Estados do Codesul estudam
integrar sistemas de
meteorologia e defesa civil

O assunto foi debatido nesta quarta-feira (17), em Curitiba, durante a reunião da Comissão Permanente de Defesa Civil do Codesul
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17/08/2016 - 17:10
Editoria

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Os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e, também, São Paulo estudam estratégias para ampliar a integração dos sistemas de meteorologia e Defesa Civil, visando trabalhar a prevenção e dar respostas mais rápidas a desastres naturais e tecnológicos. O assunto foi debatido nesta quarta-feira (17), em Curitiba, durante a reunião da Comissão Permanente de Defesa Civil do Conselho de Desenvolvimento e Integração Sul (Codesul).
Este foi o primeiro encontro de uma comissão permanente desde que o governador Beto Richa assumiu a presidência do Codesul, em junho deste ano. Dos pontos debatidos no encontro, quatro serão encaminhados aos governadores integrantes do conselho como proposta de ações concretas nos estados. São Paulo não é membro do Codesul, mas participa das reuniões da Comissão de Defesa Civil por causa da proximidade com os estados da região Sul e com o Mato Grosso do Sul.
Para o secretário-executivo do Codesul, Antonio Bettega, as discussões das comissões permitem a criação de políticas públicas comuns entre os estados. “Nas comissões permanentes, os estados discutem aqueles temas que são convergentes e próprios da região. Eles são levados à reunião do Codesul, onde os governadores definem as ações que serão tomadas em benefício à população”, explicou Bettega.
INTEGRAÇÃO – O coordenador-executivo da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, tenente-coronel Edemilson de Barros, destacou que as ações de Defesa Civil devem ser integradas, já que os fenômenos climáticos trazem consequências a toda região.
Além disso, a Defesa Civil é também responsável pelo monitoramento de cargas de produtos perigosos, que passam por todos os estados. “Essa integração é importante para propor soluções e enviar propostas para melhorar as ações de Defesa Civil nos estados. O Codesul tem uma força política importante, que garante resultados mais satisfatórios do que se os estados trabalhassem sozinhos”, disse.
Serão encaminhadas aos governadores as propostas de manutenção da Rede Sul Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas e Prevenção aos Desastres Naturais (Rede Climasul); a proposição de uma nota conjunta para a fiscalização do transporte de produtos perigosos; ações simultâneas de fiscalização e conscientização dos motoristas que transportam produtos perigosos e capacitações para gestores de Defesa Civil municipais a partir de 2017, tendo em vista a renovação das equipes com as eleições deste ano.
O secretário de Defesa Civil de Santa Catarina, Rodrigo Mouratelli, defendeu que o trabalho conjunto entre os estados pode fortalecer essas ações. “As reuniões da comissão permanente e o trabalho que fazemos junto com Conselho Nacional dos Gestores de Defesa Civil fortalecem o sistema e universaliza o tema da Defesa Civil nos municípios, estados e na União”, afirmou Moutarelli. “Isso também faz com que os cidadãos se sintam mais seguros e permite que os estados e municípios estejam tecnicamente mais preparados para resolver um evento ou crise que podem atingir seus territórios”, ressaltou.
REDE CLIMASUL – O diretor-presidente do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), Eduardo Alvim, apresentou as ações da Rede Climasul, que começou suas atividades em 2013, com o objetivo de integrar os sistemas de meteorologia dos estados da região Sul. A integração operacional inclui a aquisição de equipamentos e softwares, capacitação de profissionais, transferência tecnológica com foco em monitoramento ambiental, previsões, estudos e pesquisas sobre mudanças climáticas e desastres naturais.
“Estamos constituindo as primeiras aquisições, que focam no sistema de detecção de descargas atmosféricas e de um software de integração para a previsão e emissão de alerta em conjunto”, explicou Alvim. “A meteorologia não respeita fronteiras políticas e a região, como um todo, responde muito bem a estratégias comuns. Precisamos ter sistemas integrados de previsão que vão antecipar e melhorar a qualidade dos alertas meteorológicos”, afirmou.
Alvim sugeriu a estruturação de uma segunda fase da Rede Climasul, atendendo também os estados do Mato Grosso do Sul e de São Paulo. “Todos os estados estão cientes da importância dos sistemas de meteorologia e de defesa civil. Temos que pensar sempre em estruturar os alertas e informar de forma correta a população para que não haja entendimento errôneo da mensagem”, disse.
A Rede Climasul tem financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e participação do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), Fundação Estadual de Pequisas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fepagro), Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Paraná, Instituto Federal de Santa Catarina, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e Fundação ABC.
LA NIÑA – No encontro, também foram apresentadas as previsões meteorológicas para o último trimestre de 2016 e início de 2017, quando acontece a estação chuvosa e, consequentemente, aumentam as ocorrências de desastres naturais.
Depois de passar por um período intenso de El Niño – fenômeno de aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que trouxe chuvas intensas para os estados do Sul no último verão, a atenção agora é com a La Niña, quando ocorre o resfriamento das águas daquele oceano. A previsão para os próximos meses é de chuvas dentro da média, mas a La Niña pode trazer mudanças na atmosfera que aumentam a incidência de raios e de chuvas de granizo.
Além desse fenômeno, os estados do Sul e do Sudeste também precisam ficar atentos à variação da temperatura do Oceano Atlântico, que influenciam diretamente no clima das duas regiões. Diferentemente dos fenômenos no Pacífico, que podem ser previstos com maior antecedência, as Zonas de Convergência do Atlântico Sul precisam de um monitoramento constante dos institutos de meteorologia.
COMISSÕES PERMANENTES – O Codesul conta com 14 comissões permanentes, que debatem os interesses comuns dos estados nas diferentes áreas: Agricultura, Arranjos Produtivos Locais, Assuntos Indígenas, Assuntos Internacionais, Assuntos Jurídicos, Ciência, Tecnologia e Inovação, Cultura, Defesa Civil, Infraestrutura e Logística, Meio Ambiente, Política para as Mulheres, Saúde, Segurança Pública e Turismo.
Três reuniões das comissões permanentes já estão agendadas. No dia 31 de agosto acontecerá a reunião da Comissão de Política para as Mulheres, em Curitiba. A reunião da Comissão de Agricultura será feita em Porto Alegre no dia 1º de setembro. Em 13 de setembro, os membros da Comissão de Infraestrutura e Logística também se reúnem em Curitiba.

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