O vídeo de prevenção a violências contra mulheres, direcionado a adolescentes, já atingiu 1,8 milhão de visualizações, 7 mil reações e mais de 1 mil compartilhamentos. A campanha Você Pode Mais – Falando com o Jovem, idealizado pela Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social, começou a ser veiculada na internet há apenas uma semana e segue até fim de fevereiro.
A divulgação exclusiva em redes sociais tem permitido interação expressiva e forte engajamento contra abusos e violências. As centenas de comentários mostram que o público que reage ao filme na maioria das vezes é feminino. As reações são as mais diversas e vão desde a empatia com a história apresentada e apoio à campanha até a surpresa por ter vivenciado abuso sem se dar conta.
Para o superintendente de Garantias de Direitos da Secretaria da Família, Leandro Meller, o objetivo é que o maior número possível de garotas assista ao vídeo e passem a estar atentas a possíveis abusos. A produção foi direcionada a meninas e jovens de 14 a 21 anos.
“Escolhemos esta faixa etária para esta fase da campanha, por ser a adolescência um período de curiosidade e de certa inocência, que pode levar garotas e mesmo garotos a terem experiências desagradáveis, como a mostrada no vídeo”, comentou Leandro.
CAMPANHA – Esta é a segunda fase da campanha “Você Pode Mais” sobre violência contra a mulher. Na primeira etapa, lançada em novembro do ano passado, o alerta era sobre as violências “invisíveis” contra a mulher que muitas vezes são socialmente aceitas. Foram lançados dois vídeos que esclareciam ser pequenos abusos e invasões de privacidade também atos de violência e sinais de alerta para ações mais prejudiciais.
A atual abordagem é uma ação educativa que mostra, em linguagem direta, o universo e situações comuns do público-alvo da campanha. Para estreitar a ligação com adolescentes e jovens, quatro youtubers foram convidadas a participar de uma experiência angustiante no formato “escape game”.
VULNERABILIDADE– A missão proposta, e que pode ser acompanhada no vídeo, era ajudar uma amiga a escapar da violência, em apenas 60 minutos. No roteiro, foram incluídas situações como envio de fotos privadas por aplicativo de mensagem, sexo forçado, gravidez e casamento precoce.
“A mulher deve aprender desde cedo que ela tem lugar na sociedade e que este lugar é equitativo ao do homem. Ela não deve aceitar abuso ou situações de violência em nenhuma idade”, explicou Ana Cláudia Machado, coordenadora da Política da Mulher, na Secretaria da Família. “Essa campanha é direcionada a uma das fases mais vulneráveis do desenvolvimento da mulher”, disse.
INTERAÇÃO – Para estimular a sororidade, a solidariedade entre mulheres, cada youtuber preparou para seu canal um depoimento sobre a experiência e como foi vivenciar a consequência das violências. “Não dá para viver coagida com a situação. A gente tem voz”, declarou Priscila Simões, em seu depoimento.
Júlia Forti, em seu depoimento, ressaltou as consequências e tipos de violência, além da necessidade de denunciar atos de agressão, psicológicos ou físicos. Franciny Ehlke chamou suas seguidoras a se unirem, não deixando as agressões no silêncio. Júlia Alcântara incentivou as seguidoras a divulgar as informações.
“Cada uma, a seu jeito, disse ter ficado surpresa com as situações que são classificadas como violência, mas não envolvem agressão física. Todas perceberam a intenção da campanha, que é reconhecer o abuso e não se calar diante da violência contra a mulher e sempre buscar ajuda”, avaliou Ana Cláudia.
NÚMEROS - As mulheres e meninas representam 65,85% do total de vítimas de violência sexual, física e outros tipos. No Brasil, a cada 100 mulheres de 15 a 19 anos, seis já sofrem violência sexual. No Paraná, a taxa de fecundidade nesta faixa etária é de 52,6 filhos por 1.000 mulheres, menor que o índice brasileiro, mas superior aos 25 registrados na Europa e América do Norte. Menos de 1% dos homens que se casaram em 2016, no Paraná, tinham entre 15 e 19 anos, para as meninas esse percentual superou os 12%.