O Balé Teatro Guaíra, um dos principais patrimônios culturais do Paraná e uma das mais importantes companhias oficiais de dança do país, volta aos palcos com nova formação. Com o esforço do Governo do Estado foi possível dar continuidade ao trabalho do corpo artístico dentro dos princípios legais. Os 23 bailarinos recém-contratados pelo Palco Paraná estão em plena atividade. A nova formação do BTG ensaia o espetáculo Carmen, dos compositores Georges Bizet e Rodian Shchdrin, com coreografia de Luiz Fernando Bongiovanni.
“O sentimento neste momento é de alegria. Nós estamos respirando novamente. O espetáculo está lindíssimo, uma grande oportunidade para o público conhecer essa nova companhia. Foram dias de trabalho intenso e de conhecimento mútuo, estamos caminhando muito bem”, diz a diretora artística do BTG, Cintia Napoli.
Natural de Jaraguá do Sul (SC), um dos novos integrantes da companhia, João Vitor Rosa, de 21 anos, sempre almejou fazer parte do BTG. Começou a estudar dança aos 14 anos na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville. Passou também pelo Balé Jovem de Minas Gerais e por um projeto de dança em São Paulo.
“A companhia do Guaíra é uma referência muito grande para mim e também dentro do Brasil. Estou feliz por fazer parte desse corpo artístico que eu sempre respeitei muito e no qual desejei atuar profissionalmente. Sinto que a companhia tem um belo caminho pela frente, seguimos num ritmo intenso de ensaios para a estreia”, diz o bailarino.
João Vitor Rosa acrescentou que se sente honrado de participar deste momento do Guaíra. “A forma que a gente foi contratado aqui me dá uma segurança para continuar contribuindo artisticamente não só com a minha vida, mas para toda a população”, destaca.
PROGRAMAÇÃO - Carmem será apresentado pelo BTG em Cascavel em 16 de setembro e, em Curitiba, nos dias 29 e 30 deste mês e 1 de outubro. Na Capital as apresentações serão acompanhadas da Orquestra Sinfônica do Paraná, sob regência do maestro titular da OSP, Stefan Geiger. O corpo artístico também se apresentará em Fortaleza (Ceará), na Bienal Internacional de Dança, e seguirá para Recife (Pernambuco), com o mesmo espetáculo, no Festival Cenas CumpliCidades – Festival Internacional de Artes.
Para novembro, o BTG foi convidado para turnê na Alemanha e na Rússia com o projeto ‘Balé Guaíra Dança Scafati, Wachter, Winkler’, da Associação de Bailarinos e Apoiadores do Balé Teatro Guaíra (Ababtg), que no ano passado trouxe ao Brasil três coreógrafos alemães do Internationales Solo-Tanz-Theater: Roberto Scafati, Katja Wachter e Christoph Winkler, que fizeram um trabalho de pesquisa e composição coreográfica com os bailarinos.
O Balé Teatro Guaíra foi criado em 1969. Com uma trajetória de projeção nacional e internacional, realizou mais de 140 coreografias. Atualmente a Cia apresenta um repertório com foco na diversidade da dança contemporânea, com propostas ousadas e autênticas, sem perder de vista a sua história.
VALORIZAÇÃO DA CULTURA – Segundo o secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani, o Governo do Paraná uniu esforços para manter, em um momento de crise nacional no qual grandes corpos artísticos públicos estão fechando ou sofrendo falta de pessoal e de recursos, dois dos mais importantes patrimônios artísticos culturais do Estado. Por meio de contrato de gestão assinado com o Governo do Estado, o Palco paraná colabora com o Centro Cultural Teatro Guaíra dando continuidade às programações artísticas do Balé Teatro Guaíra e da Orquestra Sinfônica do Paraná.
De acordo com o Fiani, o Paraná tem confirmado seu compromisso com a função social da arte e da cultura, esforçando-se para manter em funcionamento de seus corpos artísticos dentro dos princípios legais. “Foi grande o empenho empreendido para a regularização dos bailarinos e músicos da orquestra. A união de esforços em prol da cultura foi maior e, em breve, veremos novamente o Balé Teatro Guaíra e a Orquestra Sinfônica do Paraná de volta aos palcos com formação completa”, disse Fiani.
“Não foi um processo fácil, mas foi vitorioso. O resultado é que hoje temos contratos legais com os bailarinos. Assim, a gente não passa o tempo inteiro pensando que o corpo artístico vai acabar. Estamos felizes porque vamos encerrar o ano com o balé e a orquestra completos, e isso graças ao Governo do Estado que teve um olhar especial para o teatro”, diz a diretora-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra (CCTG), Monica Richbieter.
PROCESSO SELETIVO – Para o Balé Teatro Guaíra inscreveram-se 212 bailarinos – 123 mulheres e 89 homens. Foram selecionadas 23 pessoas para os cargos de preenchimento imediato e mais dez para compor cadastro de reserva. As provas práticas, por meio de audições, aconteceram em junho, em Curitiba.
O Processo Seletivo para a contratação de 31 músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná para o preenchimento imediato das vagas, e mais 93 vagas para compor cadastro de reserva, começaram em de setembro e seguem até 29. Foram 562 inscrições, 361 delas homologadas para concorrer a vaga em 16 instrumentos. Os candidatos passam por provas práticas, por meio de audições, na Capital.
HISTÓRICO – Em 1991 houve um concurso público para o preenchimento de vagas no Teatro Guaíra. A defasagem no número de servidores em virtude de aposentadorias obrigou o CCTG a contratar os músicos via cachê artístico até que, em 2002, esta prática foi proibida pelo Tribunal de Contas do Paraná.
A fim de resolver a situação, em 2003 foram criados 81 cargos comissionados de natureza artística pela Lei 14.054/2003. Em 2012, o Ministério Público do Paraná questionou a constitucionalidade desta lei que foi declarada inconstitucional pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça, em 05 de dezembro de 2016, determinando a extinção dos cargos em comissão em 04 de março de 2017.
A medida comprometeu a manutenção dos corpos artísticos. O Palco Paraná foi criado com o objetivo de resolver a situação por meio de um Processo Seletivo Simplificado. De acordo com a diretora-presidente do Palco Paraná, Nicole Barão Raffs de Medeiros, todos os profissionais são contratados em Regime Celetista para garantir a continuidade do trabalho dos grupos do Teatro Guaíra.
“O mais importante é manter o cumprimento das atividades dirigidas à produção de espetáculos e concertos dentro da legalidade, o que já é uma realidade no Estado do Paraná”, afirma.