Estudantes têm decidido sair de forma voluntária de escolas estaduais – o número de unidades ocupadas caiu de 830 para 792 nesta segunda-feira (24). No Paraná, são 2,1 colégios estaduais e as manifestações ainda prejudicam mais de 500 mil estudantes.
Após uma semana de ocupação nos colégios General Carneiro, no município de Roncador, na região Central do Estado, e Adiles Bordin, em União da Vitória, no Sul do Paraná, os manifestantes saíram voluntariamente e de forma pacífica depois de aceitarem a proposta do Conselho Escolar - composto por pais, alunos, professores e funcionários - e da Associação de Pais, Mestres e Funcionários, de debater a Medida Provisória 746/2016, do Governo Federal, que trata da reforma do ensino médio. Esses debates serão feitos sem interromper o andamento do calendário escolar.
No Colégio Estadual General Carneiro, a comissão do Conselho Escolar se reuniu na semana passada para discutir os prejuízos à escola e aos próprios estudantes em decorrência da ocupação. “A maioria da comunidade e os alunos não sabia o motivo da ocupação. Então, solicitamos a eles que desocupassem a escola para continuarmos as aulas e nos comprometemos a debater com a comunidade e explicar todos os itens da MP do Governo Federal”, disse a professora de Língua Portuguesa, Adriele Gehring, que participa do conselho.
O colégio atende cerca de 900 alunos dos ensinos fundamental e médio. “A maioria dos alunos era contra a ocupação”, contou a diretora auxiliar, Lorentina Lopes Barroso.
Em União da Vitória, as aulas no Colégio Estadual Adiles Bordin voltaram à normalidade nesta segunda-feira (24) para os 600 alunos dos ensinos fundamental e médio. Direção, professores, pedagogos e estudantes decidiram debater as propostas do Governo Federal durante a semana, de maneira interdisciplinar, sem interromper as aulas.
Além da reposição das aulas, uma das principais preocupações da direção e dos professores refere-se à conclusão da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Esses estudantes têm uma particularidade, que é a cobrança das empresas pelo certificado de conclusão dos estudos”, lembrou o diretor, Salvador Ribeiro Jazzine.
COMUNIDADE ATENTA – Em Cascavel, no Oeste, pais e responsáveis contrários acompanham as aulas nos períodos diurno e noturno para impedir que o Colégio Estadual Marilis Piroteli seja ocupado novamente e as atividades interrompidas. O escola ficou três dias ocupada e também retornou à normalidade nesta segunda-feira.
“Não somos contra manifestações, somos contra a imposição. Os alunos têm todo o direito de se manifestar, mas sem prejudicar a maioria dos colegas”, disse a diretora da escola, Luciana Paulista da Silva. Segundo ela, 95% dos alunos eram contra a ocupação da escola.
Estudantes, pais, professores e representantes da comunidade do Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto, também em Cascavel, criaram o grupo “Desocupa Cascavel” para dialogar com os manifestantes. São cerca de 200 pessoas envolvidas. O estudante do curso de Eletromecânica Uziel Fuhr, um dos líderes do movimento, explica que alguns colegas estão cogitando abandonar o curso por não terem condições de pagar o transporte para repor as aulas. “Tem aluno que trabalha o dia todo, percorre 100 quilômetros e chega em casa à 1 hora da manhã e precisa passar por isso. Acho que é uma maneira errada de protestar”, disse Uziel.
Segundo ele, falta nos manifestantes a vontade de dialogar. “O pessoal se tranca na escola e não deixa ninguém entrar para saber contra o que eles estão se manifestando. São 15 alunos ocupando uma escola que apenas no período da noite recebe mais de mil alunos”, disse.
O Núcleo Regional de Educação de Cascavel também vai promover debates com os grêmios estudantis e com a comunidade para esclarecer as mudanças propostas pela MP. “Agora temos que nos concentrar em voltar à normalidade para debatermos juntos a Medida Provisória, sem prejudicar nenhum aluno”, disse a chefe do núcleo, Inez Dalavechia.
Em Curitiba, também houve manifestação contra as ocupações. Cerca de 100 alunos, pais e professores contrários às ocupações protestaram na Praça Santos Andrade, neste domingo (23).
RESPONSABILIDADE DOS PAIS - O Governo do Estado, que vem defendendo o diálogo para desocupar os colégios, solicita o envolvimento dos pais e responsáveis para garantir a segurança das crianças e adolescentes que permanecem nas escolas ocupadas. Em reunião realizada neste domingo (23), no Palácio Iguaçu, em Curitiba, secretários de Estado receberam pais e estudantes que querem ter aulas e pediram o apoio da comunidade para que as desocupações continuem de maneira pacífica.
“Acreditamos que com diálogo e com a participação dos pais e responsáveis será possível encaminhar essa questão, disse a secretária de Estado da Educação, professora Ana Seres.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Wagner Mesquita, esclarece que não basta uma autorização por escrito dos pais aos estudantes para que eles permaneçam as escolas, pois alguns ambientes podem apresentar risco a crianças e adolescentes. Ele alerta que os pais podem responder por abandono de incapaz.
"O ambiente pode oferecer risco e essa é nossa preocupação", disse Mesquita. "A comunidade precisa registrar suas reclamações para que o Estado possa agir, abrindo inquéritos a partir dos boletins de ocorrência e processos administrativos, quando for o caso", explicou.
DENÚNCIAS – Denúncias de situações ilegais nas escolas podem ser feitas pelo telefone 181 ou pelo site www.181.pr.gov.br. Desde a última quarta-feira (19), a Segurança Pública já recebeu mais de 50 denúncias de situações inadequadas e possíveis crimes cometidos dentro das escolas ocupadas, desde maus-tratos a animais, consumo de substâncias ilícitas e outras questões envolvendo crianças e adolescentes.
