BRDE propõe mudanças
para crédito assistido
a produtores do noroeste

Protocolo de intenções com Cocamar, Unicampo e Sicredi prevê integração entre lavoura, pecuária e floresta
Publicação
04/05/2012 - 14:50
Editoria

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O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) firmou quinta-feira (3), em Maringá, um protocolo de intenções com cooperativas para aumentar e diversificar a produção agrícola do noroeste do Estado, com crédito assistido. O convênio, quando for consolidado, determinará que cada instituição exerça seu papel para dar condições financeiras e técnicas ao produtor, em todas as fases do projeto de integração entre a lavoura, a pecuária e a floresta.
A formação de solo que predomina no noroeste é o Arenito Caiuá, que é pobre em nutrientes e favorece o plantio de pasto para gado de corte. A aplicação de novas técnicas fará com que os produtores passem a atuar dentro de um método de integração entre a criação de bovinos e o plantio de grãos e árvores.
Assinaram o protocolo a Cocamar Cooperativa Agroindustrial, a Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Agronomia Ltda (Unicampo) e a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão União Paraná (Sicredi União PR). O trabalho conjunto que será feito pelo BRDE, que terá a função de analisar projetos e conceder o crédito, pela Cocamar, que irá indicar produtores rurais entre seus cooperados para participar da iniciativa, pela Unicampo, que dará suporte técnico ao homem do campo e fiscalizará a aplicação correta da verba no projeto aprovado, e Sicredi, que irá repassar o financiamento, permitirá que a realidade da região seja modificada durante os próximos anos.
Os agricultores e pecuaristas interessados em participar da parceria serão financiados pelo Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que oferece juros fixos de 5,5% ao ano e tem prazo de pagamento que pode chegar a até 15 anos. O Programa ABC atende projetos que incentivam a redução da emissão de gases de efeito estufa na atividade agropecuária e dos índices de desmatamento e o aumento a produção de alimentos em bases sustentáveis.
MUDANÇA – Durante a reunião, o gerente de Produção Agrícola da Cocamar, Leandro Cezar Teixeira, explicou que a maior parte das pastagens da região noroeste é degradada e tem reduzido índice de ocupação de animais. Ao integrar a pecuária com o cultivo de soja no verão – só possível mediante o plantio de capim braquiária no outono, pois tal espécie de pasto protege o solo e alimenta o gado no inverno – o produtor amplia sua receita e torna a atividade sustentável.
Para o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, à medida que os produtores aderirem ao modelo de integração, a região terá maior geração de riquezas com utilização mais racional do solo. “O projeto significa uma mudança da filosofia do uso da terra, com a aplicação de novas técnicas que tornarão as propriedades rurais economicamente viáveis e sustentáveis”, disse Lourenço.
Na visão do presidente da Sicredi União, Wellington Ferreira, é preciso facilitar o acesso do produtor aos recursos oferecidos pela linha de financiamento. Porém, ele enfatiza que, por ser algo relativamente novo, nem todos os produtores têm conhecimento dos benefícios do Programa ABC, sendo necessário também capacitá-los para a integração.
“Temos que fazer com que sociedade, cooperativa e Estado trabalhem juntos para que nossa maior fonte de riqueza, o campo, continue a melhorar sua produtividade”, afirmou o diretor de Acompanhamento e Recuperação de Créditos do BRDE, Nivaldo Assis Pagliari.
PARADIGMA – De acordo com o diretor financeiro do BRDE, Jorge Gomes Rosa Filho, o Paraná está diante de um novo marco. “O modelo de integração lavoura, pecuária e floresta se configura numa quebra de paradigmas que vai modificar para melhor a produção agrícola do Paraná. Algo parecido ocorreu no noroeste na década de 70, quando, incentivados pelos governos federal e estadual, os produtores apostaram no plantio da cana-de-açúcar. Tudo teria sido perfeito se o pecado da falta de assistência técnica não tivesse sido cometido. Agora, com o apoio da Unicampo, não vamos errar e os homens do campo serão acompanhados de perto”, ressaltou Rosa Filho.
A gerente-adjunta de Operações do BRDE e responsável pela elaboração do protocolo assinado e pelo futuro convênio, Carmen Rodrigues Truite, apontou que está em andamento um projeto inovador, que não fornece apenas o dinheiro para que os produtores rurais invistam em novos empreendimentos, mas também dá todo o suporte técnico para que o trabalho não seja feito em vão. “Estamos próximos de atingir a essência da agricultura de baixo carbono com a criação de áreas agrícolas mais rentáveis e sem deixar de lado os cuidados com a natureza”, disse Carmem.
Os representantes de todas as instituições agendaram encontros para acompanhar o desenvolvimento do projeto de parceria. Nesta primeira fase, todos receberão treinamento para implantar o modelo de integração nas propriedades indicadas pela Cocamar.

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