Palestra e atividades com transmissão para todo o Paraná marcaram Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, nesta sexta-feira (15). A Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social reuniu no Palácio das Araucárias, em Curitiba, pessoas idosas e representantes de entidades sociais e governamentais que trabalham com esse público.
A secretária da Família, Fernanda Richa, afirmou que a garantia de direitos passa pela troca de informações e sugestões entre todas as secretarias que atendem esse público. “Estamos sempre discutindo e conversando sobre o assunto. O Ministério Público está sempre atuando conosco, assim como a Polícia Militar, o Conselho Estadual da Pessoa Idosa e órgãos do Estado para que possamos mostrar caminhos para manter a garantia de direitos da pessoa idosa, e de outros públicos”, afirmou.
A promotora de justiça do MP Rosana Beraldi Bevervanço disse que embora ainda se enfrente violência contra a pessoa idosa, principalmente no meio familiar, há mecanismos de proteção e conscientização da sociedade. “Equipes da secretaria e do MP somam esforços para conferir dignidade também em outros setores da vida do idoso, na vida em sociedade, no trabalho e na educação, ou seja, na integração plena da pessoa idosa na família e na comunidade”, disse Rosana.
INFORMAÇÃO – A cartilha Conhecendo os Direitos da Pessoa Idosa, lançada no fim do ano passado pela Secretaria da Família, ganhou versão em desenho animado que será exibido nas escolas do Paraná, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação. “A educação tem um papel de fazer os jovens entenderem a importância da pessoa idosa na vida deles e na própria sociedade”, disse a secretária da Educação, Lucia Cortez.
Maria Célia de Abreu, doutora em psicologia, e escritora do livro “Velhice: Uma Nova Paisagem”, conversou com os participantes do evento. Ela destacou que o preconceito e as falsas crenças sobre a pessoa idosa decorrem do desconhecimento, como associação da velhice com doença e com deterioração. “O Brasil está envelhecendo e nós não sabemos como é esse ‘novo velho’”, explicou.
Para a psicóloga, o melhor caminho para valorizar esse público é dialogar sobre o assunto, com ações públicas sobre o tema. “A cartilha Conhecendo os Direitos da Pessoa Idosa me encantou. Não conheço outra ação pública voltada a vários segmentos, como criança ou adolescente, e que forma uma opinião sobre a pessoa idosa”, destacou.
DÚVIDAS – A cartilha aborda os direitos da pessoa idosa em situações aparentemente óbvias, conforme as demandas levantadas pelo Disque Idoso 0800-410001, canal de comunicação exclusivo que informa, orienta e recebe denúncias e reclamações. “Às vezes, o questionamento é básico, como: minha mãe pode namorar sem minha autorização?”, exemplificou a coordenadora da Política da Pessoa Idosa da Secretaria da Família, Fabiana Longhi.
“Respondemos com frequência perguntas sobre bens patrimoniais, principalmente de filhos que querem se apropriar de residência ou parte de terreno. Não existe herança de pessoa viva. Ele só pode dispor do imóvel depois da morte da pessoa idosa”, completou Fabiana.
VALORIZAÇÃO – Em Campo Magro, a valorização da pessoa idosa é fomentada pela rede socioassistencial. No serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), cerca de 150 pessoas idosas, homens e mulheres, vão duas vezes por semana ao local, durante à tarde.
Na atividade, eles encontram alegria, diversão e compreensão. Além de atividades físicas, também participam de passeios, palestras de orientação e assistem a filmes educativos. De acordo com a coordenadora do grupo, Elisabete Pianaro Chiarelo, o trabalho integrado com a rede de educação trouxe estudantes para dialogar com as pessoas idosas.
As crianças dos colégios fizeram uma redação com o tema Como tratar o idoso. As redações foram apresentadas ao grupo e aquele momento foi muito especial, pois as pessoas idosas se sentiram valorizadas”, lembra a coordenadora.
A cozinheira aposentada Maria Margarida de Lima, de 66 anos, participa há nove anos do grupo. Para ela, foi essa participação que trouxe melhoria na qualidade de vida. Após se aposentar, ela conta que só ficava em casa, “comendo, bebendo, dormindo e engordando”, além de precisar de fisioterapia constantemente.
“Quando fui para o grupo, conheci novas pessoas, fiz amizades, o que melhorou até mesmo a minha saúde. Lá, hoje faço ginástica, converso. É outra vida”, conta a aposentada.
