Crédito ajuda agricultores
a retomar produção
após enchente de 2011

Com as plantações totalmente destruídas na época, produtores se recuperaram usando linha de crédito da Fomento Paraná, com juros baixos, prazos adequados e facilidades na apresentação da documentação para contratação
Publicação
07/09/2016 - 09:00
Editoria

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Colocar crédito à disposição dos empreendedores para apoiar a retomada mais rápida das atividades econômicas em áreas afetadas por eventos climáticos como enchentes, vendavais e queda de granizo. Com essa finalidade, a Fomento Paraná - instituição financeira de desenvolvimento do Governo do Estado - criou uma linha de crédito especial para essas ocasiões, com juros baixos, prazos adequados e facilidades na apresentação da documentação para contratar os recursos.
Morretes, no Litoral do Estado - onde uma enchente ocorrida em março de 2011 causou grande destruição em áreas urbanas e rurais do município - tem bons exemplos da eficácia dessa ação.
A instituição contou com apoio de técnicos da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná) para identificar e ajudar os agricultores mais afetados a preparar os projetos técnicos de financiamento. A engenheira agrônoma Ruth Pires conta que a parceria entre a Fomento Paraná e a Emater foi muito importante porque muitos agricultores tiveram 100% das propriedades destruídas. “Muitos demoraram meses para conseguir resgatar as plantações e voltar a ter renda para sustentar a família. Foi um recurso muito bem investido”, afirma ela.
Cinco anos depois, as plantações estão plenamente recuperadas e foram inclusive ampliadas. Um dos agricultores que receberam crédito da linha Fomento Recupera é Wilson Simão, que produz hortaliças e frutas em uma área próxima à cidade de Morretes. Na época, o rio vizinho à propriedade subiu mais de cinco metros e inundou toda a lavoura da família.
Simão ficou mais de seis meses sem produção para vender. “Mesmo sem nenhuma colheita, as contas continuavam chegando. O crédito foi muito bom, veio em boa hora”, conta ele. Simão usou o dinheiro para comprar novas mudas, montar uma nova estrutura para a plantação e adquiriu fertilizantes para o solo. “Foi de grande ajuda, pois o prazo de carência permitiu que a gente conseguisse se reerguer”, lembra.
Com a plantação restabelecida, o agricultor intercala as culturas para melhor aproveitar o espaço. “Consegui recuperar tudo e pagar o financiamento sem problemas. Este mês paguei a última parcela”, diz.
AGRICULTURA FAMILIAR - A família Bontorin, que possui três pequenas propriedades na região e desde sempre trabalha na agricultura, também foi muito afetada. “A terra desceu morro abaixo e encheu o rio, que ficou sem vazão, inundando toda a propriedade”, lembra Altamir Bontorin, que planta diversos tipos de olerícolas num pequeno sítio próximo à rodovia BR-277.
O crédito da Fomento Paraná ajudou a refazer a drenagem do solo e a reduzir o assoreamento do rio que passa na propriedade. “Sem o crédito, não conseguiria voltar a plantar”, explica ele, que nunca tinha visto tanta destruição na lavoura. Depois dos estragos da enchente, o agricultor montou até uma estufa, para novos alimentos. Passou a plantar outra variedade de tomate, do tipo grape, que proporcionam maior retorno financeiro.
Os dois agricultores intercalam as culturas de hortaliças (olericultura). Os produtos são vendidos na Central de Abastecimento da Ceasa, em Curitiba, para suprir a demanda da Região Metropolitana da Capital.
AMPLIAÇÃO - Ezequiel Petenusso, também produtor de legumes e hortaliças, conta que na época da enchente até as ligações com outras localidades ficaram interditadas. “As pontes caíram, não tinha nem como sair. Eu vendo os produtos na feira em Paranaguá, mas ficamos meses sem poder ir e sem recurso nenhum”, relata.
O fôlego financeiro veio com o crédito oferecido pela Fomento Paraná. “Comprei novos insumos e até comecei a plantar novas culturas. Agora, com tudo recuperado, pretendo plantar em uma área mais ampla”, planeja Petenusso.
AJUDA - A linha especial de microcrédito Fomento Recupera existe desde 2011 e é oferecida quando o município decreta situação de emergência ou estado de calamidade pública devido a eventos climáticos. Nesse período foram assinados 446 contratos que representam pouco mais de R$ 9 milhões investidos nas regiões afetadas. Somente na região litorânea prejudicada pelas enchentes de março de 2011 foram contratados R$ 3,7 milhões para atender pequenos agricultores e empresas de micro e pequeno porte.

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