A Câmara dos Deputados vai fazer nesta quarta-feira (23) uma sessão especial em homenagem aos 45 anos de fundação do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná). Proposta pelos deputados federais paranaenses Luiz Carlos Hauly, Alex Canziani e Reinhold Stephanes, o tributo é um reconhecimento à “inestimável contribuição do Instituto à agricultura e pecuária do Paraná, que são a mola propulsora do desenvolvimento do nosso país”, segundo os autores. O evento será às 9h, no auditório Ulysses Guimarães, com transmissão ao vivo pela TV Câmara na internet, no endereço www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/plenario.
O diretor-presidente Florindo Dalberto destaca que os conhecimentos e tecnologias gerados no centro de pesquisa paranaense ajudaram a transformar a realidade da agropecuária do Estado. “É uma história de compromisso com a agropecuária e com os produtores do Paraná, e só podemos agradecer aos deputados de Londrina a homenagem e a oportunidade de apresentar essas conquistas às lideranças que frequentam o Congresso Nacional”, afirma.
PIONEIRISMO – Dalberto lembra que a criação do Iapar, em 1972, resultou da mobilização e esforço de produtores, técnicos e lideranças políticas e empresariais ligadas à agricultura, como a Sociedade Rural do Paraná, Folha de Londrina, Associação dos Engenheiros-Agrônomos, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR) e nomes como Celso Garcia Cid, João Milanez, Horácio Coimbra, Francisco Sciarra, entre outros.
Funcionário do Instituto Brasileiro do Café (IBC) na época, Dalberto participou ativamente dessa mobilização. “Já fermentava no ambiente produtivo a percepção que o ciclo da monocultura cafeeira estava se esgotando, e que era necessário modernizar e diversificar a agropecuária paranaense”, ele lembra.
O projeto de instalação de um centro de pesquisa agropecuária paranaense foi viabilizado com recursos do Estado, da Organização Internacional do Café (OIC) e do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Para Dalberto, a atuação do Instituto foi marcada pelo pioneirismo em várias frentes. E cita como exemplo o desenvolvimento de cultivares de maçã para regiões de inverno ameno, caso do Norte do Paraná. Esses materiais (Iapar Eva e Iapar Julieta) são hoje cultivados em todos os Estados do Sul do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até na Bahia.
Outro exemplo lembrado pelo diretor-presidente é o feijão-carioca IPR Celeiro, a primeira cultivar comercial, não transgênica, comprovadamente tolerante ao mosaico dourado, uma das principais doenças da cultura, que causa prejuízos significativos em lavouras de todo o Brasil.
O pioneirismo se estendeu ainda aos citros, por meio de estudos que possibilitaram o plantio dessas frutas e a inserção do Paraná no mapa da produção nacional e internacional de frutas cítricas.
Na pecuária de corte, o Iapar criou a primeira raça paranaense – e também a primeira no Brasil originada em um centro estadual de pesquisa – o bovino purunã. Os cruzamentos foram iniciados em 1985, visando um animal capaz de produzir carcaças de elevado padrão, com baixo custo e que ficassem prontos para abate em pouco tempo. Para alcançar esses objetivos, os pesquisadores partiram de cruzamentos controlados envolvendo animais puros das raças aberdeen angus, canchim, caracu e charolês.
O Iapar foi ainda um dos precursores nas pesquisas com plantio direto no Brasil. A instituição mal iniciara suas operações, no início da década de 1970, quando os pesquisadores enfrentaram o problema da erosão, que devastava propriedades agrícolas, rios e córregos do Paraná. Com abordagem em microbacias, desenvolveram e adaptaram métodos de terraceamento e cultivo mínimo que possibilitaram recuperar milhares de hectares de solo cultivado e inspiraram projetos similares em outras regiões brasileiras e também na América Latina e na África.
Na produção cafeeira, Dalberto registra o esforço para a recuperação da cultura no Estado após a famosa geada de 1975, com o desenvolvimento do modelo de plantio adensado e foco na qualidade da bebida.
A equipe do programa café também trabalhou, em parceria com entidades nacionais e internacionais, no sequenciamento do genoma da planta e, atualmente, estuda o mecanismo de formação dos frutos, em busca de grãos que deem bebida com características diferenciadas de aroma, corpo, sabor e acidez.
MESTRADO – Em 2013, o Instituto implantou seu curso de mestrado. A grade curricular privilegia a produção ambientalmente sustentável e, de fato, formalizou um trabalho já amadurecido – em sua história, a instituição sempre acolheu estudantes de iniciação científica e alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado interessados em desenvolver projetos em parceria.
FUTURO – A inovação permanente, em colaboração com parceiros do setor público e da iniciativa privada, é o desafio que se apresenta ao Iapar, aponta Dalberto. Segundo ele, o setor agropecuário vai ser cada vez mais demandado a produzir utilizando processos que poupem os recursos naturais e racionalizem o uso de insumos.
SERVIÇO - 45 anos do Iapar.
Local: Câmara dos Deputados, Auditório Ulysses Guimarães – Brasília-DF.
Data: 23 (quarta-feira).
Horário: 9 horas.