Geadas causam quebra de 35% na
safra de milho e de 9% na de trigo

Os prejuízos aos produtores estão estimados em R$ 1,2 bilhão. Além da produção de grãos, as geadas atingiram as pastagens, café, hortaliças, frutas e mudas de mandioca e terão repercussão no mercado de leite e de carne
Publicação
06/07/2011 - 10:13
Editoria

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As fortes quedas de temperatura que provocaram geadas no Paraná entre os dias 27 e 28 de junho atingiram as lavouras de milho, da segunda safra, e trigo, principalmente nas regiões Oeste e Norte do Estado, onde se concentram essas culturas nesta época do ano. Conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) divulgado nesta quarta-feira (06) a produção de milho da segunda safra teve uma quebra de 35% e as lavouras de trigo perderam 9% da produção esperada para 2011.
Além da produção de grãos, as geadas atingiram as pastagens, café, hortaliças, frutas e manivas (mudas) de mandioca. De acordo com o Deral, com exceção das hortaliças as demais são culturas cujo dimensionamento de prejuízos é mais demorado, porque os efeitos das geadas costumam se manifestar na safra do ano seguinte.
O secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, lamentou os prejuízos aos produtores e disse que a quebra na produção de grãos terá impacto negativo sobre a cadeia produtiva de alimentos, principalmente carnes e leite, que têm o milho como insumo básico. “É uma pena essa perda provocada pelo clima nesta safra 2010/11, que vinha apresentando excelente desempenho, com produtividade e preços em elevação, e disseminando otimismo entre os produtores”, afirmou.
PREJUÍZOS – Com as geadas, a expectativa inicial do Deral para a produção de milho da segunda safra, que era de 8,12 milhões de toneladas no Estado, foi reduzida para 5,31 milhões de toneladas – uma queda de 34,6%, com perda de 2,81 milhões de toneladas do grão. Os prejuízos aos produtores estão estimados em R$ 1,11 bilhão, informou o economista Marcelo Garrido.
As lavouras de milho da segunda safra já haviam sofrido um impacto inicial com a estiagem que ocorreu no Paraná entre o fim de abril e o início de junho. Com as geadas, foi atingida uma área avaliada em 1,73 milhão de hectares que estava em fase suscetível, o que corresponde a cerca de 70% das lavouras instaladas no Estado.
O último prejuízo com milho da segunda safra em decorrência de geadas aconteceu na safra 2007/08, quando houve quebra de produção 15,1% das lavouras e perda de 1,02 milhão de toneladas de grãos.
Nas lavouras de trigo, a expectativa inicial de colher 2,86 milhões de toneladas no Paraná foi reduzida para 2,61 milhões de toneladas, uma queda de 8,7% e perda de 250 mil toneladas de grão. Para os produtores, os prejuízos estão avaliados em R$ 111 milhões.
IMPORTAÇÃO – Segundo Ortigara, com a queda na produção de trigo no Paraná, maior Estado produtor do grão, acentua-se a dependência do Brasil Da importação deste item, o que pode gerar evasão de divisas para comprar o produto no mercado internacional para suprir o consumo no mercado interno.
No caso do trigo, cerca de 40% das lavouras encontravam-se em fase de floração e frutificação quando aconteceram as geadas da semana passada e 57% da produção paranaense se concentram nas regiões Oeste e Norte, onde as geadas foram mais severas. Ao contrário do milho, essas perdas podem ser minimizadas porque ainda há trigo sendo plantado em outras regiões do Estado e parte da redução pode ser compensada pelo aumento da produtividade nas lavouras novas.
PASTAGENS – O prejuízo às pastagens está provocando um efeito dúbio. De um lado a produção leiteira tem uma queda imediata avaliada entre 20% a 30%. Por outro lado, caem os preços da carne momentaneamente porque os pecuaristas aceleram a desova de bois para os frigoríficos antes que o gado perca peso nas propriedades. Com isso, aumenta a oferta imediata de animais para abate. Porém em pouco tempo está prevista uma escassez de carne em virtude da falta de bois para abate no curto e médio prazo, informou o médico veterinário Fabio Mezzadri, técnico do Deral.
Nas hortaliças, as geadas prejudicaram basicamente as folhosas. Outras culturas – como brócolis, couve-flor, repolho e beterraba – são mais resistentes ao frio e também podem ser recuperadas em pouco tempo porque têm ciclo curto de produção.
Em relação às frutas, o engenheiro agrônomo do Deral, Paulo Andrade, afirmou que as geadas atingiram a produção de frutas tropicais no Sudoeste do Estado e frutas como banana, maracujá e abacaxi em outras regiões. Mas essas perdas deverão ser evidenciadas só na próxima safra. Por outro lado, o clima se mantém favorável ao desenvolvimento de frutas de clima temperado, como as frutas de caroço e uva.

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