Feira Sabores do Paraná
consolida pequena e média
agroindústria familiar

Em seis edições, a feira movimentou este ano R$ 2,3 milhões, resultado da comercialização da produção de 528 pequenos e médios agricultores familiares cadastrados no Programa Fábrica do Agricultor
Publicação
27/12/2011 - 16:50
Editoria

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A Feira Sabores do Paraná fecha 2011 com saldo altamente positivo. Segundo dados da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento, mais de 210 mil pessoas passaram pelas seis grandes feiras regionais, realizadas em Curitiba, Foz do Iguaçu, Maringá, Londrina, Guaratuba e Matinhos. Os 528 pequenos e médios agricultores familiares cadastrados junto no programa movimentaram este ano R$ 2,3 milhões, comercializando sua produção nas feiras.
Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o Programa Fábrica do Agricultor está atingindo seus principais objetivos, principalmente no que se refere à inclusão de um segmento importante da agricultura paranaense no agronegócio familiar. “Temos vários pequenos e médios agricultores se estruturando comercialmente, expondo suas produções e suas marcas, estabelecendo negócios sem abrir mão da sua vocação de trabalhar no campo”, disse Norberto Ortigara. “Estamos ajudando a valorizar e fortalecer o mercado da agroindústria familiar, mostrando ao público os sabores das produções características das diversas etnias que formam o Paraná.”
De acordo com Éder Dalla Pria, coordenador-geral do programa Fábrica do Agricultor, as feiras são canais de divulgação que possibilitam a oferta da produção local para um grande público consumidor. “O reconhecimento do trabalho se dá no retorno dos novos produtos que são lançados e apresentados ao público”, afirma.
Em algumas destas feiras os consumidores têm à disposição entre 1.000 e 1.200 itens diferentes, que vão de produtos de origem animal e vegetal in natura a congelados e refrigerados, orgânicos e convencionais, ou ainda artesanato rural, flores, equipamentos e serviços.
Outro ponto que demonstra a importância das feiras, segundo Dalla Pria, é o grau de satisfação dos próprios agricultores familiares que participam do programa. Ao término de cada evento é feita uma pesquisa de avaliação. A maioria afirma que consegue recuperar seus investimentos, e em torno de 90% dos expositores afirmam que obtiveram lucros na comercialização de suas vendas.
“Isso já nos mostra o potencial de cada feira. Mas outro detalhe importante é que mais de 50% destes agricultores familiares já fecharam negócios futuros. Ou seja, as produções e vendas não se restringem apenas aos períodos de realização das feiras. Eles passam a manter uma relação permanente com o comércio tradicional, o que lhes dá suporte para manter e expandir suas atividades ao longo do ano”, disse Dalla Pria. Segundo ele, a Fábrica do Agricultor também ajuda a criar no público o hábito de consumir produtos da agroindústria familiar do Estado. “Aquilo que é feito neste setor está caindo no gosto e na confiança do consumidor paranaense”, afirmou.
GARANTINDO A SOBREVIVÊNCIA - Eduardo da Silva Porto Ramos foi um dos primeiros produtores a aderir à iniciativa da Fábrica do Agricultor. Participando desde o início do programa, em 1999, ele, que tem uma propriedade rural em Quatro Barras, município da Região Metropolitana de Curitiba, é taxativo ao afirmar que a Feira Sabores do Paraná é uma das principais formas de garantir a sobrevivência do pequeno agricultor. “É um espaço que ganhou importância e ajudou muitos agricultores a escoarem aquilo que produzem”, afirmou.
Nestes 12 anos participando da feira, o produtor desenvolveu três linhas de trabalho: compotas e doces de banana com e sem açúcar, produção de ervas medicinais orgânicas e travesseiros terapêuticos, e um restaurante rural. “Optei por agregar valores àquilo que produzimos em nossa chácara, e não ficar apenas limitado a um tipo de produto. Além das ervas medicinais orgânicas, desenvolvemos também, com fins terapêuticos, travesseiros aromáticos”, explicou Eduardo. A outra alternativa é a produção de compotas e doces elaborados com produção própria complementada por produtos adquiridos em outras plantações consorciadas de banana orgânica em florestas na divisa com São Paulo.
A participação também colaborou para a ampliação dos negócios de Eduardo, propiciada pela consolidação da marca “Da Chácara Santo Antônio”. Aproveitando a vocação do município para o turismo rural, o pequeno agricultor faz planos para ampliar o atendimento no restaurante rural que mantém na propriedade. “A princípio estamos atendendo somente com reservas e para grupos. Mas penso em abrir para o público nos finais de semana e feriados”, conta.
NECESSIDADE FAMILIAR - Quem também se mostra satisfeita e aposta em novas participações nas feiras é Rose Mary Tereza Abranches, de Cambé, região Norte do Estado. Motivada por uma necessidade da genética familiar – um dos filhos tinha intolerância a produtos com farinha de trigo –, a produtora desenvolveu uma pequena agroindústria em sua propriedade para produção de produtos sem glúten e sem lactose.
Além da farinha à base de banana verde, a produtora faz chips de banana e mandioca comercializados pelo programa Fábrica do Agricultor. “Contamos com a ajuda do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), nas análises e manuais de boas práticas no desenvolvimento da farinha especial, indicada para quem é celíaco, ou seja, tem intolerância a produtos com glúten (proteína presente no trigo centeio e cevada)”, disse Rose Mary, que por meio das orientações da Fábrica do Agricultor montou um galpão conforme as normas sanitárias para iniciar as produção da farinha especial. “Além de participarmos das feiras, atendemos também a Associação dos Fenicultores de Curitiba”, afirmou.
PARCERIAS - O coordenador do programa Fábrica do Agricultor disse que, além das feiras coordenadas pela secretaria, outras feiras municipais e regionais também ganharam espaço neste ano. “Auxiliamos na divulgação e contatos dessas feiras locais, que contam com o apoio da Emater, das prefeituras e sindicatos rurais”, afirmou Éder Dalla Pria. Ele cita como exemplo a II Feira de Sabores Coloniais, realizada no início do mês em Foz do Iguaçu, com 48 expositores. Em três dias, mais de 10 mil pessoas passaram pelo Centro de Convivência do Idoso, onde aconteceu a feira.
A primeira Feira Sabores do Paraná em 2011 acontecerá em Guaratuba, de 11 a 15 de janeiro, no Ginásio de Esportes do Colégio Estadual 29 de Abril. Está prevista a participação de 60 agricultores familiares, além de associações de artesanato rural e produtores de flores do Litoral paranaense.

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