Após uma semana de ocupação nos colégios General Carneiro, no município de Roncador, na região Central do Estado, e Adiles Bordin, em União da Vitória, no Sul do Paraná, os manifestantes saíram voluntariamente e de forma pacífica depois de aceitarem a proposta do Conselho Escolar - composto por pais, alunos, professores e funcionários - e da Associação de Pais, Mestres e Funcionários, de debater a Medida Provisória 746/2016, do Governo Federal, que trata da reforma do ensino médio. Esses debates serão feitos sem interromper o andamento do calendário escolar.
No Colégio Estadual General Carneiro, a comissão do Conselho Escolar se reuniu na semana passada para discutir os prejuízos à escola e aos próprios estudantes em decorrência da ocupação. “A maioria da comunidade e os alunos não sabia o motivo da ocupação. Então, solicitamos a eles que desocupassem a escola para continuarmos as aulas e nos comprometemos a debater com a comunidade e explicar todos os itens da MP do Governo Federal”, disse a professora de Língua Portuguesa, Adriele Gehring, que participa do conselho.
O colégio atende cerca de 900 alunos dos ensinos fundamental e médio. “A maioria dos alunos era contra a ocupação”, contou a diretora auxiliar, Lorentina Lopes Barroso.
Em União da Vitória, as aulas no Colégio Estadual Adiles Bordin voltaram à normalidade nesta segunda-feira (24) para os 600 alunos dos ensinos fundamental e médio. Direção, professores, pedagogos e estudantes decidiram debater as propostas do Governo Federal durante a semana, de maneira interdisciplinar, sem interromper as aulas.
Além da reposição das aulas, uma das principais preocupações da direção e dos professores refere-se à conclusão da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Esses estudantes têm uma particularidade, que é a cobrança das empresas pelo certificado de conclusão dos estudos”, lembrou o diretor, Salvador Ribeiro Jazzine.
COMUNIDADE ATENTA – Em Cascavel, no Oeste, pais e responsáveis contrários acompanham as aulas nos períodos diurno e noturno para impedir que o Colégio Estadual Marilis Piroteli seja ocupado novamente e as atividades interrompidas. O escola ficou três dias ocupada e também retornou à normalidade nesta segunda-feira.
“Não somos contra manifestações, somos contra a imposição. Os alunos têm todo o direito de se manifestar, mas sem prejudicar a maioria dos colegas”, disse a diretora da escola, Luciana Paulista da Silva. Segundo ela, 95% dos alunos eram contra a ocupação da escola.
Estudantes, pais, professores e representantes da comunidade do Centro Estadual de Educação Profissional Pedro Boaretto Neto, também em Cascavel, criaram o grupo “Desocupa Cascavel” para dialogar com os manifestantes. São cerca de 200 pessoas envolvidas. O estudante do curso de Eletromecânica Uziel Fuhr, um dos líderes do movimento, explica que alguns colegas estão cogitando abandonar o curso por não terem condições de pagar o transporte para repor as aulas. “Tem aluno que trabalha o dia todo, percorre 100 quilômetros e chega em casa à 1 hora da manhã e precisa passar por isso. Acho que é uma maneira errada de protestar”, disse Uziel.
Segundo ele, falta nos manifestantes a vontade de dialogar. “O pessoal se tranca na escola e não deixa ninguém entrar para saber contra o que eles estão se manifestando. São 15 alunos ocupando uma escola que apenas no período da noite recebe mais de mil alunos”, disse.
O Núcleo Regional de Educação de Cascavel também vai promover debates com os grêmios estudantis e com a comunidade para esclarecer as mudanças propostas pela MP. “Agora temos que nos concentrar em voltar à normalidade para debatermos juntos a Medida Provisória, sem prejudicar nenhum aluno”, disse a chefe do núcleo, Inez Dalavechia.
Em Curitiba, também houve manifestação contra as ocupações. Cerca de 100 alunos, pais e professores contrários às ocupações protestaram na Praça Santos Andrade, neste domingo (23).
RESPONSABILIDADE DOS PAIS - O Governo do Estado, que vem defendendo o diálogo para desocupar os colégios, solicita o envolvimento dos pais e responsáveis para garantir a segurança das crianças e adolescentes que permanecem nas escolas ocupadas. Em reunião realizada neste domingo (23), no Palácio Iguaçu, em Curitiba, secretários de Estado receberam pais e estudantes que querem ter aulas e pediram o apoio da comunidade para que as desocupações continuem de maneira pacífica.
“Acreditamos que com diálogo e com a participação dos pais e responsáveis será possível encaminhar essa questão, disse a secretária de Estado da Educação, professora Ana Seres.
O secretário de Estado da Segurança Pública, Wagner Mesquita, esclarece que não basta uma autorização por escrito dos pais aos estudantes para que eles permaneçam as escolas, pois alguns ambientes podem apresentar risco a crianças e adolescentes. Ele alerta que os pais podem responder por abandono de incapaz.
"O ambiente pode oferecer risco e essa é nossa preocupação", disse Mesquita. "A comunidade precisa registrar suas reclamações para que o Estado possa agir, abrindo inquéritos a partir dos boletins de ocorrência e processos administrativos, quando for o caso", explicou.
DENÚNCIAS – Denúncias de situações ilegais nas escolas podem ser feitas pelo telefone 181 ou pelo site www.181.pr.gov.br. Desde a última quarta-feira (19), a Segurança Pública já recebeu mais de 50 denúncias de situações inadequadas e possíveis crimes cometidos dentro das escolas ocupadas, desde maus-tratos a animais, consumo de substâncias ilícitas e outras questões envolvendo crianças e adolescentes.