentável do próprio bem. Itens que constam do Plano Estadual de Cultura, com vigência até 2027.
Com relação ao provimento de recursos para a manutenção do novo espaço, o parecer sugere que ao assumir a gestão do patrimônio, o Estado adote modelo semelhante ao utilizado por outros países, que transformaram imóveis históricos em empreendimentos turísticos, uma solução que alia sustentabilidade econômica à preservação cultural.
OBRA PIONEIRA - Desde a sua fundação, em 1947, Maringá já previa a construção de um hotel de primeira categoria, que atendesse todo o Norte paranaense, cuja economia vinha sendo impulsionada pela cultura cafeeira. O plano de urbanização da cidade destinou uma grande área central para a obra.
O projeto foi encomendado em 1951 ao arquiteto paulista José Augusto Bellucci, o mesmo responsável pela Catedral de Maringá. Além do projeto arquitetônico, Belluci também respondeu pelo design do mobiliário, luminárias e até mesmo pela escolha de detalhes como os tipos de talheres.
O hotel foi inaugurado em 1956 e se transformou em um dos ícones da cidade. O livro Espirais do Tempo – Bens Tombados do Paraná, publicado pela Secretaria de Estado da Cultura em 2006, destaca a obra como uma das pioneiras do estilo modernista do Estado.
A publicação descreve o prédio da seguinte forma: “O edifício ocupa uma quadra inteira e é composto por quatro blocos de três pavimentos interligados. Pátios internos possibilitam a aeração e iluminação das alas de apartamentos. A construção tem estrutura de concreto armado, paredes de alvenaria de tijolo e cobertura em telhas de fibrocimento. Pelas suas características morfológicas, o hotel está inserido entre as obras pioneiras de arquitetura moderna do Paraná e referenciais de um período significativo da história do norte paranaense.”